Taboão tem 9 óbitos de covid em 24h e avança para ter mês mais letal que março

Especial para o VERBO ONLINE

Um dia após 'correr' de reunião no Estado e não cobrar UTI, Aprígio olha armário, apesar da UPA em colapso; Taboão soma 540 óbitos | Divulgação/A. Lima/Verbo

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Em 24 horas, Taboão da Serra registrou mais nove mortes por covid-19 e passou a somar 540 vítimas, nesta quinta-feira (16). Com colapso na UPA, com superlotação e óbitos praticamente diários por falta de UTI, a cidade no governo Aprígio (Podemos) já conta 184 óbitos, mais de um terço do total (34%). Taboão caminha para ter um abril ainda mais letal que março, quando registrou 83 mortes, o mais alto número em um mês em toda a pandemia.

Taboão já registra 54 mortes por covid-19 desde 1º de abril. É o quinto mês com registro de mais vítimas – depois de junho (77), julho (62) e agosto de 2020 (58), além de março (83). Acontece que a cidade notificou 54 baixas até a metade do mês. Se a tendência se mantiver na segunda quinzena, abril será o mês mais doloroso para as famílias taboanenses com mais de cem óbitos, em evidência do total descontrole da pandemia na administração Aprígio.

O alto número de mortes em Taboão neste ano é atribuído em grande medida à falta de planejamento real e ação preventiva do governo Aprígio para enfrentar o previsto agravamento da covid-19, desde a não higienização de vias até atenuar a demanda por alta complexidade. De 5 de março até esta quinta-feira, 67 pessoas morreram na UPA Akira Tada sem leito de UTI – na pandemia inteira no ano passado (nove meses), foram 44 óbitos, 35% a menos.

É chocante que famílias imploraram por vaga de UTI em vão, com o desfecho da devastadora morte de parentes, quando o prefeito teve a oportunidade de cobrar do governo do Estado leito intensivo para Taboão – com o peso da pujança da principal cidade da região sudoeste da metrópole – e se recusou a participar de reunião com a gestão João Doria (PSDB) por “picuinha política”, pelo ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB) estar na sala.

As nove novas vítimas da covid-19 entre moradores de Taboão (sexo, idade, comorbidades, local de óbito) são:
– 532ª – mulher, 57 anos, doenças cardiovascular crônica, hepática e renal – Hospital Geral do Pirajuçara (óbito em 26/3);
– 533ª – mulher, 79 anos, diabetes e hipertensão – Hospital das Clínicas (óbito em 28/3);
– 534ª – homem, 83 anos, hipertensão – Santa Casa de São Paulo (óbito em 2/3);
– 535ª – mulher, 61 anos, doença cardiovascular crônica e diabetes – Hospital Geral de Itapecerica da Serra (óbito em 20/3);
– 536ª – homem, 42 anos, doença cardiovascular crônica e diabetes – Hospital Regional de Cotia (óbito em 20/3);
– 537ª – homem, 64 anos, sem comorbidades – Hospital das Clínicas (óbito em 29/3);
– 538ª – mulher, 58 anos, pneumopatia – Hospital das Clínicas (óbito em 1º/4);
– 539ª – homem, 58 anos, diabetes e hipertensão – Hospital das Clínicas (óbito em 25/3);
– 540ª – homem, 72 anos, cardiopatia e hipertensão – Instituto do Câncer (óbito em 3/4).

De 539 vítimas (a 340ª não teve perfil relatado), Taboão conta a morte por covid-19 de 304 homens e 235 mulheres – 60 a 69 anos (158), 70 a 79 (139), 80 ou mais (83), 50 a 59 (80), 40 a 49 (45), 30 a 39 (19), 20 a 29 (sete), 0 a 9 (seis) e 10 a 19 (duas). O município registra 183,89 óbitos pelo coronavírus por 100 mil habitantes, a mais alta taxa de mortalidade da região, entre oito cidades – Cotia tem a segunda maior, com 180,59. Os casos chegam a 13.393.

Taboão registra 27,57 casos por dia dos últimos sete dias, 39% a mais do que a média de 14 dias atrás, de 19,85. E 5,42 mortes por dia (38 no total), 100% a mais em relação à média há duas semanas, de 2,71 (19). Os casos estão em alta. Os óbitos dispararam, inclusive ultrapassaram cinco vítimas diárias. O VERBO fez uma média dos casos e óbitos em 2 de abril, quando o governo não divulgou boletim – aliás, na ocasião ficou cinco dias sem informar.

A UPA tem 30 pacientes internados, 21 em leitos de enfermaria e nove na emergência, um intubado. Cinco tiveram alta. Seis foram transferidos a hospitais com UTI, cinco via Cross (regulação de leitos) e um para centro particular, mas cinco ainda esperam vaga. O governo Aprígio diz que desde 5 de março 46 pacientes morreram na UPA à espera de UTI por ter inserido as vítimas na fila, mas outros 21 faleceram sem ter o leito intensivo – portanto, 67.


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