Apesar da morte de GCM e três infectados, Ney convoca revista geral dos guardas no ‘ovo’ da sede

Especial para o VERBO ONLINE

Ney e convocação de revista geral dos guardas municipais na sede da GCM, que tem espaço acanhado para cerca de 200 agentes, em meio a pandemia | PMEA

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em meio ao agravamento da covid-19 também na região, o prefeito Ney Santos (Republicanos) convocou para o fim da tarde desta sexta-feira (5), às 18h, uma “revista geral” dos guardas civis municipais na sede da GCM, no Jardim Santo Eduardo, um espaço acanhado. Quase 200 GCMs ficarão aglomerados para ouvir orientações de Ney com risco de se contaminar, apenas por conta de que o prefeito quer reunir o contingente para “se promover”.

Em despacho interno, emitido na quarta-feira (3), ao qual o VERBO teve acesso, o comandante da GCM de Embu, Rildo Martins, avisa a cada inspetor de que “deverá comunicar aos gcms de sua equipe” sobre a revista com a “presença do Exmo. prefeito: Ney Santos”, na “Base Sede, Santo Eduardo”, em espaço que mede o equivalente a dez viaturas, apertado. Embu, como todos os municípios paulistas, está na fase vermelha da quarentena.

Embu registra 6.315 casos e 252 mortes pela covid-19, além de ter 100% dos leitos para pacientes com coronavírus ocupados, no hospital de campanha do Vazame, segundo o Conisud (consórcio dos municípios da região), presidido por Ney. No domingo (28), um GCM do município, Márcio Ferreira de Souza, de 44 anos, morreu da doença – ele estava no Vazame, conforme apurou a reportagem. O vírus já teria atingido em cheio a corporação.

Um guarda municipal, reservadamente, criticou a convocação do efetivo da GCM. “Há menos de uma semana um GCM faleceu de covid e três estão afastados por causa da doença, e o prefeito convocou uma revista geral com os GCMs para falar como serão feitas as operações sobre a covid. Resumindo, vai aglomerar 200 guardas. Com certeza terá gente lá contaminado, mas ainda não apareceu os sintomas, para tratar de covid”, disse, contrariado.

Outro GCM também reprovou o chamamento e comentou que a reunião vai gerar aglomeração. “A corporação é de 220 [guardas], mas tem GCM de férias e afastado, devem ir aproximadamente 180 lá. É gente pra caramba! É muita irresponsabilidade”, falou. Na convocação, Rildo se preocupa apenas em lembrar que os agentes “deverão se apresentar devidamente uniformizados”, não menciona nenhuma medida de prevenção ao coronavírus.

Um terceiro GCM disse que o comandante só poderia reforçar o uso de máscara, já que não teria como falar em evitar aglomeração em um espaço tão reduzido. “Nem fala que será respeitado o distanciamento, até porque na base é um ‘ovo’, vai ser todos juntos”, lamentou. Segundo outro guarda, Ney poderia transmitir as orientações com uma ordem de serviço ou até por meio do aplicativo “zoom”, de teleconferência, se quisesse preservar o efetivo.

O agente que lembrou de outras possibilidades mais seguras não hesitou em apontar o “interesse” do prefeito pelo contato presencial com o contingente da GCM. “Porque quer fazer vídeo e se promover. Só que é burro”, disse, sobre causar insatisfação dos guardas diante do risco de contaminação. Este portal questionou o prefeito e o comandante sobre a revista geral. Rildo não respondeu. Ney, descontrolado, xingou o repórter de “vagabundo”.

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