Aprígio não recebe GCM assediada por secretário que nomeou e saúda mulheres

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio faz vídeo em homenagem pelo Dia Internacional da Mulher, mas pôs secretário que fez assédio moral a GCM mulher e não recebeu a vítima | Reprodução

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) divulgou nas redes sociais uma saudação às mulheres neste 8 de Março, mas colocou como secretário de Segurança um homem que cometeu assédio moral contra uma guarda civil municipal e não quis receber a vítima, após desmarcar várias vezes agenda com a GCM e outro agente hostilizado. Na sexta-feira (6), o governo disse ainda à Associação dos Guardas do Estado de São Paulo que não quer diálogo sobre o caso.

Em vídeo, Aprígio parabeniza “a mulher taboanense, batalhadora, competente”, e fala que “esta data seja de comemorações e muitas reflexões sobre seu importante papel na sociedade”. “Hoje é dia de reafirmar o meu compromisso e da nossa gestão, não medimos esforços para promover as mudanças de que Taboão da Serra e o nosso povo precisa, especialmente na vida de todas as mulheres”, diz, em tom e música ao fundo de ternura.

Na prática, Aprígio pôs como secretário o delegado Rodrigo Falcão, que atacou moralmente a GCM na base no Intercap na madrugada de 14 de janeiro, ao se dirigir também ao inspetor Sandro Leo. “Passa o pano, está fudendo aqui dentro, batendo punheta na sua cara”. A GCM reagiu: “Está fazendo o quê, senhor?”. Ela disse para ser levada a delegacia se tinha cometido crime. Ele quis tirar a arma da GCM. “Tira a mão! Não encosta em mim!”, repeliu ela.

Quatro dias depois, no dia 18, Aprígio se recusou a receber Leo e a GCM assediada para tratar sobre o fato – outros GCMs estavam, por iniciativa própria, indignados com o desrespeito de Falcão à GCM. Primeiro, o prefeito marcou para as 15h. Em seguida, mudou de ideia. “Não vou atender ninguém, marca para quarta”, disse. Após ouvir que era “urgente”, Aprígio se irritou. “Marca para quarta-feira, 15 horas”, disse, áspero, muito diferente do tom do vídeo.

Na quarta-feira, Aprígio deu outro “chá de cadeira” no inspetor e na GCM assediada e não os recebeu. “Novamente, a audiência foi desmarcada. Ficaram esperando no pátio da prefeitura e não foram recebidos”, disse uma fonte da secretaria. Os GCMs foram ignorados pelo prefeito, mesmo após seguirem o trâmite disciplinar – comunicaram a comandante da GCM, Eliana Ribeiro, e o secretário-adjunto, Ataíde Dacal, que inclusive autorizou a ida à prefeitura.

No dia 27 de janeiro, por meio da portaria nº 518/2021, Aprígio abriu sindicância “para apuração dos fatos” descritos em um boletim de ocorrência que o indicado secretário fez contra a guarda feminina e Leo, com versão contraditória com o teor dos áudios gravados na abordagem de Falcão aos GCMs. No entanto, antes, o governo foi comunicado pelos guardas sobre o grave ocorrido, mas se omitiu, em suspeita de direcionamento da apuração.

Recebida “finalmente” na prefeitura na sexta, a presidente da Ages (associação dos guardas) reprovou a postura do governo. “Eles não querem diálogo, o prefeito disse que ‘é do jeito deles, se a gente estiver insatisfeito, entre com processo na Justiça'”, disse Adriana Andreose. Entre os guardas a mensagem de Aprígio às mulheres foi classificada de hipócrita. “Esse papo é hipocrisia, politicagem, falam coisas que na prática não existem”, disse um GCM.

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