ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo
O advogado Francisco Assis Henrique Neto Rocha, de 57 anos, foi assassinado, de tocaia, em um posto de combustíveis em uma avenida movimentada na zona sul de São Paulo, na noite desta quarta-feira (19). Assis era um profissional conhecido naquela região da capital, advogou para grandes traficantes e fez a defesa do atual prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), em processos criminais. A polícia encontrou uma arma que pode ter sido usada na execução.
A arma foi achada na manhã desta quinta-feira (20) atrás do muro de uma faculdade na mesma região do assassinato. Os investigadores acreditam que a mesma pistola tenha sido abandonada logo após o ataque no posto, na avenida Washington Luís, em Santo Amaro. Assis, morador do bairro, tinha o hábito de jantar em restaurante de comida japonesa dentro do estabelecimento, uma vez por semana. Os assassinos se aproveitaram da rotina do advogado.
Enquanto Assis jantava, os criminosos pararam o carro em uma vaga do posto ao lado do veículo da vítima e ficaram esperando. Quando o advogado deixou o restaurante, foi até o carro e abriu a porta, um dos assassinos atirou várias vezes – foram feitos mais de cinco disparos. Uma testemunha disse que viu que o atirador usava luvas, o que reforça a linha de crime encomendado. Em fuga rápida, os bandidos cortaram caminho pelo estacionamento de uma lanchonete.
O Citroën Picasso prata foi filmado por câmeras de segurança ao passar por vias do bairro – eram 21h58. O carro foi abandonado cerca de dois quilômetros do posto, com as portas abertas e parcialmente queimado. Antes de fugir às pressas, os criminosos atearam fogo no veículo para eliminar vestígios, mas populares teriam visto as chamas e contiveram o princípio de incêndio. A polícia suspeita que Assis foi vítima de vingança, por cobrar dívida de clientes.
Assis atuou a partir de 2002 na defesa de Ney, denunciado por assalto a carro-forte em Marília (SP). Ney foi condenado em 2003, ficou dois anos preso até ser absolvido em segunda instância. Em 2010, Ney contou de novo com os serviços de Assis, presente à Delegacia Seccional de Taboão da Serra, ao ter uma Ferrari apreendida no bojo da investigação em que foi denunciado por distribuir vale-combustível em troca de votos quando era candidato a deputado federal.
Ney falou com o VERBO e procurou dizer que Assis foi seu advogado apenas em 2002 e que não era mais nem no caso famoso da Ferrari, mas primeiro disse que sim. “Não, não é, desde 2010, faz muito tempo que ele não é meu advogado. De fato, a última vez que advogou para mim foi em 2002, mas em 2010 quando eu tive aquele problema na Seccional, como ele tinha sido meu advogado no passado, ele foi aí. Mas tem 17 anos que não é meu advogado”, afirmou Ney.
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