ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
O Conisud (consórcio dos 8 municípios da região sudoeste) se reuniu na sexta-feira (22) com o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, e reivindicou o não fechamento do pronto-socorro do Hospital Geral de Itapecerica da Serra. A rigor, o governo João Doria (PSDB) quer que o PS do HGIS não atenda mais casos não graves – não tenha “porta aberta” para todos os usuários – e restrinja o atendimento a pacientes mais delicados.
O Estado quer que os municípios atendam todos os casos menos graves. Os sete prefeitos presentes se colocaram, porém, contra o fechamento do PS do HGIS e do Hospital de Cotia. Eles argumentaram que as prefeituras já estão com a rede municipal sobrecarregada e com dificuldade de queda de receita devido à pandemia de covid-19 para ampliar os serviços, além de ter demanda agravada por acidentes das rodovias Régis Bittencourt e Raposo Tavares.
O presidente do Conisud, Ney Santos, disse a Vinholi que os PSs municipais estão em sufoco. “Tenho uma UPA que atende 700 pessoas por dia e não dá conta mais. Tenho o Pronto-Socorro Central colado na Regis Bittencourt que também está atendendo muito mais do que tem capacidade, chega dia que tem três, quatro horas de fila de espera. Se vocês fecharem a entrada desses pronto-socorros, a nossa situação vai piorar muito mais”, afirmou.
Uma assessora da Secretaria Estadual da Saúde justificou que o governo vai assumir a “média e alta complexidade, só não a baixa” – chamou de “referenciamento”. Os prefeitos, porém, ficaram apreensivos. “Qualquer situação de emergência poderá ser encaminhada a esses hospitais, mesmo não sendo da região. A preocupação é que faltem leitos, eles entendem que haverá piora”, disse a secretária-executiva do Conisud, Brígida Sacramento, ao VERBO.
Horas antes da conversa com Vinholi, secretários municipais de Saúde da região, unânimes contra o fechamento dos PSs dos hospitais estaduais, fizeram uma reunião com o governo em que conseguiram o compromisso de que nenhuma medida será tomada até maio. Segunda Brígida, o secretário ficou de dar uma reposta quanto à reivindicação dos prefeitos nos próximos 15 dias, mas confirmou a suspensão do fechamento até 1º de maio.
Dos oito prefeitos, apenas Francisco Nakano, de Itapecerica, não compareceu à reunião. Em um vídeo, ele diz concordar com o novo sistema de atendimento pretendido pelo Estado. “Somos favoráveis ao ‘referenciamento’ dos pacientes para o hospital geral. Ou seja, as portas do pronto-socorro não fecham e nunca vão fechar, a única coisa é que estamos fortalecendo o atendimento prioritário das emergências”, afirma Nakano, que é médico.
Nakano defendeu pôr os PSs para desafogar o HGIS. “Os casos mais simples e de baixa complexidade são de responsabilidade dos pronto-socorros de todos os municípios, fazendo com que não haja superlotação no hospital geral, gerando qualidade melhor no atendimento, para que possamos gerar leitos para os nossos pacientes graves. Não haverá uma mudança brusca a partir do dia 1 de fevereiro, teremos pelo menos 90 dias para adaptação”, diz.
“Logicamente, com essa dificuldade financeira, com essa pandemia, isso poderá ser estendido. Então, não se preocupe, todos serão atendidos”, afirma Nakano no vídeo – em que também fala sobre a fase vermelha na cidade. Questionado pela reportagem se Nakano não foi à reunião por ter posição contrária à dos prefeitos, favorável ao “referenciamento” no PS do HGIS, o governo municipal, por meio da Secretaria de Comunicação, não respondeu.
VEJA VÍDEO EM QUE NAKANO DEFENDE RESTRINGIR ATENDIMENTO NO PS DO HGIS DESEJADO PELO ESTADO