ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Taboão da Serra registrou nesta quinta-feira (11) a morte de uma criança de apenas 1 ano por covid-19. A menina estava no Pronto-Socorro Infantil do Santo Onofre. Apesar de a notificação ter ocorrido só ontem, ela morreu na semana passada. Em entrevista na terça-feira (9), diante de emissoras de TV, o governo Aprígio (Podemos) chegou a praticamente descartar a morte pela doença, em mais um ato da gestão considerada desastrada na pandemia.
Ao reunir a imprensa apenas depois do colapso na saúde, após não divulgar boletim diário e esconder os casos fatais dos veículos regionais no fim de semana, o governo Aprígio se limitava a relatar a morte de 11 pacientes (adultos) entre sexta e segunda-feira na UPA Akira Tada sem citar o óbito da criança que poderia ter sido também por covid-19, quando foi questionado por um repórter sobre o caso. Só aí o governo tratou da vítima infantil.
Mesmo assim, a Secretaria Municipal de Saúde praticamente descartou que o “recém-nascido” tivesse morrido de covid-19 – na ocasião não informou que se tratava de uma menina. “Ele não está aqui ainda [no relatório de 11 mortos] porque é um óbito em investigação, só fechei os casos realmente que já têm declaração de óbito, [exame feito de] PCR, toda a documentação”, disse o coordenador de Vigilância Epidemiológica Municipal, Milton Parron.
Após novo questionamento do repórter diante da possibilidade de a causa da morte ter sido covid-19, a secretária-adjunta de Saúde, Thamires May, interveio e procurou sinalizar que a menina não tivesse morrido da doença. “Esses 11 números que apresentamos foram óbitos na UPA. A gente teve esse óbito no Pronto-Socorro Infantil e ainda está em investigação”, disse. Ela disse que seria o 12º óbito ocorrido “sim”, mas reforçou ser caso suspeito.
Apesar de confirmar que a criança não tinha qualquer comorbidade, a secretaria praticamente descartou a morte por covid-19, mesmo diante de nova indagação se não seria mais um óbito além dos 11 que o governo focava. “Seria o 12º, mas provavelmente não… ele provavelmente seja descartado. É muito mais fácil que seja uma influenza [vírus da gripe] ou alguma coisa que está circulando neste momento do que covid”, disse Parron.
Apesar de alegar não registrar a morte do “recém-nascido” por covid-19 por falta de confirmação por exame, a secretaria admitiu que parte das vítimas que morreram na UPA sem assistência de UTI também não tinha a morte pelo coronavírus comprovada. “Dos 11, eu já tenho sete fechados e possivelmente os outros quatro também, porque clinicamente tudo indica que seja, mas não temos ainda exames complementares”, reconheceu Parron.
Instantes antes, o governo já tinha tentado minimizar o colapso na saúde de Taboão ao mostrar a proporção de mortes em outras cidades – inclusive considerou que Itapecerica da Serra tinha 233 óbitos por covid-19, quando a prefeitura registrava na ocasião 203. “A impressão é que apenas aqui [Taboão] está morrendo gente”, disse Parron, sobre as 11 mortes, pelo menos – a suspeita é de que mais pacientes morreram de sexta a segunda-feira na UPA.
MAIS MORTES
A morte da criança não foi a única registrada nesta quinta. Taboão relatou mais três e soma 431 no total. As vítimas são: uma mulher de 71 anos e um homem de 75, ambos sem comorbidades e que estavam na UPA, e um homem de 54 com diabetes e doenças cardiovascular e renal que estava no Hospital Bosque da Saúde. Taboão tem taxa de mortalidade por covid-19 altíssima, de 146,77 mortos por 100 mil habitantes, maior que a do Estado (136,12).
VEJA VÍDEO EM QUE A GESTÃO APRÍGIO PRATICAMENTE DESCARTOU COVID, MAS BEBÊ MORREU DA DOENÇA
Vídeo – Taboão em Foco