Corpo do jornalista Clóvis Rossi, independente e de texto crítico, é enterrado em SP

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em São Paulo

O corpo do jornalista Clóvis Rossi, editorialista, repórter e colunista da “Folha de S. Paulo”, um dos mais notáveis da imprensa brasileira, foi enterrado na manhã deste sábado (15) no Cemitério Gethsêmani (zona sul de SP). Além de familiares, amigos, colegas de profissão, políticos e leitores que admiravam o trabalho jornalístico de Rossi se reuniram para se despedir do profissional. Rossi morreu na sexta-feira (14) aos 76 anos, em casa – ele se recuperava de infarto.

Jornalista Clóvis Rossi (1943-2019),
Jornalista Clóvis Rossi (1943-2019), na mesa-redonda ‘Comunicação e Cidadania’, da Igreja Católica, anos 1990

Formado na Faculdade Cásper Líbero, o paulistano Rossi começou no jornalismo em 1963 e era decano da “Folha”, na qual estava desde 1980. Em tempos de polarização, ele sempre soube manter o equilíbrio e o distanciamento político, dialogava com fontes de esquerda e direita e não perdia a independência nem o espírito crítico, não fazia concessões ideológicas – criticava com igual energia crimes e abusos cometidos por um Augusto Pinochet ou por um Hugo Chávez.

Rossi foi correspondente em Buenos Aires (1981-83) e em Madri (1992) e tinha experiência na cobertura de desmandos das ditaduras brasileira e argentina, que o fez ter alergia a todo autoritarismo e desrespeito aos direitos humanos. No velório, a jornalista Patrícia Campos Mello destacou a integridade e generosidade do profissional e disse que todos os estudantes de jornalismo querem ser Rossi. “Não apenas o jornalista Clóvis Rossi, mas a pessoa Clóvis Rossi”, frisou.

Por conta da aversão ao totalitarismo, Rossi foi próximo à Igreja Católica em São Paulo durante o período em que o arcebispo era o cardeal dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), ícone da luta contra a ditadura militar no Brasil. Em 1996, em uma das ocasiões em que partilhou generosamente a experiência em favor da sociedade, ele participou da mesa-redonda “Comunicação e Cidadania” em comemoração ao Dia das Comunicações Sociais, conduzida pelo cardeal Arns.

Autor de textos com as marcas da velocidade, precisão e qualidade, Rossi trabalhou em três grandes jornais do país, “O Estado de S. Paulo” e “Jornal do Brasil”, além da “Folha”, e foi um dos mais premiados de sua geração. Ganhou vários prêmios jornalísticos, entre eles o “Maria Moors Cabot”, da Universidade de Columbia (EUA), e o da Fundácion por um Nuevo Periodismo Iberoamericano, criada por Gabriel Garcia Márquez. Rossi deixa mulher, três filhos e três netos.

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