RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Vereadores governistas convocados para o almoço em que o prefeito Ney Santos (Republicanos) acertaria com Chico Brito (ex-PT) a aprovação das contas do ex-prefeito de 2015 e 2016 em troca da “entrega” do PSD de Embu das Artes, “tomado” por Chico, ficaram assustados com o “vazamento” da negociação e já falam em não se expor – votar contra os pareceres do Tribunal de Contas do Estado pela reprovação da gestão de Chico nos dois últimos anos de mandato.
A negociação, secreta, foi revelada pelo VERBO na quinta (6), com exclusividade. Os vereadores “obedientes” a Ney participariam da reunião com “banquete” para endossar tratativa entre Ney e Chico, mas temem prejuízo eleitoral em ano de pleito municipal ao “salvar” o ex-prefeito. Com o acordo tornado público, temem ser acusados de votarem em troca de serem “recompensados”, sobretudo os que passaram os últimos três anos no ataque à gestão Chico.
Os mais ácidos a Chico são o presidente Hugo Prado (PSB) – conhecido pelo discurso demagógico após quase quatro anos como assessor pessoal de Chico -, Bobilel Castilho (PSC), Gilson Oliveira (MDB), Ricardo Almeida (Republicanos) e Carlinhos do Embu (PSC), além de Doda Pinheiro (sem partido, expulso do PT), líder do Executivo, desafeto de Chico e visto como “oportunista” por atacar o antigo partido sobre a taxa do lixo para ganhar “boquinha” no governo Ney.
“Já tem vereador dizendo que não vai se expor, vai continuar votando pela reprovação das contas. Quem queria $$$ [dinheiro] ficou com medo”, disse uma liderança, próxima a Ney. Parte dos governistas rejeita Chico e teria aceitado votar com uma “condição”. “Tem vereador que disse que só vota a favor das contas do Chico se tiver ‘algum’, se ‘molhar a mão’, senão não vota. Agora, já tem quem fala que vai votar porque o Ney está mandando”, dissera ele.
Para que os pareceres do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) prevaleçam e as contas do ex-prefeito sejam reprovadas, bastam apenas seis votos (1/3 dos 17 vereadores), mas faltaria apenas um. Cinco estariam já certos – três de vereadores da oposição, Rosângela Santos e Edvânio Mendes, ambos do PT, e André Maestri (PTB), além de dois que fazem parte da base de Ney. As contas do ex-prefeito já estão na Câmara para serem votadas.
Chico acertaria com Ney a aprovação de suas contas reprovadas para ter algum elemento para contestar na Justiça as outras duas também rejeitadas, para voltar à cena política de Embu – com os reveses, hoje está inelegível. Ele não teria oferta tão generosa de “mão beijada”. Como parte do pacote, “tomou” e entregou o PSD de Embu para apoiar Ney na candidatura à reeleição neste ano. “Chico que é o articulador dessa ida do PSD para o Ney”, disse a liderança.
No impactante áudio, relevado por este portal em primeira mão, Chico, ao dizer “tamo junto” a Ney, expõe estar na presença de emissários, homens de confiança do prefeito, quem já escalou para serem os braços-direitos dele na costura da aliança eleitoral com Ney, o secretário Pedro Angelo (Educação) e o ex-secretário (Transportes) Gustavo do Rancho. Ele cita Pedro como novo presidente do PSD e Gustavo como “próximo vereador mais votado de Embu”.
“É um áudio que realmente chocou, inclusive apoiadores. Ficaram horrorizados”, disse a liderança. O “vazamento” irritou Ney. “Ele tá ‘puto’ porque vazou. Saiu xingando todo o grupo dele”, completou. A reunião acabou adiada. O VERBO passou a investigar a aliança de Ney e Chico a partir de “pista” do secretário afastado Celso Vasconcelos. “Em breve mais uma mentira sua do meio político será desmentida. Vou dar uma dica [:] PSD. Tá. Aguarde”, disse, dia 1º.
OUÇA O ÁUDIO EM QUE CHICO BRITO ENCAMINHA NEGOCIAÇÃO COM “SEU” PREFEITO E “IRMÃO” NEY SANTOS