RÔMULO FERREIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Chico Brito (PT) fez na quinta-feira, dia 16, as primeiras mudanças no secretariado como início da estratégia para emplacar o sucessor nas eleições municipais em 2016 após sair derrotado com a não eleição do candidato a deputado estadual que lançou na cidade, João Leite. O ato é parte da articulação para enfrentar o desafeto Geraldo Cruz (PT), que foi reeleito deputado e deverá vir a prefeito e, se eleito, fazer “faxina” no grupo de Chico na prefeitura.
O vice-prefeito Nataniel Carvalho (Pros), que estava sem pasta desde que deixou a Secretaria de Assuntos Jurídicos, em 2012, assume a Secretaria de Serviços Urbanos. Natinha pediu para voltar a compor o secretariado, mas Chico decidiu entregar o posto para que o vice se fortaleça como candidato a prefeito que apoia. O VERBO publicou que, por “mão” do prefeito, Natinha se filiou ao PT. Ele nega, mas tem visitado lideranças e dito que se prepara para suceder Chico.
Embora já tenha escolhido o vice como único nome com chances de derrotar Geraldo, Chico quer usar a secretaria para que o “fiel” aliado ganhe musculatura política na cidade. Natinha é uma importante liderança na região do Jardim Santo Eduardo, mas também fracassou, ao lado da mulher, Dra. Bete (Pros), que é vereadora, ao conseguir só pouco mais de mil votos em Embu ao candidato a deputado federal que acordou apoiar, Salvador Zimbaldi (Pros) – que não se elegeu.
Na realidade, Natinha passará por um teste ou “prova de fogo”, nas palavras de políticos locais, ao assumir os serviços urbanos, setor que é vitrine pela grande visibilidade entre lideranças e moradores em geral para impulso de projeto de candidatura, mas também alvo de muitas cobranças. “Quando munícipes e vereadores começarem a reclamar… É um trabalho braçal, tem que ter coragem, pé no chão. Se ele ficar só no gabinete, será fulminado”, disse um interlocutor.
Chico aposta, porém, no trabalho de Natinha, já que espera com a atuação do vice aplacar resistência no PT como prefeiturável do partido, que ainda é tímida, mas crescente com a ideia de oficialização, por causa da – não admitida – recém filiação do aliado, sem pegar a “fila” dos postulantes. Apesar de focar a eleição presidencial, Chico apressou a mudança após “recado” de dirigentes petistas de que a prévia já foi a eleição a deputado e Geraldo será o candidato.
A pasta de Serviços Urbanos tinha como titular Clóvis Cabral, que passa à Chefia de Gabinete do prefeito. Na função anterior, Clóvis era elogiado pela prontidão e celeridade nas demandas de ações de conservação da cidade, para surpresa até dos críticos, mas “não cresceu politicamente”. “Ele trabalhou muito, mas não fez o nome dele. Ninguém é conhecido se é improdutivo”, avaliou um apoiador. Assessor desde 2003, ele é homem de confiança de Chico.
Já Geraldo Juncal volta à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano. Ele estava na Chefia de Gabinete, como articulador da ação das secretarias. A votação baixa de João Leite em Embu é creditada em parte à má avaliação do governo por “boa parte” da população, segundo parcela dos próprios aliados. Mas foi considerado satisfatório o trabalho de Juncal – também do restrito círculo próximo ao prefeito -, que agora vai apressar as obras em ritmo lento.
As mudanças serão anunciadas esta semana. “Homens fortes” do governo, os três novos ou remanejados secretários irão cuidar, por ordem de Chico, de preparar a lista de comissionados que serão demitidos, após o segundo turno das eleições, acusados de falta de empenho para eleição de João Leite. O número de exonerados chegaria a 200, mas pode aumentar devido ao início da movimentação de servidores para o lado de Geraldo, já apelidados de “viúvas do Chico”.
ALÇA DE MIRA
Uma outra mudança esperada é a demissão do secretário de Esportes, o ex-vereador Silvino Bomfim. Ele apoiou um candidato a deputado federal, Valmir Prascidelli, que fez campanha casada com Geraldo e é acusado de ter contribuído com a candidatura do deputado. “Não tem perdão”, disse Chico, segundo um interlocutor. Ele estaria sendo “segurado” no cargo por dirigentes petistas. “Vamos esperar, seja o que Deus quiser”, disse Silvino na sexta-feira, apurou o VERBO.