ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O secretário do prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e ex-vereador Olívio Nóbrega afirmou que a candidatura do secretário Daniel Bogalho (Manutenção) a prefeito de Taboão da Serra é uma “aventura” e chegou a dizer, em referência à formação de Daniel, que “engenheiro conhece de obras, e muitas delas caem”. Com um concorrente inesperado, Olívio busca que o filho vereador Eduardo Nóbrega (PSDB) seja o candidato com a “bênção” de Fernando.
Olívio fez as afirmações em entrevista ao programa “Roda de Fogo” (TV Atual), no dia 16. Questionado se Eduardo em outubro de 2016, mal as urnas tinham revelado os eleitos, não se antecipou ao anunciar em jantar que promoveu com a presença da imprensa que seria o candidato a prefeito da base do governo, inclusive com palpites sobre composição do secretariado do reeleito Fernando, Olívio negou precipitação do filho e depois mirou Daniel.
“O Edu não se precipitou, ele deixou claro para todos os vereadores, para não ter ciúmes, que é o candidato a prefeito desde aquela época. Ele está preparando sua campanha, só não a colocamos em prática na última eleição porque tínhamos acordo com Fernando. Poderia ter saído, mas a gente é de compromisso, e o compromisso firmado era dois mandatos do Fernando e o terceiro era do Eduardo, independente de qualquer situação”, explicou Olívio.
“O Edu se preparou, a população da cidade está dando apoio a ele, tanto é que pesquisas para monitorar os atos deles estão sendo feitas. Nós não estamos aventurando, de repente, como algumas que você [entrevistador] citou aqui”, disparou Olívio, depois de ouvir que, após Eduardo se lançar à sucessão do reeleito Fernando com quatro anos de antecedência, hoje existe uma figura nova que se projeta para a disputa, Daniel, que está em franca campanha.
Olívio depois pôs em dúvida a capacidade de Daniel com uma imagem impactante, apesar de dizer que “sempre” os secretários de Manutenção foram postulantes. “Tem que estar preparado, ter capacidade técnica e conhecimento da cidade. Tem que ter passado pelo Legislativo. Quem passa pelo Legislativo conhece. Engenheiro conhece de obras, e muitas delas caem, vê-se viaduto caindo. Engenheiro é pago para executar obras e muitas não são bem executadas.”
Ao notar a fala forte e questionado acerca da opinião sobre Daniel, Olívio recuou. “É uma candidatura a ser provada, não diria aventureira, qualquer pessoa pode ser candidata”, disse. Porém, na sequência, ele voltou a fazer restrições ao adversário do filho. “O Daniel está se preparando para o futuro, daqui 10, 15 anos será um bom candidato. A que quiser. A vereador. A prefeito. Além do conhecimento político, tem que ter maturidade. Ele ainda não tem”, afirmou.
Indagado sobre Daniel, apesar de novato no cenário municipal, ter amplo espaço no governo para se projetar, Olívio foi pouco convincente e recorreu a uma resposta burocrática. “Eu acho que é legal, acho que é bom. Ele tem direito a pleitear. Não sei nem o partido ao qual é filiado. Mas tem direito a pleitear a candidatura a prefeito, como qualquer outra pessoa capacitada e qualificada mediante a lei eleitoral”, disse, sempre com uma alfinetada no postulante.
“Ele tem a paixão que não disse de ser candidato, mas faltam o preparo e o conhecimento, ele é um jovem engenheiro, mas para a política tem que se aperfeiçoar. Agora, tem políticos antigos que estão se aproveitando e se somando ao Daniel, achando que ele pode decolar. Se decolar, terá o nosso apoio. Só que o Eduardo é candidato a prefeito, até que diga o contrário. Se o PSDB não der a candidatura para ele e der ao Daniel, o que podemos fazer?”, disse, em antecipada frustração.
“É coisa para se pensar em janeiro, fevereiro ou até março”, continuou Olívio, ao apontar que a escolha do candidato do governo será feita no ano que vem e caberá ao prefeito. “Mas eu tenho certeza que o Fernando, pelo seu conhecimento, pelo trabalho que fez na prefeitura, saberá conduzir o processo político. Que não é fácil. Eu já fui vereador, não é fácil governar e ao mesmo tempo preparar o futuro desse governo, que é eleger o sucessor”, analisou.
Questionado se os Nóbrega já não veem que o candidato de Fernando é Daniel, Olívio negou. “Não é o engenheiro Daniel. Não é o Eduardo. Não é o [vereador] Cido. É o que estiver melhor nas pesquisas. O Fernando deixou claro: ‘Podem trabalhar’. Acredito que em janeiro sairá o nome. É impossível que o candidato A, com 28%, e o candidato B, com 5%, o Fernando fique com o candidato B. É suicídio”, avisou, negando-se a associar os números aos candidatos.
Daniel cresceu no vácuo do rompimento de um grupo de vereadores com Fernando, do qual Eduardo fazia parte, em 2018. Olívio negou que o embate com o prefeito fragilizou a candidatura do filho. Olívio, que trocou o antigo PR pelo Avante, ainda crê que Fernando escolherá Eduardo como candidato, mas antecipou possível racha no governo caso o filho seja preterido. “O Avante terá candidato a prefeito”, afirmou. Daniel não quis comentar as declarações de Olívio.