ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Aprígio (Podemos) assinou no último dia 11 a lei que mandou à Câmara que aumenta a contribuição previdenciária – ou desconto no salário – dos servidores municipais de 11% para 14%, na mesma data em que os vereadores aprovaram o texto, por unanimidade, em sessão extraordinária. Curiosamente, poucos meses antes, Aprígio usou o tema para atacar o então prefeito Fernando Fernandes (PSDB) ao classificar o projeto de “confisco”.
O presidente Carlinhos do Leme (PSDB), que aderiu ao governo Aprígio com os demais vereadores da oposição – após negociação articulada pelo prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (Republicanos) -, colocou o projeto para votação. O texto do aumento do desconto na folha dos servidores, que chegou “sorrateiramente” na Câmara, foi aprovado, em dia que não tem sessão ordinária (quinta-feira), de forma simbólica, no meio de outros dois projetos.
Com a Câmara com os 13 vereadores governistas, nenhum se dispôs a abordar o projeto. Até os parlamentares reeleitos, que no ano passado se recusaram a pôr em votação e criticara a iniciativa, calaram. Em março de 2020, Fernando justificou a necessidade de aprovação devido a emenda constitucional fruto da reforma da previdência que determina que “municípios não poderão manter a alíquota inferior à da contribuição dos servidores da União”.
No entanto, Aprígio, na época deputado estadual, chamou o projeto enviado pelo desafeto político, Fernando, de “confisco” de 3% do salário dos servidores. “Estou falando agora para os funcionários públicos de Taboão da Serra, para ficarem atentos, para olharem direitinho quando vai ser votado um projeto que o prefeito mandou para a Câmara Municipal, confiscando 3% do salário de cada funcionário”, disse o hoje prefeito em um vídeo.
Aprígio até pediu para a Câmara Municipal rejeitar o projeto. “Eu até vou pedir para os vereadores, eu sei que a maioria dos vereadores de Taboão da Serra são pessoas compreensíveis, que sabem o que vão fazer, mas vou pedir para vocês: votem não a esse projeto, façam o que eu fiz na Assembleia Legislativa, votei não. Porque eu não vou onerar, numa situação dessa [da pendemia], o funcionário público a perder 3% do seu salário”, disse.
Depois, Aprígio atacou Fernando ao dizer que o projeto era inoportuno. “O prefeito não está pensando bem, como sempre fez. Ele está há 20 anos na cidade sem [dar] aumento de salário, só aumentou o dos funcionários que são parentes dele, haja vista que um monte de parentes são secretários. Vamos juntos impedir que o prefeito se apodere de 3% do salário de vocês. Podem contar comigo, esse projeto é muito cruel para nossos trabalhadores.”
Antes da sessão de aniversário da cidade, na quinta (18), Aprígio foi alvo de protesto de servidores. Ele falou com o grupo, mas não explicou sobre ter dito uma coisa enquanto pré-candidato e feito outra como prefeito e focou o salário. “O governo federal proibiu dar aumento”, disse. “Mas pode descontar. Meu Deus!”, reclamou um servidor. Aprígio ignorou. Ele afirmou que vai “tentar” corrigir as perdas salariais. “Mas peço um pouco de paciência”, disse.
VEJA VÍDEOS EM QUE APRÍGIO ATACA ‘CONFISCO’ E É ALVO DE PROTESTO APÓS ELEVAR CONTRIBUIÇÃO