‘É complicado falar da saúde; dou nota 2 para Ney, a rejeição do governo é grande’

Especial para o VERBO ONLINE

O empresário Léo Novais no ato de filiação ao PT, com direito a estrela do partido na lapela; 'fiz parte do outro governo [Ney] por um acaso', declara | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O empresário Léo Novais se filiou ao PT no mês passado após ser secretário por dois anos do prefeito Ney Santos (Republicanos), inimigo político dos petistas, mas não vê incoerência política. Admitiu ser candidato a deputado em 2022 e evitou citar o nome de Ney, mas não quis avaliar a saúde da atual gestão e hesitou em dar nota para o governo. Acabou dando “2” ao dizer que a “rejeição do governo é muito grande”. Leia na ENTREVISTA DA SEMANA.

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VERBO ONLINE – Por que você decidiu se filiar ao PT?
Léo Novais – Eu conheço a militância do PT desde 99 [1999]: Paulo Giannini [1954-2018], Paulino, Geraldo Cruz, Maria das Graças… Eu tenho relação com o povo do PT… – o Gabino [Silva], Angelo [Archibald] – …muito antiga. Eu cresci politicamente e empresarialmente ao lado do PT. Eu fiz parte do outro governo [de Ney Santos] por um acaso, a política é muito dinâmica. Mas a minha relação é muito forte com o PT, a minha ligação é muito forte com o PT. Por essa razão [a filiação]. Essa é uma das [razões].

VERBO ONLINE – Quando você procurou o PT para possivelmente se filiar?
Léo
– Já tem mais de três meses que a gente vem [vinha] fazendo essa conversa, com o presidente Gabino, o Angelo, o Everaldo [Batista], com a Rosângela. A Rosângela hoje é uma figura de destaque dentro do partido. Foi uma das primeiras pessoas que eu procurei, para abrirmos esse diálogo.

VERBO ONLINE – O que o PT tem de planos para você, o que você tem como projeto no partido em relação a 2022, por exemplo?
Léo – Eu sou um cara muito tranquilo quando se fala da questão política. Porém, o projeto que eu quero agregar junto ao partido – e espero que o partido me respalde -, eu pretendo sair candidato, hoje pré-candidato, a deputado estadual, se assim eu conseguir fazer essa costura interna.

VERBO ONLINE – Hoje você tem o apoio para sair candidato a deputado estadual?
Léo
– Como você sabe, dentro do PT é tudo muito democrático, tudo muito bem discutido. Eu vou buscar esse apoio. A princípio, foi um dos motivos que houve essa construção. Eu não bato no peito e digo que está garantido, mas vou buscar essa construção junto à executiva [municipal], à executiva estadual. Estou buscando essa construção.

VERBO ONLINE – Seria uma dobrada local do partido, você estadual, Rosângela Santos [candidata a deputada], federal?
Léo
– A princípio essa é a ideia. Obviamente, ela vai dobrar com mais federais…, mais estaduais do PT. Eu também vou dobrar com outros federais do PT.

VERBO ONLINE – Por que você não foi candidato do grupo político de Ney Santos em 2018?
Léo
– Eu tinha um problema jurídico, e não quis levar o time para o desgaste, preferi recuar. Conversei com todo o meu grupo político na época, recuamos. Demos aí três passos para trás para tentar agora dar cinco para frente. Eu não quis levar o time para o desgaste, não quis ir para o risco.

VERBO ONLINE – O impedimento jurídico era em relação a porte ilegal de armas?
Léo
– Digamos que sim. Na realidade, não era porte ilegal de armas. Eu tinha todos os documentos da arma como esportista de tiro. Houve várias interpretações, e minha advogada perdeu meus prazos – ela viajou para a Austrália. E meu processo foi transitado em julgado [condenado em definitivo]. Um processo bobo, extremamente insignificante. Mas foi transitado em julgado, e fiquei com os meus direitos políticos suspensos. Por essa razão, não consegui sair candidato na época em que articulamos a pré-candidatura para deputado federal.

VERBO ONLINE – Mas agora vai ser possível?
Léo
– Com certeza. Meus direitos políticos já estão restabelecidos. Está tudo ‘ok’, tudo 100%.

