ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O governo João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (15) que a Grande São Paulo, incluindo os seis municípios da região, continua na fase amarela da flexibilização da quarentena. No entanto, independentemente da classificação da área, a gestão estadual colocou Embu das Artes e Itapecerica da Serra em estado de alerta – entre 43 cidades do Estado – por estarem com ocupação hospitalar de pacientes graves com coronavírus acima de 80%.
O Estado recomenda que as prefeituras determinem a restrição total de atividades não essenciais para aliviar a pressão sobre hospitais públicos e particulares. Embu possui apenas um pronto-socorro adaptado como hospital de campanha, o do Vazame, com apenas cinco leitos de UTI. No dia 5, a TV Globo noticiou que a unidade estava com 100% dos leitos ocupados. No sábado (9), a CNN mostrou que o Vazame seguia sem leitos disponíveis.
A população só dispõe de informações sobre internações de covid-19 de forma esporádica, pela TV, o governo Ney Santos (Republicanos) esconde o balanço de atendimentos no Vazame. A ocorrência de mortes na unidade só é conhecida quando o paciente é de outra cidade, por exemplo, de Taboão da Serra, que informa onde o munícipe estava internado. A gestão Aprígio (Podemos) relatou na semana passada que uma vítima estava no Vazame.
O governo Ney não se importa sequer em divulgar o quadro atualizado da covid-19 em Embu, que só é conhecido graças ao boletim diário da Secretaria Estadual de Saúde, ao qual a população tem menos acesso. Na sexta-feira (15), a gestão ainda informava o boletim do dia 4 de janeiro, com 209 mortes e 4.591 casos, quando os óbitos já eram 214 e os infectados, 4.863. Após o VERBO noticiar o descaso, o Executivo agora divulga o informe do dia 15.
A orientação para que Embu regrida à fase vermelha alarmou não só a população, mas o próprio funcionalismo pelo mau exemplo a começar de secretários. “Estamos nos arriscando muito vindo todos os dias. A prefeitura não segue os protocolos, muitos funcionários ficam sem máscara e nada é feito, eles entram de máscara e tiram depois. Agora tem quase dez pessoas sem máscara, incluindo a chefia”, disse um servidor nesta sexta-feira.
Não bastasse a falta de transparência, a preocupação se justifica pelo comportamento do chefe maior. Ney passou a campanha eleitoral sem respeitar a quarentena – sem máscara, até beijou eleitores. Só depois de reeleito, ele “posa” de preocupado com o agravamento da doença. Mas ainda faz “vista grossa” a bares com funcionamento até a madrugada e lotados. E mantém um ponto de testagem, no parque Rizzo, em vez de quatro antes das eleições.
A fase amarela, em que permanece a região, como toda a Grande São Paulo, permite 40% de ocupação para atividades não essenciais, com expediente de até dez horas diárias para restaurantes e 12 horas para as demais. O atendimento presencial deve ser encerrado às 22h em todos os setores. Nos bares, as portas devem fechar ao público mais cedo, às 20h. Eventos que geram aglomeração, como festas, baladas e shows continuam proibidos.
O Estado também recomendou que todos os 645 municípios paulistas endureçam regras para reuniões de trabalho em locais fechados, com limite máximo de 25 pessoas e distanciamento mínimo de 1,5 metro. Eventos sociais e familiares também devem ser evitados. Prefeituras que se recusarem a seguir as normas estabelecidas pelo governo do Estado estão sujeitas a sanções judiciais. Uma nova reclassificação está prevista para o próximo dia 22.