O governo Hugo Prado (Republicanos) diz que a aluna do Centro Educacional Armando Vidigal que teve fraturas nas mãos “esteve bem” na escola e sugere que a estudante sofreu as lesões após chegar em casa, na família. Távila Fernanda Torres, de 29 anos, que é autista não verbal (grau severo), teve quatro dedos quebrados, dois de cada mão, os anulares e os do meio, quebrados. A mãe Françoeide (Fran) Torres denuncia que a filha foi machucada após ir à escola.
A aluna da escola no Jardim São Marcos teve as fraturas no mês passado – 8 de abril. “Ela saiu bem de casa. Quando chegou, na perua [escolar], estava reclamando. Entramos em casa, fui pegar na mão dela, ela não segurou na minha mão, dando grito. Fui lavar as mãos dela, e ela continuou a gritar. Foi quando eu vi que a mão estava inchada”, conta Fran. No hospital, foi descoberto que não apenas dois dedos de uma mão, mas outros dois da outra estavam quebrados.
O VERBO noticiou o caso no último dia 28. Contatada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação respondeu no dia seguinte, por e-mail, em que declarou não ter constatado “irregularidades”. A prefeitura diz, por meio da Secretaria de Educação, que “ao tomar conhecimento da situação envolvendo” a aluna “iniciou imediatamente apuração rigorosa dos fatos, com análise de imagens, oitiva de profissionais e contato com a empresa do transporte adaptado”, e abriu sindicância.
“A princípio, foi constatado que a estudante esteve bem durante todo o período no Centro Educacional e foi entregue em boas condições à sua mãe. Após o retorno à residência, a mãe relatou que identificou inchaço no braço da filha e a levou à UPA, onde inicialmente não foi detectada fratura. Posteriormente, após novo exame, foram constatadas fraturas em dois dedos da mão direita”, prossegue o governo Hugo, sem se referir aos dois outros dedos quebrados.
A Secretaria de Educação diz a seguir “que prestou apoio imediato, viabilizando vaga com ortopedista e vistoria no veículo de transporte, não sendo constatadas irregularidades. A família foi recebida em reunião com representantes da escola e da secretaria, acompanhada de advogado, e todas as medidas adotadas foram esclarecidas”. A prefeitura declara, por fim, reafirmar o “compromisso com a inclusão, o cuidado com os estudantes com eficiência e transparência”.
Procurada por este portal para comentar a resposta do governo municipal sobre o caso, a mãe de Távila reagiu com indignação. “Mentiroso. Coragem de fazer isso com a minha filha, eu não tenho. E se tivesse acontecido um acidente na minha casa, eu jamais ia botar a culpa em outra pessoa. De jeito nenhum. Muitas vezes a minha filha teve crise convulsiva, ficou doentinha, e eu a socorri, resolvi tudo sozinha. Eu sou mãe de verdade! Eu cuido dela 29 anos!”, diz Fran.
A mãe contou que após a filha chegar do centro educacional em casa logo notou que Távila reclamava de dores e estava com a mão inchada, e já telefonou para a escola para saber o que tinha ocorrido, para negar acidente doméstico. Já o transporte escolar teria levado tempo maior. “Me informaram que gastaram oito minutos da escola para cá [em casa] na perua. Eu falei: ‘Em oito minutos dá para matar muita gente’. A minha filha já chegou assim! Não sou louca, não”, diz.
Fran relembrou que Távila teve há cinco anos um corte na perna no transporte. “Quando aconteceu o acidente e pegou [precisou levar] sete pontos, a monitora falou assim: ‘Mas eu não sei o que foi”. Mesmo a minha filha com a perna descendo sangue, como uma torneira. Eu tive que entrar na perua e descobrir o ferro que estava embaixo do banco onde ela estava sentada. Ninguém sabe de nada! Se fosse o contrário, todo mundo já saberia e estaria me condenando”, protesta.
Aliás, a empresa contratada pela prefeitura para prestar o serviço de transporte escolar aos alunos do Armando Vidigal também respondeu um dia após a publicação da reportagem, por meio de advogado. A Adapt Transporte e Turismo Ltda preferiu não tirar conclusão sobre o responsável pelas fraturas em Távila, ao contrário do governo Hugo Prado. “A empresa aguarda a apuração dos fatos, se colocando a disposição e em colaboração com a municipalidade”, declara.
VEJA NOTAS DO GOVERNO HUGO PRADO E DA EMPRESA DO TRANSPORTE ESCOLAR SOBRE FRATURAS NA ALUNA TÁVILA
RESPOSTA DA PREFEITURA DE EMBU DAS ARTES:
“A Prefeitura de Embu das Artes, por meio da Secretaria Municipal de Educação, esclarece que, ao tomar conhecimento da situação envolvendo a estudante Távila Fernanda Torres, matriculada no CEPD Armando Vidigal, iniciou imediatamente apuração rigorosa dos fatos, com análise de imagens, oitiva de profissionais e contato com a empresa de transporte adaptado. Também foi aberta uma sindicância interna.
A princípio, foi constatado que a estudante esteve bem durante todo o período no Centro Educacional e foi entregue em boas condições à sua mãe. Após o retorno à residência, a mãe relatou que identificou inchaço no braço da filha e a levou à UPA, onde inicialmente não foi detectada fratura. Posteriormente, após novo exame, foram constatadas fraturas em dois dedos da mão direita.
A Secretaria de Educação prestou apoio imediato, viabilizando vaga com ortopedista e vistoria no veículo de transporte, não sendo constatadas irregularidades. A família foi recebida em reunião com representantes da escola e da secretaria, acompanhada de advogado, e todas as medidas adotadas foram esclarecidas.
A Prefeitura reafirma seu compromisso com a inclusão, o cuidado com os estudantes com deficiência e a transparência dos processos, estando à disposição para prestar esclarecimentos adicionais.
At.te
Departamento de Jornalismo da Prefeitura de Embu das Artes”
RESPOSTA DA ADAPT TRANSPORTE E TURISMO LTDA:
“A empresa Adapt Transporte e Turismo Ltda preza pelo cumprimento de todas as normas de mobilidade e segurança, zelando pelo bem estar de todos os alunos da rede publica municipal de ensino. Quanto ao fato pontual ocorrido, a empresa aguarda a apuração dos fatos, se colocando a disposição e em colaboração com a municipalidade.”