VERBO ONLINE – Você foi secretário por dois anos do governo Ney Santos. Não há incorência política ir para o PT?
Léo
– Não. Não vejo incoerência política, a política é a arte de somar. Desde que você tenha princípios, tenha caráter, onde quer que você esteja, construindo a própria história de maneira íntegra, sólida, acredito que você pode fazer parte de qualquer grupo político.

VERBO ONLINE – Simpatizantes do PT e que apoiaram Rosângela a prefeita no ano passado têm críticas ao PT pela sua filiação, inclusive falam que você enquanto presidente de uma cooperativa de transporte [Transartes] teria explorado os trabalhadores, e que sua filiação ao PT seria um tiro no pé.
Léo
– Olha, primeiro, vivemos em um país democrático, e no Partido dos Trabalhadores não seria diferente. […] Quanto à questão da cooperativa, eu fui uma das figuras que mais geraram emprego nos últimos 15 anos na cidade, que mais contribuíram com a cidade de maneira geral. Fazíamos um transporte melhor do que tem hoje, de forma barata e muito mais eficiente. Conseguimos contribuir de maneira plausível. Nada me preocupa relacionado à minha passagem pela cooperativa.

VERBO ONLINE – Você falava que o partido é democrático…
Léo
– Com certeza, o PT é um partido democrático, formado por vários grupos, várias ideias dentro do partido, é normal que há quem aceite [ter se filiado ao partido], há quem critique, há quem se sinta respaldado com a minha chegada, há quem se sinta insatisfeito. É normal. Toda unanimidade é burra, entendeu?

VERBO ONLINE – Para ter ido para o PT, você rompeu com o grupo político de Ney, discorda da gestão dele?
Léo
– Olha, eu rompi com o grupo político do atual governo desde que saí do governo. Não agora. Eu não faço parte do atual governo, não faço parte do grupo político do atual governo desde que me desliguei do governo. A proposta de governo [de Ney] se perdeu no meio do caminho, não é o que eu tenho de projeto como político, nem para a cidade de Embu nem para a região, divergem muito a minhas propostas com as propostas do governo.

VERBO ONLINE – Em que momento o governo se perdeu, com que ações?
Léo
– Olha, o que acontece… Eu não diria que o governo se perdeu. Por quê? Eu diria que diverge muito das minhas ideias enquanto liderança política. O governo faz a gestão da forma que acha que é está coerente, dentro daquilo que idealiza como gestão pública. [Mas] Para mim, diverge dentro do que eu imagino como gestor público, do que a cidade precisa, do que a região precisa. Existe essa divergência. Mas eu não diria que o governo se perdeu.

VERBO ONLINE – Mas, concretamente, que ações divergem do seu posicionamento?
Léo
– Várias delas. A ação econômica, por exemplo, para a cidade no todo. [Falta de] Incentivo para agregar mais empresas, para acolher o empresário. Várias delas divergem da minha opinião enquanto liderança política.

VERBO ONLINE – Como avalia a gestão da saúde do governo Ney?
Léo
– É complicado falar de saúde de qualquer cidade hoje, dentro da pandemia [do coronavírus] que vivemos. Eu evitaria falar de saúde de qualquer cidade, até em respeito com a vida do ser humano [das vítimas].

VERBO ONLINE – Que nota daria ao governo Ney, de zero a dez?
Léo
– Para eu dar nota para o governo hoje é muito complicado, como falei, divergem totalmente as minhas ideias com as ideias do governo enquanto gestão pública.

VERBO ONLINE – Não pode dar uma nota?
Léo
– Eu diria que… Eu daria nota 2 para o governo.

VERBO ONLINE – Comente a nota.
Léo
– Tem que partir do seguinte quesito para nota 2: a rejeição do atual governo é muito grande, a cidade está dividida. Se você somar os votos que Geraldo Cruz, Dra. Bete, Rosângela Santos e Sargento Ruas tiveram e a votação que o atual governo teve, a cidade está dividida.

OUÇA ENTREVISTA DO EMPRESÁRIO LÉO NOVAIS SOBRE FILIAÇÃO AO PT E A POLÍTICA EM EMBU DAS ARTES

RELEMBRE Secretário de Ney por 2 anos, Léo Novais se filia ao PT e ‘convulsiona’ base de apoio do partido

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