ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
As vacinas contra a covid-19 desviadas da UBS Santo Onofre, em Taboão da Serra, teriam sido furtadas para um propósito ainda mais grave que o próprio ato criminoso, a “multiplicação” de doses sem qualquer eficácia ou segurança para prevenir o coronavírus. O desvio de imunizante do posto de saúde na região do Pirajuçara foi revelado com exclusividade pelo VERBO nesta terça-feira (13). O governo Aprígio (Podemos) escondeu o caso.
Este portal informou que as vacinas furtadas teriam sido furtadas por funcionários ligados ao vereador Alex Bodinho (PL) e chegariam em torno de mil doses. Nesta quarta-feira, o Taboão em Foco noticiou que relatos de servidores indicam que teriam sido desviadas cerca de 300 doses, para “fabricar”. “Se investigarem mesmo, vai cair muita gente. Estão dizendo que misturaram as vacinas para chegar a 1.000 doses”, disse uma fonte ao site.
Segundo a denúncia, os furtadores fariam “render” a vacina ao ser misturada com outro líquido, soro ou até água, em comprometimento da qualidade do imunizante, com a adulteração. A diretora Fernanda Nascimento Cruz, acusada de participação no desvio, foi exonerada. No Facebook, ela usava o sobrenome “Lessa”, outro ponto suspeito – após o caso ser revelado, apagou o perfil. O responsável por indicar Fernanda ao cargo foi Bodinho.
Questionado ontem pela reportagem, Bodinho alegou desconhecer o desvio de vacinas na UBS. “Não é do meu conhecimento que funcionários da UBS Santo Onofre realizaram desvios de vacina contra a covid-19. Caso haja provas concretas e verídicas mediante ao seu questionamento, a prefeitura irá tomar as medidas cabíveis para punir tamanha irresponsabilidade”, disse. Indagado sobre Fernanda ter sido demitida do cargo, porém, ele calou.
A prefeitura afirmou ter aberto uma investigação interna para “apuração de eventuais irregularidades na aplicação da vacina contra a covid-19”. Nesta quarta-feira, este portal perguntou ao governo Aprígio quantos frascos ou doses foram furtados da UBS e por que não informou a população sobre o desvio de vacinas, até para orientar e tranquilizar os moradores sobre a vacina que está sendo aplicada no município. O governo preferiu o silêncio.
O governo Aprígio tratava o desvio de vacinas com alto sigilo para abafar o caso. O VERBO apurou que o secretário Mario de Freitas (Governo) tinha conhecimento e cuidou de relatar o fato apenas a aliados, inclusive vereadores, que também calaram. Ontem, a reportagem foi ao 2º Distrito Policial, delegacia da área. Curiosamente, a gestão não registrou boletim de ocorrência. O Ministério Público abriu inquérito civil e cobrou explicações do governo.