ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O governo Ney Santos (Republicanos) passou a omitir as mortes por covid-19 entre moradores de Embu das Artes. A administração volta a reincidir em falta de transparência na pandemia após sonegar o perfil dos munícipes vítimas do novo coronavírus (sexo, idade etc). O último boletim com menção ao número de óbitos divulgado pelo Executivo foi o de 26 de junho, publicado, porém, só dois dias depois – a gestão é frequentemente retardatária.
Sobre a “política de esconder dados” da pandemia que adota, o governo Ney informava o perfil das vítimas, mas a partir de 12 maio, quando registrava 24 mortes, passou a omitir. Após cobranças do VERBO, em 4 de maio, a gestão voltou a informar os dados, com a chegada de outro secretário de Comunicação. No dia 9, após saber que este portal tinha sido atendido, o secretário Jones Donizette (Governo) mandou não passar mais informações.
O secretário Alexandre Santos disse: “Por decisão do secretário de Governo, Jones Donizette, não é para responder ao portal Verbo Online, por entender que é um portal político e não de cunho jornalístico”. Jones passou a sonegar informações públicas após o VERBO mostrar que foi comissionado de gestão do PT (Chico Brito) e era funcionário fantasma, e que, recentemente, estava com covid-19, mas dava “bailão” direto em casa, incomodando vizinhos.
Apesar de omitir o perfil, o governo Ney ainda divulgava os óbitos. Porém, o dado passou a ser alvo de suspeição. Com exclusividade, este portal revelou no último dia 19 que a gestão informou número de mortes por covi-19 a menos. Um informe interno da Secretaria Municipal da Saúde de 23 de maio apontou 40 óbitos, mas o boletim do mesmo dia, divulgado pela administração à população e à imprensa, relatava 36 óbitos, mais de 10% a menos.
O governo podia estar subnotificando as mortes por covid-19, alertava a reportagem, já que apenas mencionava um número “frio”, sem qualquer outra informação que indicasse veracidade ao dado. Curiosamente, agora, omite os óbitos. O último boletim com menção aos casos fatais divulgado, de sexta-feira passada (26), apontava 85 óbitos pela doença constatados – sem citação de perfil -, além de 1.169 casos confirmados e 1.671 registros suspeitos.
Apenas nesta quarta-feira (1º), no grupo de WhatsApp da prefeitura com membros da imprensa regional, Jones postou novo informe, mas não o boletim regular divulgado. O agora chamado “placar da vida”, de 30 de junho, só trouxe o número de casos confirmados (1.232) e o de pacientes curados (646), para destacar o percentual dos que não estão mais acometidos pelo coronavírus – “52% curados”. O balanço cita também 498 pessoas em avaliação.
Sem o registro de vítimas fatais, uma jornalista precisou indagar o secretário sobre o número de óbitos em Embu. Só aí o dado de interesse público foi divulgado. “88”, respondeu Jones. Em nenhum lugar consta a informação, o governo não publicou no site nem na rede social da prefeitura. Nos dois ambientes, divulgou apenas o “placar”, que diz ser o “boletim atualizado sobre os casos de covid-19 no município” – em indicação de decisão de sonegar.
Curiosamente, no dia 10 de junho, Jones, pré-candidato a prefeito de Itapecerica da Serra, em ataque ao prefeito adversário, fez questão de publicar em site que mantém (“GR8”) que “Itapecerica é a cidade que mais registra óbitos por covid-19 na região do Conisud” e tem número de mortes por 100 mil habitantes “56% maior que Embu das Artes”. Era “fake news”. Além do mais, já aí escondeu o número de mortes de Embu, que já era muito maior.