O ex-vereador de Taboão da Serra Luiz Carlos de Albuquerque Orlandino, uma das figuras influentes da política da cidade por mais de duas décadas, morreu nesta quarta-feira (14), aos 77 anos, de câncer. Orlandino ocupou uma cadeira da Câmara taboanense de 1976 a 1981 e de 1993 a 1996. No segundo mandato, foi presidente do Legislativo, em 1995 e 1996. Grande articulador nos bastidores, ele era um apaixonado por política e um líder “eclético” ao declarar apoio.
Há 11 anos, em 2014, Orlandino deu uma longa entrevista ao VERBO e relembrou a trajetória, desde os primórdios em Taboão. “Eu venho [na política] desde a coordenação da [ex-prefeita] Laurita [Ortega Mari (1964-1968)] […] Fui convencional [delegado da convenção] do [ex-governador e ex-prefeito Paulo] Maluf em 1978, do [ex-presidente da CBF] José Maria Marin. Eu tinha toda a oportunidade de ir a todos os jogos da Copa [do Mundo no Brasil] convidado pelo Zé Maria”, disse.
Naquela época, dono de um comércio no Pirajuçara, Orlandino se tornou amigo do ex-prefeito Fernando Fernandes, então apenas médico. “Quando ele chegou a Taboão [na região] […], eu o acolhi no Rotary, no Clube dos Lojistas…”, lembrou. Após perder a eleição para vereador em 2000, ele foi coordenador de campanha de Analice Fernandes (PSDB) na primeira eleição da deputada estadual, em 2002. “Mas depois, por conjunturas políticas, tivemos um distanciamento.”
Pragmático, Orlandino passou a apoiar o então rival dos Fernandes, o prefeito Evilásio Farias (falecido no ano passado). Durante o segundo mandato de Evilásio, porém, teve o maior revés da vida política. Em 2011, ele foi um dos mais de 20 acusados de envolvimento na baixa fraudulenta de IPTU, na “Operação Cleptocracia”, e chegou a ser preso. Mas, em 2019, foi julgado inocente pela Justiça por falta de provas. “Escaldado”, ele decidiu apoiar Fernando a prefeito em 2012.
Orlandino recordou a vitória. “Fui dos homens que puxaram a cabeça da campanha dele – você [repórter] lembra disso -, com carro de som, falando, trazendo o pessoal [moradores] para a rua para vir cumprimentar o Fernando”, disse. Deu a versão dele para rejeitar o candidato de Evilásio. “O Aprígio também não fez por merecer, para agarrar a minha amizade. O Fernando me convidou, foi na minha casa duas vezes. O Aprígio nem passou no meu portão”, contou, rindo.
Em aparente tentativa de se justificar que não traiu o grupo governista à época, Orlandino reforçou que não tinha acordo com o então prefeito em apoiar quem lançasse. “Nunca tive compromisso com Evilásio. Pelo contrário, o compromisso que tive com Evilásio foi de apoiá-lo, lancei minha filha candidata a vice dele [que não vingou], sustentei parte da campanha dele, botei caminhão, som, ônibus, e nunca pedi para ele um cargo sequer na prefeitura”, disse.
De volta a 2014, Orlandino deu nova guinada no pragmatismo. Ele falou a este portal em Embu das Artes, no lançamento da campanha à reeleição do deputado estadual Geraldo Cruz, do PT. “Por intermédio de meu filho e pela amizade que tenho de muitos anos com [o então deputado federal petista] Vicente Cândido, que é meu irmãozão, me senti na obrigação de apoiar o Vicente, e obviamente o Geraldinho é um grande companheiro, que vamos ajudar a reeleger”, disse.
Orlandino estava ressentido com Fernando, mas alegou não precisar de cargo na prefeitura. “Não sou orgulhoso. Eu tenho vergonha. Se eu pedir alguma coisa e você disser não, vou passar mal”, falou. Porém, em 2016 voltou a apoiar Fernando, em nova eleição vitoriosa. E, no ano passado, apoiou o derrotado Aprígio. “Faço política de coração, por prazer, porque gosto, conheço política com profundidade”, falou ao VERBO. Ele deixa mulher, Olga, e os filhos Soraya, Sara, Sheila e Sérgio.
CLIQUE E LEIA ENTREVISTA DO EX-VEREADOR LUIZ CARLOS ALBUQUERQUE ORLANDINO AO VERBO EM 2014