Aprígio se recusa a receber GCM vítima sem antes ouvir ‘padrinho’ de secretário

Especial para o VERBO ONLINE

Aprígio, que não recebeu GCM vítima; Falcão, que se apresenta como secretário de Segurança, é acusado de assédio moral a GCM mulher | Ian Freitas/PMTS

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O prefeito Aprígio (Podemos) se recusou a receber na segunda-feira (18) um grupo de guardas municipais, entre eles o inspetor Sandro Leo, para tratar sobre a conduta do indicado secretário de Segurança. Delegado da Polícia Civil em Taboão, Rodrigo Falcão é acusado de cometer abuso de poder e assédio moral contra Leo e sobretudo contra uma GCM feminina (cujo nome será preservado pelo VERBO), na madrugada de quinta-feira (14).

Conforme áudios, na base da GCM no Intercap, Falcão, ao sugerir que os GCMs dormiam no local, disse a Leo, diante da guarda: “Passa o pano, está fudendo aqui dentro, batendo punheta na sua cara”. A GCM reagiu: “Está fazendo o quê, senhor? Está fazendo o que aqui dentro?”. Ela disse para o secretário a conduzir a delegacia e dizer que crime cometeu. Falcão quis tirar a arma da GCM. “Tira a mão! Tira a mão! Não encosta em mim!”, repeliu ela.

Conforme apurou a reportagem, na segunda-feira, Leo pediu para ser recebido pelo prefeito para falar sobre o caso. Aguardou bastante tempo. Ao ser avisado da presença do GCM, Aprígio, porém, não quis receber o inspetor. Primeiro, marcou para as 15h. Em seguida, mudou de ideia. “Não vou atender ninguém, marca para quarta”, disse. Após ouvir que era “urgente”, Aprígio falou em tom áspero. “Marca para quarta-feira, 15 horas”, falou.

Ainda conforme a apuração deste portal, Aprígio não quis receber o inspetor sobre a “crise na Segurança” por querer falar antes com um aliado “padrinho” do secretário. O deputado estadual Jorge Caruso (MDB) teria indicado Falcão para a pasta, conforme relato de um membro do governo muito próximo a Aprígio. Durante a espera dos GCMs para falar com o prefeito, o vereador Anderson Nóbrega, do partido de Caruso, acompanhava os guardas.

Embora marcada para esta quarta-feira, a reunião sobre o caso Falcão não deve acontecer hoje, na expectativa de fontes do próprio governo, devido à falta de tempo hábil para conversa de Aprígio com Caruso (de quem foi colega na Assembleia Legislativa), ainda mais sobre assunto espinhoso. Leo – que foi comandante da GCM no governo Fernando Fernandes (PSDB), até 31 de dezembro – foi falar com o prefeito para solicitar “medidas de praxe”.

Nos bastidores, porém, a corporação não quer apenas que Falcão não seja efetivado como secretário, mas que seja transferido de Taboão, principalmente depois do “extremo desrespeito” contra a GCM. Ela vai entrar na Justiça. Falcão não foi nomeado oficialmente como secretário por não ter obtido licença ainda do governo do Estado. “É prevaricação”, disse um aliado do governo sobre Falcão ter exercido poder de secretário sem ter nomeação.

OUTRO LADO
Procurado, o secretário Mario de Freitas (Governo) não respondeu sobre a nomeação de Falcão, na segunda-feira. Nesta quarta, negou que Aprígio não quis falar com os GCMs e que Falcão seja “apradinhado”. “O prefeito não se recusou a falar com os GCMs, não tinha agenda marcada. O dr. Rodrigo ainda aguarda liberação da Secretaria de Segurança para aceitar o convite do prefeito para assumir a pasta da Secretaria de Segurança Municipal”, disse.

“Sobre o caso em questão será aberto um procedimento administrativo para apurar os fatos. No governo Aprígio não tem padrinhos ou apadrinhados. Sua fonte está equivocada”, completou Freitas. A reportagem também entrou em contato com o gabinete de Jorge Caruso na Assembleia e questionou se indicou o delegado para a pasta da Segurança em Taboão da Serra e se trataria com Aprígio sobre o caso Falcão. O deputado não respondeu.

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