Uma militante política criou um abaixo-assinado contra a decisão de Engenheiro Daniel (União) de escolher o secretário professor Moreira (Direitos Humanos e Cidadania) para responder provisoriamente pela Secretaria da Mulher e atacou o prefeito. Alessandra Dadona Benedito tratou a “designação” como “nomeação”, em ação articulada com a oposição. O que chama a atenção é que Dadona é ligada ao vereador Wanderley Bressan (PDT), que se declara da base aliada do governo.
Dadona criou a petição online no dia 29 com o enunciado “Secretaria da Mulher é lugar da mulher – revogar a nomeação de um homem como secretário da Mulher da Prefeitura de Taboão da Serra”. Um jornal de São Paulo noticiou no dia 30 sobre o caso, mas o governo Engenheiro Daniel, procurado, afirmou que Moreira ia responder pela pasta enquanto a titularidade estava “em definição” e que “reconhece e valoriza as pautas de equidade de gênero e direitos das mulheres”.
O governo não fez uso de retórica. Desde quando criou a secretaria, ao desmembrar de Direitos Humanos e Cidadania, em fevereiro, Daniel buscava uma mulher para chefiar a pasta, conforme o VERBO noticiou. Em 12 de março, após apuração junto a fonte na prefeitura, este portal apontou que o prefeito tinha escolhido uma delegada para o cargo. Porém, apenas em maio, a policial declarou em definitivo não poder aceitar o convite, em fala a que a reportagem teve acesso.
Este portal publicou no dia 31 que Daniel ia nomear a advogada Thais Miana para a pasta. Dadona, em sinal de estar contrariada, reagiu. Ela decidiu ignorar a resposta do governo sobre a designação ser um ato provisório e a busca de Daniel em convidar uma mulher. “Mas antes de nomear mulher, o prefeito resolveu passar vergonha colocando um homem a frente [sic] desta secretaria. Desnecessário e lamentável. Só mostra a falta de respeito que ele trata o tema”, atacou a militante.
Abaixo da própria reportagem publicada, Dadona também hostilizou o VERBO. “Que vergonha de matéria! Parece que escreveram rápido pra agradecer o chefe, no caso o prefeito, e nem checaram o que procede e o que não procede. Imprensa vendida é um câncer neste país!”, escreveu, sem esclarecer o que não teria fundamento. O fato é que a apuração deste portal foi correta, o prefeito realmente nomeou Thais Miana como secretária da Mulher – ele fez o anúncio no dia 4.
Um morador denunciou a este veículo que Dadona é ligada a Bressan. Nas redes sociais, a militante, do PT, aparece em várias postagens antigas de Bressan no Facebook, há cerca de dez anos. Eles militavam juntos, quando o hoje vereador era filiado ao partido. “Dadona trabalha na ONG de Wanderley Bressan”, disse o munícipe, sobre um núcleo de cultura montado pelo Instituto Lince em parceria com o vereador. Este portal esteve na ONG, no Jardim Maria Rosa, no dia 2.
Na recepção, o repórter perguntou por Dadona. O atendente indicou que ela vai lá. “Ela não está”, disse. Ainda sugeriu que a procurasse: “Você tem o contato dela?'”. Curiosamente, o recepcionista é Ronny Ferreira, que era o assessor de Bressan quando ele foi acusado de compra de votos por PAPs (frente de trabalho) em uma reunião eleitoral em 2024. Ronny alegou que chamou uma PAP para aula de dança. Depois admitiu que foi um evento de campanha de Bressan.
OUTRO LADO
Este portal falou com o Instituto Lince e Bressan sobre Dadona. A entidade, por meio da direção, informou que criou um núcleo de cultura em parceria com Bressan, mas declarou não aceitar que nenhum colaborador, mesmo em projeto com apoio de terceiros, tenha postura de oposição ao governo Daniel. Afirmou desconhecer que a militante atua no núcleo, mas, diante da fala do recepcionista que já foi assessor do vereador, disse: “Vou falar com ele aqui”.
Já Bressan negou que tenha Dadona como colaboradora no núcleo, conforme a denúncia. “Primeiro, ninguém trabalha pra mim no Instituto Lince. O instituto trabalha por ele só. Eu sou apenas um apoiador do projeto. Alessandra Dadona nunca trabalhou pra mim. Pelo contrário, entre 2014 e 2017 ela fazia parte da Executiva Estadual do PT-SP e eu a assessorei, antes de me desfiliar do PT”, disse o vereador. Sobre Ronny, disse que ele trabalha “para o Instituto Lince”.
A reportagem não conseguiu falar com Dadona. Deixou mensagem e pediu para seguir em perfil privado, mas não teve resposta. Um filiado do PT-SP confirmou a proximidade entre ela e Bressan. “Quando foi secretária da Juventude do PT, ela levou o Bressan para lá. Bressan foi assessor dela”, disse. Mas Dadona também tem vínculo com Taboão. A advogada Maria Amélia Alencar, do grupo político (de Aprígio) do qual Bressan fazia parte, disse conhecer Dadona. “Sim”, falou.
ATUALIZAÇÃO
Após a publicação desta reportagem, Dadona falou com o VERBO. Ela disse que não trabalha com Bressan, não tem atuação na entidade nem vai lá. “Nem em Taboão eu trabalho. […] Não trabalho neste instituto e nunca trabalhei”, disse. Indagada por que fez a petição se não teria vínculo com Taboão, Dadona disse: “Eu moro em Taboão e tenho todo direito de fazer abaixo-assinado. Qual teu problema? Você está a serviço de quem?”. Ela também negou ser filiada ao PT.
MILITANTE QUE ATACOU PREFEITO ENGENHEIRO DANIEL É LIGADA AO VEREADOR WANDERLEY BRESSAN
Sou munícipe de Taboão da Serra e concordo que essa matéria, além de ser uma vergonha, pois não apurou os fatos.
Mesmo sem ter ligação nenhuma com situação ou oposição, sei que a nomeação de um homem para a secretaria NÃO FOI DE FORMA PROVISÓRIA!
APOIEI E APOIO a iniciativa corajosa dessa petição, pois moro no Município há 37 anos e acompanho o que acontece bem de perto.
Essa matéria tendenciosa e nitidamente encomendada é um COMPLETO DESSERVIÇO para todas nós munícipes!
De fato, a imprensa vendida é um câncer em nosso país! Melhorem.
O VERBO respeita a opinião da leitora.