Daniel mobiliza moradores e se dispõe a ouvir ‘o contrário’ do que defendeu na eleição sobre ex-BR

Ele disse ser a favor de 4 cruzamentos, 'mas vamos seguir o intuito da população', afirmou; 'moradores eleitores' poderão votar no site da prefeitura a partir do dia 21

Especial para o VERBO ONLINE

Audiência pública debate gestão da ex-rod. Régis Bittencourt e instalação de semáforos, na Câmara Municipal; prefeito Engenheiro Daniel faz fala de abertura | Ricardo Vaz-PMTS

O prefeito Engenheiro Daniel (União) mobilizou grande número de moradores e garantiu aos usuários da ex-rodovia Régis Bittencourt em Taboão da Serra, atual avenida Aprígio Bezerra da Silva, darem a opinião de que querem a manutenção dos cruzamentos na via, em audiência pública, na Câmara, na noite desta quarta-feira (14). Ele, que defendeu na campanha eleitoral a remoção dos semáforos, se dispôs a ouvir o contrário e afirmou que vai seguir o desejo popular.

Logo na abertura da audiência, Daniel citou as demandas geradas pela desfederalização da BR-116, mas já expôs que adotará uma linha democrática. “Com a municipalização da Régis, temos uma despesa de quase R$ 16 milhões por ano. É muito importante que a cidade saiba qual o custo para manter. Além de outros fatores que entendo que foram prejudiciais à cidade, como a saída da Polícia Rodoviária Federal, dificultando ainda mais o trabalho da segurança”, disse.

“Eu sempre deixei muito claro que este era o meu descontentamento. Mas o meu desejo de possivelmente devolver [a gestão da via ao governo federal] jamais estaria acima da vontade da população. Eu não estou aqui para direcionar a vida de vocês. Muito pelo contrário, estou como prefeito para servir vocês, que são moradores de Taboão da Serra. O que for gerar impacto grande como esta questão, jamais vou tomar atitude sem ouvir a população”, afirmou Daniel, aplaudido.

O secretário Marcos Paulo (Mobilidade) apresentou o projeto feito pelo governo anterior – ao avisar que o técnico responsável alegou não poder comparecer. Ele disse que a gestão Aprígio (Podemos) definiu criar dez cruzamentos – em vez de oito abertos -, mas não seguiu o projetado e apelou a improvisos, como o do Parque Laguna, muito próximo ao retorno do Parque Pinheiros. “O que foi aplicado é diferente do estudo. É um dos semáforos um tanto quanto polêmicos”, disse.

Depois, moradores, por categorias de usuários da ex-BR, fizeram perguntas. Um motorista de aplicativo apoiador de Aprígio defendeu os cruzamentos e falou que o prefeito reclama do custo da via, mas criou novas secretarias. Daniel falou que a decisão visa captar verbas e citou a pasta do Turismo. “Todos os segmentos são importantes. O evento que você faz [de ONG] no Cemur também representa turismo. Conseguimos no ministério R$ 2 milhões para a cidade”, respondeu.

O ex-vereador Paulo Félix questionou o gasto com a municipalização, que chamou de “caixa preta”, e reprovou o nome do pai de Aprígio na via. Daniel falou que o valor é uma incógnita, mas está apurando. “Já existe um trabalho para sabermos não somente o valor, mas se foi gasto nas intervenções feitas”, afirmou. Ele revelou que o Ministério Público abriu inquérito e já pede a mudança do nome. “Vejo como 100% certo que será mudado, não por vontade do prefeito”, disse.

Um taxista disse que com os cruzamentos “as corridas ficaram pela metade, mas aumentaram”, favorável à permanência. Um membro da OAB também foi a favor ao dizer que a via ficou com três faixas, e indagou se o “ganho” será perdido se a via voltar a ser federal. Daniel concordou. “O que antigamente era acostamento se tornou uma terceira faixa, o que faz fluir melhor o trânsito. Se devolvermos a gestão, acredito que a gente perca a terceira faixa”, reconheceu.

Depois, perguntas de presentes foram sorteadas de cinco caixas representativas de regiões da cidade. A primeira, de uma empresária, citou o primeiro cruzamento, em frente à Sercom, como perigoso. Daniel anunciou providência. “Quem vem da faixa da esquerda não tem a visualização se o semáforo está aberto ou fechado. Até o mais tardar segunda-feira, vamos remover o gradil. Vamos manter só o ‘new jersey’ [barreira de concreto], para diminuir os acidentes”, disse.

Um morador reclamou que a rua Francisco Celso, uma antes do Shopping Taboão, recebeu o cruzamento, mas não comporta e passou a ter trânsito, e a vizinhança não foi consultada, pela gestão passada. Daniel disse que a travessia deverá ser removida, “até porque não vejo ninguém defendendo”, mas que mesmo a mudança aprovada pela população será experimentada. “Será colocada em teste por pelo menos 30, 60 dias para ver se é a decisão acertada.”

Um aposentado pediu radares na via. Daniel concordou. “A gente não vai multar todo mundo. Vai multar quem não respeita o próximo”, disse. Uma urbanista sugeriu um plano de mobilidade que contemple calçadas e bicicletas. Ele disse que vai contratar um instituto que faça o projeto. “E pretendemos montar uma comissão de moradores que possa avaliar e tirar do papel”, disse. Marcos Paulo falou que Taboão terá um plano para passar a receber R$ 26 milhões de recurso federal.

Um jovem perguntou se a cidade terá pedágio e se há garantia de que a alça sul, não executada pelo shopping, será feita se a via for federalizada. Marcos Paulo descartou o pedágio, por Taboão estar em perímetro urbano. “Não existe uma garantia fazendo a devolução. Acredito até que dificulta a construção”, disse Daniel. Ele falou que busca recurso para fazer uma alça na divisa com Embu das Artes. “Aí sim faríamos a remoção do último farol, do São Judas”, disse.

Ao final, Marcos Paulo anunciou a disponibilização na próxima quarta-feira (21) no site da prefeitura de um link para que todos os “munícipes eleitores” possam opinar se a prefeitura deve devolver a gestão da ex-BR-116 ou não, e sobre o nome da via, em caso de permanência. O governo sugeriu para votação “Avenida Taboão da Serra”, “Avenida 19 de Fevereiro” ou o nome do ex-prefeito falecido Evilásio Farias, citado como o idealizador dos cruzamentos na então BR-116 no Centro.

Em entrevista, Daniel disse ser a favor de manter quatro cruzamentos: na José Dini (próximo à Itaipava), no shopping, no Jardim Salete (ao lado da padaria Belas Artes) e São Judas. “Mas vamos seguir o intuito da população”, reafirmou. Ele indicou que, apesar da sinalização popular favorável às travessias hoje, tinha que pôr em discussão, por coerência. “Lá atrás, eu fiz o compromisso com a população de que faria a devolução da Régis e a remoção dos faróis”, declarou.

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