ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os servidores da educação de Taboão da Serra não enquadrados no Estatuto do Magistério conquistaram na quarta-feira (3) o direito ao recesso após protestarem na Câmara Municipal. Cobrados pelos auxiliares de desenvolvimento infantil (ADI), auxiliares de desenvolvimento escolar (ADE) e auxiliares de classe, entre outras categorias, os vereadores aprovaram dias de descanso aos educadores após reunião no dia anterior com o prefeito Fernando Fernandes (PSDB).
Fernando, que já paga salário irrisório às categorias, evitou embate com os educadores e enviou rápido projeto do recesso. “Alguém pode achar que em 24 horas foi fácil, mas foi graças à mobilização pacífica dos profissionais vieram à Casa. O projeto do prefeito vai ao encontro dos anseios desses trabalhadores. Se o prefeito não incluiu alguma outra categoria, não foi por falta de vontade política, mas por questões jurídicas”, disse o vereador Eduardo Nóbrega (PSDB).
Vereador que virou oposição após romper recentemente com o prefeito, André Egydio (PSDB) elogiou a medida, mas aproveitou para reprovar a política salarial para as categorias mobilizadas. “Corrige-se uma aberração, de tirar de vocês o direito ao recesso, e fico contente em poder votar para a volta do recesso de vocês, não só em julho como também no final do ano. Mas o prefeito perdeu a oportunidade de corrigir outra grande aberração, o salário de vocês”, disse.
O vereador Moreira (PSD), também da oposição, chamou de “dia histórico” a luta dos educadores pelo recesso e reforçou a urgência de rever o salário das categorias. “Vocês estão dando exemplo muito forte para administração. Que o prefeito não venha com perseguição, intimidação. A partir de hoje vai ter uma nova história de luta em Taboão da Serra e vocês estão à frente. O recesso é hoje uma vitória, amanhã vamos brigar por aumento real para vocês”, disse.
Joice Silva (PTB) ouviu princípio de vaia ao dizer que o secretário João Medeiros (Educação), “de tão sensível que é, vai rever esses 2% que ficaram fora da lei”. Porém, ao contrário de querer “dividir a vitória” com os educadores, ela disse que a conquista foi mérito exclusivo dos servidores. “Números não mentem, temos o melhor Ideb graças ao empenho de cada um de vocês, não é graças à Secretaria da Educação, aos vereadores que vêm aqui comemorar”, afirmou.
O presidente Marcos Paulo (PPS) ficou atônito com o discurso de Joice, de não “capitalizar” o projeto. “Em que pese elas realmente mereçam, o importante é o seu posicionamento favorável”, disse, constrangido. Ele fez questão de ler o projeto que concede o recesso aos “ocupantes de auxiliar de classe, auxiliar de desenvolvimento infantil, auxiliar de desenvolvimento escolar, inspetor de alunos, bem como aos integrantes de classe de suporte pedagógico” – aprovado.
O início da sessão foi tenso, Marcos Paulo repreendeu os educadores que lotaram as galerias, ansiosos pela aprovação do projeto. Mais adiante, ele voltou a ficar impaciente com os servidores. “Estamos fazendo a coisa legal, e tem uma turminha ali que só quer criticar, é gente ligada a PSOL, PT infiltrada no meio. Esses não têm meu respeito”, disse, ao explicar que o pedido de colega para prorrogar a sessão por uma hora era para evitar que a votação fosse invalidada.
Apesar de seguir o regimento, Marcos Paulo admitiu que o vereador podia aproveitar para discursar sobre a proposta. “Dependendo do projeto de lei, o vereador tem o direito de discutir 30 minutos, ele foi eleito para isso”, disse. Porém, os educadores cobravam a votação logo conscientes da atitude. “Eles estão bravos porque não estamos permitindo esses discursos inflamados e essa autopromoção nas nossas costas”, disse uma auxiliar de classe durante a sessão.
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