ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo
O Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, anunciou nesta terça-feira (12) que a vacina anti-covid-19 Coronavac obteve 50,38% de eficácia global no estudo clínico feito no Brasil – o número mínimo exigido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é 50%. O índice geral aponta a capacidade do imunizante de proteger em todos os casos da doença – leves, moderados e graves. Apesar da taxa não muito elevada, a vacina é adequada e “boa”.
O índice não aponta que a Coronavac tem 50,38% de chance de dar errado, mas que os que se vacinarem têm 50,38% de chance de não desenvolver a covid-19 ou desenvolver sem precisar de assistência (assintomáticos). Na quinta, o Butantan divulgou 78% de proteção para casos leves. A taxa não está errada, significa que os vacinados têm 78% de chance de não ter nem sintomas leves – 22% poderão ter, mas sem necessitar de atendimento médico.
Na semana passada, o Butantan divulgou ainda que a Coronavac obteve eficácia de 100% em casos moderados e graves (hospitalização). Porém, o instituto ponderou que é preciso estudar mais para dizer com segurança que a vacina vai evitar quadros mais graves e que chegam à morte. Contudo, nenhum paciente infectado que recebeu a vacina necessitou ficar hospitalizado. Entre os que tomaram placebo, sete pacientes precisaram de internação.
O teste “duplo cego”, com aplicação da vacina em 50% dos voluntários e de placebo nos demais, envolveu 12.476 profissionais de saúde. Desenvolvida em parceria com a Sinovac, a vacina se baseia na inativação do vírus Sars-CoV-2 para induzir o sistema imunológico humano a reagir contra o agente causador da covid. A pesquisa também demonstrou que o imunizante é muito seguro, nenhuma reação adversa grave foi registrada entre os participantes.
A Coronavac “passou no teste” por conta de que os voluntários são submetidos a risco muito alto e contínuo de exposição ao coronavírus – receberam duas doses da vacina, com intervalo de duas semanas. É consenso que quanto menor for a taxa de eficácia, mais pessoas precisam ser vacinadas para atingir a imunidade coletiva. Porém, ressaltou o Butantan, na vida real, na população em geral, o resultado tende a ser de maior eficácia da vacina.
“Não há justificativa nenhuma para que não se use uma vacina que está disponível no Brasil, é fácil de distribuir e que tem ótima relação de custo-benefício”, disse a bióloga Natalia Pasternak. “Não é a melhor vacina do mundo, é a vacina possível, é uma boa vacina e que certamente vai iniciar o processo de sairmos da pandemia. Isso não quer dizer que depois dela não poderão entrar outras. Se essa vacina é o começo, vamos começar?”, completou.
Submetidos a um comitê internacional independente, os resultados já estão com a Anvisa, que analisa o pedido de uso emergencial da vacina no Brasil. “É uma excelente vacina, esperando para ser usada em um país onde morrem, no momento, em torno de mil pessoas por dia. Esperamos que as autoridades entendam o momento e ajudem nossa população a receber a vacina o mais rapidamente possível”, afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas.