Aprígio anuncia 30 novos leitos de covid, mas gera temor de ‘misturar’ pacientes

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio anuncia criação de leitos de covid-19, com máscara, em foto do governo; Aprígio sem a proteção, em quase toda a coletiva | PMTS/Taboão em Foco

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) anunciou nesta quinta-feira (5) que irá criar 30 novos leitos para moradores para covid-19 em Taboão da Serra, com a lotação das 40 vagas da UPA Akira Tada e a explosão da doença na cidade. Ele vai instalar os leitos a mais na própria UPA, no Pronto-Socorro Antena e até em uma UBS, no Clementino, o que gerou temor de que poderá gerar outros “epicentros” do coronavírus e pôr infectados próximo a outros pacientes.

Aprígio e o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 falaram na entrevista em ampliar leitos com a “readequação de espaços públicos”. Dos 30 novos leitos, 14 serão criados na própria UPA, que funcionará de portas fechadas. O PS Antena – que já abriga a maternidade – terá uma ala com dez vagas. Já a primeira assistência aos pacientes será feita no que o governo chamou de “pronto-atendimento covid”, que funcionará na UBS Clementino com seis leitos.

Segundo o governo, pacientes da UBS Clementino serão remanejados à UBS Suiná e “outras unidades próximas”, ao se referir ao Oliveiras/Marabá, não tão perto. A gestão disse que os pacientes “terão à disposição” transporte e os postos atenderão até as 19h. “Ninguém ficará sem ser atendido. Quem tiver consulta agendada será avisado sobre a transferência e colocaremos vans na UBS Clementino para o transporte dos pacientes”, disse Aprígio.

O governo descartou abrir um hospital de campanha ao alegar “custo altíssimo” – chegou a apresentar relatório com “argumentos contra a instalação” no Ser (serviço de reabilitação), onde o equipamento funcionou em 2020. O comitê alegou que 30 leitos de UTI de covid no Ser custariam R$ 2,9 milhões por mês, enquanto que 30 na UPA, no Antena e na UBS custarão R$ 920 mil e “sem causar transtornos”. Porém, nenhuma nova vaga será de UTI.

Questionado sobre a temeridade de tratar dontes de covid-19 próximo a outros pacientes, principalmente no Antena, o comitê tentou tranquilizar a população ao dizer que o PS terá ambiente separado de internação e que os leitos serão utilizados como último recurso. “A SPDM se comprometeu a reservar uma ala no Antena para possíveis casos de extrema necessidade serem transferidos para lá”, disse a secretária-adjunta de Saúde, Thamires May.

A adjunta também explicitou que o pronto-atendimento de covid passará do Akira Tada para o Clementino. “Na UBS teremos seis leitos de observação. O pronto-atendimento, que hoje é na UPA, será transferido para a UBS Clementino. E a UPA ficará apenas com os pacientes com os leitos, não terá atendimento de porta [aberta, para usuários que procurarem atendimento]. Só aí temos 20 leitos a mais para o nosso município”, disse Thamires.

O VERBO questionou a capacidade técnica de Thamires para tocar reconfinguração de atendimento complexa por ser uma gestora “importada” da Secretaria de Saúde do governo Ney Santos (Republicanos), de Embu das Artes, marcada por caos e mortes, e ser denunciada por participação em esquema de desvio de recursos na contratação de médicos. Ela disse ter compromisso de atender bem a população e atribuiu a denúncia a questão política.

Este portal também questionou o dado do balanço de casos e mortes por covid-19 apresentado pelo comitê de que em janeiro e fevereiro (até dia 26) 39 pessoas morreram em decorrência da doença. Segundo a própria prefeitura, na verdade, o total de mortes no período foi de 47. O coordenador de Vigilância Epidemiológica, Milton Parron, tentou justificar e disse que a discrepância se deve a diferença de datas entre o óbito da vítima e a notificação.

Aprígio enfatizou que as medidas contra o avanço da covid-19 são necessárias e chegou a pedir que os comércios não essenciais não abram e “respeitem um pouco a lei”, inclusive solicitou que a imprensa “leve a mensagem a eles”. “Vivemos momentos difíceis em nosso país. O número de casos e de mortes pela covid está crescendo rapidamente e precisamos tomar decisões rápidas, acertadas e eficazes para salvar vidas em nossa cidade”, disse.

Aprígio foi questionado pela reportagem que ações efetivas realizou contra a covid nos dois meses de governo, já que a cidade teve alta descontrolada de casos e mortes – acima do apontado pelo comitê – e as UBSs relaxaram nas medidas de distanciamento social. Aprígio se limitou a dizer que não deixou de alertar a população e que se as UBS têm problemas “vamos corrigir”. Taboão registra 408 mortes e 41 internados na UPA – um doente ocupa maca.

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