Clementino reage contra Aprígio fechar UBS; governo falou que não era para o povo saber, diz Moreira

Especial para o VERBO ONLINE

Moradores e lideranças da comunidade protestam contra a desativação da UBS Clementino, depois de serem pegos de supresa pelo governo Aprígio | Divulgação

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Moradores e lideranças da comunidade se posicionam contra a decisão do prefeito Aprígio (Podemos) de transformar a UBS Clementino no que chama de “pronto-atendimento da covid-19”, a ser implantado nesta semana. A administração quer que os pacientes com sintomas da doença procurem o posto, que terão apenas seis leitos de “observação”. A população local fez um protesto na sexta-feira (5) contra o “fechamento” da UBS.

A comunidade quer a criação de novas vagas de internação para covid, mas não aceita a desativação de nenhum serviço. “Não se deve fechar um para abrir outro equipamento. Deixamos bem claro que somos favoráveis, sim, à abertura de leitos para a covid, mas não somos favoráveis ao fechamento de nenhuma UBS. Como foi escolhida a do Clementino, estamos totalmente contrários”, disse o ex-vereador professor Moreira ao VERBO.

Os moradores do bairro sugerem que o governo crie um ponto de triagem ou ainda amplie as vagas nas duas unidades que receberão mais leitos – 14 na UPA Akira Tada e dez no Pronto-Socorro Antena. “Fechar uma UBS que atende 20 mil pessoas para atender seis pacientes. Que aumente um pouco mais onde vão aumentar, e deixe o povo do Clementino em paz, sendo atendido da forma que está gostando de ser atendido”, afirmou Moreira.

A UBS também não seria adequada para ser um PA da covid. “O local é inapropriado, é dentro de bairro residencial, temos uma escola [infantil] do lado, uma estadual do outro lado, famílias que moram em frente. Não foi preparado para ser leitos de covid. O nosso bairro é composto, na maioria, por idosos. E ninguém sabe onde vai ser atendido. Quando fecharam o Ser [serviço de reabilitação], as pessoas ficaram sem atendimento”, apontou o ex-vereador.

“A UBS Clementino é um das bem avaliadas. Não se deve fechar um equipamento para abrir um serviço público. Ele [prefeito] tem que ampliar a rede, ampliar em outro local para ter atendimento de covid, de preferência em uma avenida, em um ponto estratégico aonde todo mundo vai, não dentro de um bairro. Qualquer lugar que adequarem vai estar preparado para ser pronto-atendimento de covid, não precisa ser na UBS”, acrescentou.

As lideranças acreditam que o público de abrangência ficará desassistido sem a UBS. “Onde vai ser atendido esse fluxo todo de pessoas? Já vimos esse ‘filme antes’, ficarão sem atendimento, e as pessoas não morrem só de covid, morrem de infarto, de diabetes. É preciso a UBS para o atendimento na ponta. Se a UBS for destinada para ser leito de covid vai estar preparada, mas fechar um atendimento para abrir outro vai criar outro problema”, disse Moreira.

Aprígio disse que os usuários da UBS Clementino serão remanejados para os postos de saúde do Suiná e do Oliveira/Marabá com transporte à disposição, mas a promessa não convence. “O [Hospital Geral do] Pirajuçara deixou de atender várias especialidades, a maior parte vai ser atendida pelo município. Como a prefeitura vai pegar mais uma demanda, de 20 mil pessoas, para fazer o atendimento em outras UBSs?”, questiona o ex-vereador.

“Quanto ao transporte, falar é fácil, o difícil é fazer, o dia inteiro tem agendamento, como vão levar e trazer as pessoas? Eles não conseguem levar quem faz hemodiálise, os pacientes ficam sofrendo até o final do dia [nos hospitais] para voltar, como vão fazer essa logística? É uma falácia, dificilmente vão conseguir executar”, declarou Moreira, que avaliou a manifestação como positiva. “Todo mundo que passava de carro, a pé sinalizava a favor.”

“Fizemos a mobilização porque fomos pegos de surpresa pelo prefeito Aprígio, que falou que seria no Ser ou na UBS Clementino um hospital de campanha. Fomos ao posto, alguns funcionários sabiam, outros não, os que sabiam não podiam falar, foi passado como ‘segredo de Estado’, para ninguém saber. A nova administração falou que faria tudo diferente e tomou medida igualzinha do governo passado, que tanto deplorávamos”, disse Moreira.

“Já que o prefeito não atende a população em seu gabinete, não restava outra alternativa senão protestar. O Clementino é um dos bairros mais antigos da cidade, lutamos quase 20 anos para vir esta UBS e, do nada, querem tirá-la do povo. Ela tem atendimento desde exame papanicolau até consultas de psicólogo, psiquiatra, que não têm inclusive em outras UBSs”, completou Moreira. Os moradores criaram um abaixo-assinado físico e na internet.

LINK PARA ASSINAR ABAIXO-ASSINADO CONTRA FECHAMENTO DA UBS CLEMENTINO PARA SER PA DE COVID

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