ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A dona de casa Elizete Correia Ventura, 41, busca há mais de um ano controlar a pressão alta no posto de saúde da região onde mora, na UBS Suiná, mas enfrenta o “jogo de empurra” e não consegue marcar uma simples consulta com clínico para realizar tratamento adequado. No governo Aprígio (Podemos), desde janeiro, Elizete não pode fazer exames ao não ter agendamento com o médico e se sente “envergonhada” de morar em Taboão da Serra.
Com a pressão descontrolada, “que chegou a bater em 18”, Elizete começou a passar na UBS na região do Pirajuçara em junho de 2019 com um clínico que pediu exames que apontaram colesterol muito alto e gordura no fígado, realizados já em março de 2020. Ela teve prescritos remédios para os problemas com a recomendação de voltar três meses depois. Em meio à pandemia da covid-19, porém, ela não conseguiu mais passar com o médico.
Elizete foi à Secretaria de Saúde em novembro reclamar e foi orientada a voltar à UBS que seria antendida. Ela conseguiu “encaixe” com um clínico em dezembro, mas um dia antes da consulta recebeu ligação do posto. “Falaram que o médico tinha ido embora e que era para eu aguardar novo contato para agendar outra data”, conta. No início do ano, ela retornou. “Pensei: ‘Meu Deus, até agora não me ligaram’. Passei a vir no início de janeiro'”, diz.
Elizete procurou a UBS três vezes. Em todas, ouviu “não tem vaga”. “Foi quando eu me estressei, falei ‘vou denunciar, já fui na secretaria, mudou a direção do posto e ninguém faz nada pela minha situação'”, relata. Após protestar, uma enfermeira agendou um clínico no dia 13 de janeiro. Porém, um dia antes, o posto desmarcou ao avisar que o médico tinha se desligado, de novo. Escutou a mesma ladainha: “Não temos mais agenda nenhuma”.
Como Elizete tinha consulta com ginecologista no dia 22, a enfermeira disse que ia pedir que um clínico a atendesse. “Ela disse: ‘Você tem como vir às 7 da manhã?’ Eu falei: ‘Tenho’. Quando você está precisando, não olha horário nem dia, você vem’. Mas no dia, ela tinha ido para a Secretaria de Saúde, e falaram que não podiam fazer o ‘encaixe’. Eu fiquei irritada, falei ‘vocês estão me fazendo de besta, não é possível’. Comecei a me alterar”, lembra.
A diretora Patrícia Pontes “apareceu” para falar com a moradora, mas disse que “a única agenda que temos é para o final de fevereiro”. “Não aceito, vocês estão com jogo de empurra comigo, preciso falar com o médico, minha pressão está oscilando”, protestou Elizete. Só assim a gestora marcou “encaixe” para o dia 8. Um clínico a atendeu. Ela saiu com vários exames pedidos e encaminhamento para neurologista, por conta de fortes dores de cabeça.
“Ele disse que devia ser devido à pressão, mas precisava avaliar. Falou para fazer os exames e voltar, e qualquer coisa procurar o pronto-socorro, porque minha pressão estava muito alta. Quando fui marcar, falaram na sala de coleta que só agendava exame se tivesse consulta marcada e disseram para eu ir na recepção saber se tinha vaga. Fui, sabendo que não ia ter, já tinha sido uma luta conseguir ‘encaixe’. A mulher me falou: ‘Não temos vaga'”, conta.
“‘O que adiantou passar com o médico?”, falou Elizete, que ouviu que era para voltar no fim do mês. Ao perguntar pela diretora, escutou: “Deu uma saída”. No dia 22, Elizete foi à UBS e viu uma fila imensa. Foi avisada que a UBS tinha aberto agenda para cem vagas de clínico, mas como tinha ido no horário do ginecologista não tinha mais senhas. “Esse pessoal veio de manhã, só que não conseguimos marcar por falta de sistema”, disse uma atendente.
Elizete não foi atendida e está numa “lista de espera”. “E agora falaram que a UBS não marca mais, a secretaria que vai agendar, é para eu aguardar que vão entrar em contato. Até este momento ninguém fez nada! Eu me sinto uma idiota! Amanhã, a gente morre de infarto, vão falar ‘era tão jovem, não se cuidava?’ Aí puxa o histórico no posto, tinha pressão alta ‘descompassadérrima’, teve ‘quinhentas’ passagens no pronto-socorro. É um descaso”, desabafa.
Elizete falou com o VERBO em frente ao posto Suiná, no sábado (13). “Eu me sinto envergonhada e lesada de ser moradora de Taboão da Serra. Ainda mais agora que a UBS Clementino fechou, a maioria vai ser atendida aqui. Se não tem consulta para quem mora aqui, imagina para quem vem de lá, a superlotação que vai ter. O imposto já chegou na minha casa hoje, a gente paga IPTU para quê, para não ter direito à saúde? É vergonhoso!”, protesta.
OUTRO LADO
A reportagem encaminhou a denúncia de falta de atendimento de Elizete para a Secretaria de Comunicação e ainda ao secretário Arnoldo Landiva, mas o governo Aprígio preferiu o silêncio. Elizete procurou este portal após apresentar a reclamação a outro site da região. O veículo preferiu pedir ao governo que atendesse a moradora. “Ninguém entrou em contato comigo. Questionei a moça do site. Ela simplesmente não respondeu mais”, conta.
VEJA DENÚNCIA DE MORADORA DE TABOÃO DA SERRA QUE NÃO CONSEGUE MARCAR CLÍNICO NA UBS SUINÁ