RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O governo Ney Santos (Republicanos) foi advertido quatro vezes nos últimos quatro meses pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por falta de transparência nas ações contra a covid-19. Desde maio a gestão não divulga o perfil de mortes nem o número de atendimentos no hospital de campanha no Vazame. Nos três meses de atividade do centro do parque Francisco Rizzo, a administração municipal só divulgou um balanço de consultas e internações.
O governo Ney também não divulga boletim diário do novo coronavírus em Embu e fica sem emitir informe atualizado por mais de cinco dias. Em apenas uma das vezes que sonegou o quadro da doença no município, divulgou boletim de 1° de setembro e só voltou a lançar informe do dia 6. A gestão emitiu o mais recente boletim de 11 de setembro – já está quatro dias atualizado. Detalhe: informou dois dias depois, com os dados já defasados.
Embu registra atualmente 159 mortes pela covid-19, taxa de mortalidade de 57,49 óbitos por 100 mil habitantes, a mais baixa da macrorregião (oito cidades). No entanto, o governo Ney pode estar subnotificando os casos fatais. Um informe interno da Secretaria Municipal da Saúde de 23 de maio indicava que as mortes pela doença em Embu eram 40. Boletim oficial do mesmo dia, porém, citava 36, mais de 10% a menos, conforme o VERBO revelou.
A suspeita de subnotificação é reforçada pela gestão não divulgar o perfil dos óbitos nem mesmo o boletim diário. O último que emitiu é do dia 6, desatualizado já quatro dias. Não informa nem o número de atendimentos do hospital de campanha, no Vazame, o que pode ser explicado pelo fato de que a unidade seria usada como centro particular para atender apoiadores do governo ou pacientes “VIP” como a secretária-adjunta Maria Serrano (Saúde).
O TCE emitiu as “advertências” em 15 de junho, 8 de julho, 12 de agosto e em 8 de setembro. Os quatro despachos têm o mesmo teor e chamam a atenção do “interessado – Claudinei Alves dos Santos [Ney Santos]” de que a não correção da falta de transparência poderá resultar na reprovação das contas – Ney já teve as contas de 2017, junto com o então interino Hugo Prado (MDB), rejeitadas pelo TCE. Ney é candidato à reeleição e Hugo, candidato a vice.
“Notifico o responsável para que tome conhecimento do Relatório de Fiscalização de Acompanhamento Especial […], que contém os resultados verificados no enfrentamento do COVID-19, advertindo-o de que a falta de adoção de medidas corretivas, especialmente na transparência de suas ações, poderá implicar, dentre outros, na emissão de parecer desfavorável por ocasião da aprovação das contas da Prefeitura Municipal”, dizem conselheiros do TCE.