RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em assembleia extraordinária convocada pelo sindicato, servidores municipais de Embu das Artes decidiram nesta quarta-feira (3) realizar uma paralisação contra o que chamam de “descaso” do prefeito Ney Santos (PRB), no próximo dia 12, sexta-feira. A categoria tomou a decisão por conta de Ney não ter pago o salário no último dia útil do mês, atrasar a cesta básica e entregar produtos de má qualidade e não repassar valores de empréstimo consignado.
Na reunião, conduzida pelo presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Embu (SindServ), Sebastião Paixão, funcionários de várias categorias e secretarias relataram, indignados, que muitos trabalhadores da prefeitura ainda estão sem receber. O Executivo tem até o quinto dia útil – esta sexta (5) – para pagar aos servidores, mas assumiu com o sindicato depositar até o último dia de expediente do mês de trabalho, ou comunicar em caso de impossibilidade.
No último dia útil de junho, na sexta-feira (28), Ney pagou apenas o salário dos profissionais de educação e a bolsa dos funcionários da frente de trabalho, e deixou a maioria dos servidores sem pagamento. Depois de virar alvo de repúdio do sindicato e a entidade convocar a assembleia geral, o prefeito recuou no discurso de que “o pagamento vence no quinto dia útil” e se apressou em pagar a mais servidores, para enfraquecer ou esvaziar a reunião do funcionalismo.
A categoria chegou a uma conclusão sobre o sufoco imposto pela gestão Ney. “Simplesmente, descaso. Priorizaram pagar primeiro frente de trabalho, porque são cargos políticos, e os professores, porque fazem greve. Descaso e falta de respeito com os servidores, em nenhum momento avisaram nada, mesmo tendo reuniões com a comissão do sindicato”, disse uma servidora. As vagas de frente de trabalho são ocupadas por apadrinhados de aliados de Ney.
Os servidores não poupam Ney, mas também miram o secretário de Finanças, José Jorge, por terem sido enganados. “Pelo que foi discutido, a prefeitura arrecadou verba significativa, conforme reunião de prestação de contas em maio. E agora esse atraso”, disse a servidora. Jorge começou a ser criticado com o não pagamento na sexta. “Na audiência pública, ele disse que tivemos uma arrecadação recorde. Agora vem com essa. Filho da p…”, lembrou uma funcionária.
A servidora na assembleia enfatiza a ação seletiva do governo em honrar compromisso. “Ainda tem servidores sem pagamento. É um desprezo total por parte do governo. Só é valorizado que é comissionado e frente de trabalho, porque fazem o que eles mandam. Está no site da prefeitura que foram convocados mais cem frente de trabalho. Para isso tem dinheiro. Nada de holerite nem data de cesta básica, agora para frente de trabalho já está disponível”, disse.
Além da falta de pagamento e do atraso da cesta, os servidores discutiram sobre supostas irregularidades na gestão do EmbuPrev, precárias condições de trabalho e não repasse do consignado. “Um representante da Saúde falou sobre o Cejam, que a prefeitura não está também repassando o dinheiro [para pagar os agentes comunitários]. Também teve servidores sendo cobrados [pelo banco] pelo empréstimo, sendo que foi descontado em folha”, disse a servidora.
No dia da manifestação, os servidores irão se concentrar em frente ao SindServ, às 8h, para depois seguirem até a prefeitura. A categoria não deve tentar falar com o prefeito. “A comissão já tentou e não houve sucesso. Inclusive no dia 28 foram tentados vários meios de contato para ter certeza do atraso do pagamento e não informaram nada”, relatou a funcionária. O presidente Paixão não falou com a reportagem. Procurado, o secretário José Jorge não respondeu.
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