Teste físico para GCM de Embu tem irregularidades e favorece adjunto, diz denúncia

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Aplicação de exercícios em desacordo com o edital, realização de corrida em campo inadequado e precário, aferição de altura suspeita e favorecimento ilegal de candidatos ligados ao governo Ney Santos (PRB), como o secretário-adjunto de Segurança, entre outras irregularidades. Após a prova objetiva ter sido crivada de críticas de organização e ser refeita após cancelada, o concurso para Guarda Civil Municipal de Embu das Artes é novamente alvo de graves denúncias.

Teste
Suporte RH, responsável pelo concurso para GCM de Embu, que aplicou teste físico denunciado por candidatos
Albertino Dutra, secretário-adjunto de Embu
Albertino Dutra, secretário-adjunto de Segurança, e denúncia de que o membro do governo Ney foi favorecido

A Suporte Gestão e Recursos Humanos Ltda, responsável pela provas do concurso para 22 vagas para GCM de Embu (18 homens e quatro mulheres), aplicou o teste físico no domingo (23), no estádio municipal (centro), porém, “tudo diferente do edital”. Para começar, a aferição de altura foi irregular. No caso das mulheres, as candidatas deviam ter no mínimo 1 metro e 60 centímetros, “mas tinha pessoas mais baixas que passaram normalmente”, diz um denunciante.

Os candidatos deviam fazer quatro exercícios, corrida de 50 metros e de 12 minutos, abdominal e flexão de braço. O estádio, porém, não era adequado. “O gramado tinha condições péssimas, estava molhado e cheio de buracos, não tinha como correr ali, falaram que se caísse já estava fora. E não tinha demarcação correta de onde ia ser a corrida, não tinha como saber se realmente era 50 metros”, diz. Concorrentes foram desclassificados por questão de “segundo”.

No teste, o problema não se restringiu ao piso. “Na prova de 50 metros, o mesmo fiscal que dava a largada fazia a cronometragem e a anotação do resultado. Pessoas que correram menos passaram”, diz outro denunciante. As irregularidades não pararam por aí. “Já as abdominais deviam ser executadas em um minuto ininterrupto. Não foi isso que aconteceu, os fiscais deixaram alguns pararem para descansar, depois continuaram normalmente”, aponta.

O número de exercícios era o mesmo para os dois sexos, mas o tempo e a forma de execução eram diferentes, conforme as tabelas contidas no edital – cerca de 20 mulheres e dez homens fizeram os testes. A flexão de braço teve mais situações reprováveis. “Pessoas não estavam executando da maneira que tinha que ser, não estavam fazendo flexões [corretamente], mesmo assim os fiscais estavam contando como se tivessem fazendo”, conta o denunciante.

As falhas na aplicação dos exercícios não teriam sido por acaso, mas visaram favorecer “escolhidos”. “A ajuda estava na cara, pessoas que não fizeram os testes do jeito certo foram aprovadas, que não correram o que deviam passaram, e o fiscal não cronometrou a corrida como deveria. Além de se referirem a alguns candidatos com certa intimidade”, frisa. O denunciante aponta que um beneficiado pelas irregularidades foi Abertino Dutra, secretário-adjunto de Segurança.

“Um dos nomes é Albertino, daquela polêmica toda, acredito que foi ajudado. Chegando lá, todos se aqueceram, ele nem se aqueceu. Flexão, fez muito pouco. Abdominal, praticamente nem fez e passou. Aliás, não vi esse cara fazendo nada, só assinando a folha. A cada exercício executado, tem que assinar uma folha. Só vi o Albertino assinando”, acusa. “Meu recurso já está pronto, vou apresentar na prefeitura, mas algumas pessoas já apresentaram”, completa.

O candidato citou a “polêmica” em referência ao fato de o morador de Embu João Paixão ter denunciado na prefeitura “que houve fortes indícios de ocorrência de fraude no concurso público para provimento de cargos de Guarda Civil Municipal, consistente no favorecimento ilegal para aprovação de alguns candidatos ligados à atual gestão, inclusive ex-GCMs de algumas cidades vizinhas que se exoneraram com a promessa de serem ‘aprovados’ neste concurso”.

Paixão, que fez a denúncia na ocasião da prova objetiva, cita como supostos beneficiados seis candidatos, entre eles Albertino, sobre quem “tudo indica que possui idade superior à exigida no certame”. No entanto, o concurso fixa como limite justamente a idade que Albertino teria atingido, 40 anos, em abril deste ano – o requisito para ser admitido GCM é ter “no máximo 40 anos até a data da nomeação”. Ele era GCM de Taboão e pediu exoneração no fim do ano passado.

OUTRO LADO
O VERBO procurou a RH Suporte e questionou sobre as irregularidades denunciadas nos testes físicos. A empresa, como nas denúncias sobre a prova objetiva, não respondeu. A reportagem indagou Ney. “Mais uma vez, candidatos apontam várias irregularidades no concurso para GCM, agora no teste físico, [inclusive] favorecimento ilegal […] ao seu secretário-adjunto de Segurança”, relatou. Ney não comentou. Também procurado, Albertino igualmente silenciou.

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comentários

  • Muita falta de respeito com candidatos que vem se preparando a meses. Deveria ter sido cancelada e mudada a banca.

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