RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O secretário afastado do governo Ney Santos (Republicanos) Celso Vasconcelos é reu por racismo. A Justiça de Embu das Artes aceitou denúncia do Ministério Público de que Celsinho, como é conhecido no meio político, fez insultos de preconceito racial contra um porteiro da prefeitura, em 2018, quando era chefe-de-gabinete do presidente da Câmara, Hugo Prado (MDB). Celsinho é descrito como uma pessoa agressiva e que abusa do poder.
Conforme relato à polícia, em 8 de junho de 2018, H., 28, estava na portaria 2, quando “o assessor do vereador Hugo do Prado Santos, CELSO, adentrou em uma área que só é permitido carros oficiais”. Carros particulares não podiam parar ali, falou H.. “Celso parou seu veículo, desceu e começou a falar que [H.] não devia gritar dessa maneira. A vítima tentou explicar que não era permitido entrar naquela área. CELSO mandou [H.] ‘tomar no cu'”.
O servidor se sentiu intimidado e repetiu que só fazia o seu trabalho. “CELSO em tom ameaçador andou até perto da vítima e o ‘mandou tomar no cu’ pela segunda vez. [H.] disse que iria se reportar para seus superiores. CELSO, descontrolado, pela terceira vez proferiu as palavras de baixo calão e chamou [H.] de “seu preto safado'”, diz o relato. H. foi até a portaria 1 (entrada principal) relatar o episódio ao chefe, que acionou a Secretaria de Governo.
Uma secretária da pasta orientou o servidor a registrar ocorrência na delegacia, disse que não era a primeira vez que Celso causava “problemas” com carro particular. Em maio de 2019, três pessoas prestaram depoimento como testemunhas dos insultos contra o porteiro. Duas estavam na portaria 2 e relataram que “Celso disse ‘preto safado, tem mais que morrer trabalhando na portaria’, […] fato esse que provavelmente [H.] nem ouviu Celso dizer'”.
Apesar do fato grave, Celsinho seguiu na chefia do gabinete de Hugo normalmente. A integrante do MP acusou que Celsinho “injuriou” H. “Celso, à época assessor do vereador Hugo Prado, após se desentender com a vítima, que se encontrava no local na condição de funcionário da prefeitura, lhe ofendeu a dignidade, utilizando-se de elementos referentes à sua cor e raça, dizendo: ‘preto safado, tem mais que morrer trabalhando nesta portaria'”, disse.
A Promotoria denunciou Celsinho pelo crime de injúria racial, que prevê pena de prisão de um a três anos e multa ao autor. “Ante o exposto, o Ministério Público denuncia CELSO SANTOS DE VASCONCELOS como incurso no artigo 140, §3º, do Código Penal. Requer que, recebida e autuada esta, instaure-se o competente processo penal […], prosseguindo-se até final sentença e condenação”, escreveu a integrante do MP. A Justiça acolheu a denúncia.
“Presentes a prova de materialidade e indícios suficientes de autoria, RECEBO a denúncia ofertada em face de CELSO SANTOS DE VASCONCELOS”, decidiu a juíza Barbara Carola de Almeida, no dia 2 de abril deste ano. A magistrada determinou a citação do réu para que em dez dias respondesse à acusação, inclusive com eventual apresentação de testemunhas. Porém, Celsinho ainda não foi citado, conforme apurou a reportagem.
Oficialmente, Celsinho está afastado da Secretaria de Serviços Urbanos de Embu desde 25 de janeiro, por ordem do MP, denunciado por impedir a ação de fiscais da prefeitura em favor de um empresário (“carteirada”). Ele voltou a “atuar” em Taboão, onde é sentenciado por corrupção, para fazer oposição à gestão Fernando Fernandes (PSDB). Na segunda (17) almoçou com o vereador e pré-candidato a prefeito Eduardo Nóbrega (MDB), opositor do governo.