ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Nove pacientes que estavam internados com covid-19 na UPA Akira Tada morreram à espera de um leito de unidade de terapia intensiva. Com ocupação máxima, o sistema de saúde de Taboão da Serra está em colapso. É a primeira vez, desde o início da pandemia, que uma cidade da Grande São Paulo registra mortes de pacientes ao aguardar vagas de UTI. Porém, o governo Aprígio (Podemos) esconde as óbitos. Agora, Taboão registra 420 vítimas.
As vítimas começaram a morrer à espera de UTI na sexta (5), quando não resistiram ao coronavírus duas mulheres, de 76 e 73 anos, e dois homens, de 75 e 58 anos. No sábado (6), morreram duas mulheres, de 95 e 74 anos, e um homem de 46. Neste domingo (7), veio a óbito um homem de 52. Nesta segunda (8), morreu um homem de 72 anos. Apesar das mortes, o governo Aprígio divulgou boletim desta segunda sem citar ou esclarecer nenhum óbito.
O VERBO noticiou que dois pacientes à espera de UTI morreram de covid-19 no sábado, após apurar, já que o governo Aprígio não divulga boletim no fim de semana, apesar do agravamento da doença e colapso no sistema de saúde no município, em deliberada falta de transparência. No entanto, apenas após ser questionado, o secretário Mario de Freitas (Governo) confirmou as baixas. “Sim. Tivemos dois óbitos nesta manhã [de sábado]”, disse.
Questionado sobre o perfil dos óbitos e também novos casos de covid, Freitas alegou não saber e prometeu que ia informar este portal no domingo. “Agora não tenho essas informações. Amanhã passo para você”, disse. O repórter disse que ia escrever sobre as mortes ainda no sábado. Contrariado, ele disse: “Então aproveita para dizer que o governo do estado não libera vagas pelo sistema Cross há uma semana, estamos com 12 pacientes aguardando”.
Este portal questionou o motivo de o governo municipal não informar então sobre a demora do sistema que faz a gestão dos leitos de UTI e direciona os pacientes a partir dos pedidos das prefeituras. Aí ele disse: “Não posso afirmar uma semana, mas há dias”. A reportagem falou: “Bom, aí tem que passar a informação correta”. Freitas prometeu de novo. “Se quiser nota oficial, na segunda-feira envio para toda a imprensa. Com detalhes…”, disse.
Freitas não informou o perfil dos óbitos no domingo nem enviou nota “a toda a imprensa” – este portal não recebeu. Aliás, quatro das nove vítimas já tinham morrido na sexta, mas ele omitiu. Em coletiva de imprensa de Aprígio na quinta (4), o VERBO já chamou a atenção para a subnotificação de mortes por covid-19. O governo divulgou que em janeiro e fevereiro (até dia 26) tinham morrido 39 pacientes, quando na verdade faleceram 47.
O governo Aprígio tem como secretária-adjunta de Saúde Thamires de Souza May, figura “importada” que fez parte da caótica gestão Ney Santos (Republicanos), marcada por pelo menos dez mortes por negligência. Thamires, além de denunciada por desvio de recurso público em Embu das Artes, tem como “experiência” sonegar informações da pasta, “know how” que traz para Taboão – o secretário José Alberto Tarifa se recupera da covid e está afastado.
Taboão ainda tem 17 pacientes à espera de vaga na UTI, em outra falha de gestão. À TV Globo, o governo disse que começou a solicitar a transferência de doentes para outras cidades em 3 de março. Taboão entrou em colapso antes. “Temos paciente esperando transferência desde 28 de fevereiro”, disse a secretaria, apurou o VERBO. Ou seja, a gestão Aprígio demorou três dias para pedir vaga. Então, às pressas, resolveu criar 30 leitos, até em UBS.