Ney ameaça comerciantes, mas libera aglomeração de Renato para eleger ‘pupilo’

Especial para o VERBO ONLINE

Ney adverte que moradores e comerciantes não estão respeitando a quarentena, mas faz vista grossa a aglomerações causadas pelo assessor Renato | Reprodução

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O prefeito Ney Santos (Republicanos) acusou na quarta-feira (15) pequenos empreendedores de Embu das Artes de manter os comércios não essenciais abertos e os ameaçou com a tomada de “medidas importantes”, sob pretexto de “proteger” a população da covid-19. Porém, curiosamente, Ney não fez qualquer restrição à aglomeração promovida pelo seu assessor pessoal Renato Oliveira, no dia anterior. Ney busca de qualquer forma eleger o “pupilo” vereador.

O pré-candidato se apropriou de iogurtes doados à prefeitura e os entregou a moradores do Pinheirinho para se promover politicamente, na terça-feira (14). Renato usou carro caracterizado da ação assistencialista que mantém – para angariar votos – para avisar a comunidade. Além de deixar a maioria sem, por ter quantidade de iogurte insuficiente para a grande fila que gerou, ele causou aglomerações e expôs as famílias à contaminação pela doença.

No dia seguinte, Ney, no vídeo, disse fazer um “apelo” à população, recorreu a tom emocional de conclamação por adesão ao decreto que baixou devido à pandemia, falou em endurecer contra os comércios que abriram as portas, foi incisivo em dizer que “as pessoas não estão respeitando a quarentena”, mas não disse nada em relação ao primeiro a não dar o exemplo, sobre as aglomerações de Renato – que provocou outras ao fazer assistencialismo.

“Infelizmente, o número de óbitos aumenta em nossa cidade, já são 13 óbitos, 17 pessoas entubadas, diversas pessoas contaminadas. Isso quer dizer que as pessoas não estão respeitando o isolamento social. Alguns comércios da região Santo Eduardo, São Marcos estão desrespeitando nosso decreto. Vamos ter que tomar algumas medidas importantes contra essas pessoas que estão desobedecendo uma ordem municipal “, disse Ney na quarta passada.

“O nosso centro de combate [à covid-19], que se tornou referência no Brasil, está cada vez mais enchendo de pessoas contaminadas. Por favor, faço esse grande apelo a vocês, com muita humildade, pensando na população: fique em casa. Você que está transitando pela rua, além de colocar a sua vida e a da sua família em risco, está colocando a vida de outras pessoas também em risco. É momento de entender tudo o que está acontecendo”, completou Ney.

Ney chegou a pôr a Guarda Municipal para dispersar “gatos pingados” nas ruas, mas não édiligente em desfazer aglomerações do assessor. A dissimulação de Ney em liberar Renato para “colocar a vida de outras pessoas em risco”, porém, não ficou impune. Um munícipe apontou a incoerência. “Se não é para fazer aglomeração, por que aquele tipo de situação? É abuso de poder da parte da pessoa [Renato] da prefeitura”, disse o morador Claudio Neves.

“Quer fazer um trabalho social, faça de forma coerente, não aglomerando as pessoas, elas já estão desesperadas, precisando, precisa ser organizado. O comércio pequeno [não essencial] não pode estar aberto, as pessoas não podem estar nas calçadas aglomeradas, mas a pessoa do governo pode estar fazendo esse tipo de coisa? A ordem é para todos, e não liberar a parte que convém a eles”, afirmou Neves, que postou um “meme” da incoerência de Ney.

Não é por acaso. “O Ney reuniu alguns funcionários e disse que o Renato precisa ganhar a eleição e ser o presidente da Câmara. Todos os secretários têm que atender o Renato como se fosse atendendo o Ney. Se o Renato não ganhar, muitas cabeças vão rolar”, disse uma fonte do governo ao VERBO. No ano passado, Renato fez campanha com sua ONG na entrega de reforma do Pronto-Socorro Central no “nariz” dos vereadores. Bobilel (PSC) reagiu. Ney só ria.

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