ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
O prefeito Francisco Nakano (PL) convocou uma entrevista – virtual – nesta segunda-feira (29) para falar sobre o agravamento da covid-19 em Itapecerica da Serra, mas após discursar deixou a coletiva sem falar com a imprensa e não respondeu nenhuma pergunta dos jornalistas, em situação inusitada. Ainda com 40 minutos de atraso, o “encontro” aconteceu via videoconferência e começou com a apresentação de dados sobre a pandemia na cidade.
A coordenadora técnica da Autarquia de Saúde, Wanessa Geroma, relatou que hoje o maior número de infectados pelo coronavírus em Itapecerica tem de 30 a 39 anos, por ser um público que trabalha e precisa se locomover, mas também que mantém a vida social ativa e sai para “baladas”, sem ter ainda se vacinado. Segundo ela, quanto aos óbitos, os idosos continuam a morrer mais, porém não mais na faixa etária de 80 anos, mas sim entre 60 e 69 anos.
Wanessa apontou “gráfico crescente na faixa etária de 0 a 10 anos” sobre mortes por covid-19 e observou que hoje Itapecerica tem “crianças sendo contaminadas e indo a óbito pela doença”, enquanto vê uma decrescente entre os paciente mais idosos, principalmente acima de 80 anos, como resultado já da vacinação. Apesar do relato, o levantamento da prefeitura, acompanhado pelo VERBO, não traz nenhuma morte de criança nem de adolescente.
A técnica também chamou a atenção para a circulação de variantes do vírus, sobretudo a “P2, do Rio de Janeiro, já encontrada na Baixada Santista”, e citou a saturação dos pronto-socorros Central e Jacira pelo quarto dia seguido. “Vai ser uma tragédia as pessoas que desceram ao litoral, há grande probabilidade de voltarem contaminadas com a nova cepa. Sem a ação da nova cepa, já estamos com 100% de lotação nos nossos equipamentos”, afirmou.
Ela disse ainda que a prefeitura identificou como bairros com mais infectados o Analândia, Crispim e Jacira, que terão lavagem de ruas e circulação de carro de som com mensagem de conscientização. Depois, a coordenadora administrativa da autarquia, Patrícia Nicastro, disse que insumos não eram comprados desde agosto do ano passado e que o governo herdou dívida de R$ 4,5 milhões com fornecedores, ao focar críticas à gestão passada.
O secretário da autarquia pediu que a população colabore ao evitar ir a festas ou áreas de lazer. “Se não houver ajuda dos munícipes, vamos entrar em colapso além do que já estamos. Estamos tomando medidas emergenciais, estudando formas de ampliar os leitos, porém, se não houver conscientização, ficará muito difícil, os recursos são findáveis”, disse Flávio Bergamaschi. As apresentações tiveram informações importantes, mas foram longas.
Ao falar, em tom de lamentação, Nakano disse que a gestão Jorge Costa (PTB) teve recursos que ajudaram bastante a “gerir a crise”, mas não recebeu “valor nenhum” nem do governo estadual nem do federal. Ele disse ser contra hospital de campanha. “Nenhum município está fazendo. Primeiro, por ser muito caro. Segundo, quem fez está com medo de fazer de novo, pelos preços exorbitantes, o Ministério Público está cobrando a fatura agora”, disse.
Nakano disse, porém, ter dado “um jeito” de criar novas vagas e que “esta semana já vamos ter aditivo de leitos de observação, de internação a pacientes com covid e não covid”, mas não disse quantos. “Estou aberto a discussões. Falaram: ‘O prefeito não mudou nada, não atende ninguém’. Muito pelo contrário, eu atendo muita gente. Não consigo atender todo mundo’. Mas estou todos os dias no gabinete, venho todos os dias à prefeitura”, desabafou.
No entanto, após 14 minutos de discurso, Nakano saiu sem falar com a imprensa. A coletiva foi atrapalhada. O VERBO apurou que a entrevista ia ocorrer nesta segunda, mas não foi comunicado, só foi avisado ao procurar saber. Este portal questionou o diretor de Comunicação sobre o espaço para perguntas. “Fica para a coletiva dos 100 dias de governo”, disse Fernando Manin. Mas ele falou antes que a imprensa ia interagir: “Pergunta via chat”.