O vereador Índio Silva reagiu ao veto de Hugo Prado à lei do plano de combate a enchentes em Embu das Artes e fez um discurso forte contra o prefeito, na sessão na quarta-feira (2). Ele aconselhou que os moradores prejudicados pelos alagamentos joguem “merda na cara” do prefeito, e na dos vereadores (da base) que votaram a favor do veto. Índio é do partido de Hugo, o Republicanos, mas se juntou aos governistas dissidentes e à oposição (grupo dos 11, maioria na Casa).
Índio apontou demagogia de Hugo e vereadores aliados ao prefeito ao exibirem nas redes sociais que estão auxiliando os moradores após as enchentes quando votam contra o plano municipal. “Aí depois querem fazer aquela política barata, colocar na rede social que está lá ajudando o povo. Como está ajudando o povo? O cidadão acabou de perder o guarda-roupa, a cama, o colchão, e encostam lá com o caminhão e a máquina e [falam] ‘estou aqui ajudando o povo’, disse.
Índio disse também que o governo, além de tirar os móveis dos munícipes que se estragaram por causa dos alagamentos e falar que está ajudando, oferece alimentos e mercadorias que seriam de má qualidade. “Chega com uma cesta básica que dá vergonha. Chega com um colchão que dá vergonha”, criticou. Em seguida, ele sugeriu que os prejudicados, das “comunidades”, de bairros pobres, saibam retribuir ao prefeito e vereadores contrários ao plano antienchente.
“Quando estes políticos [vereadores alinhados a Hugo] que votaram contra aqui [a favor do veto], quando o prefeito chegar com caminhão com cesta básica, querendo fazer doação para vocês, sabe o que eu aconselho? Encha o balde cheio de merda e taca na cara desses vagabundos sem vergonha, que só querem aparecer de quatro em quatro anos para pedir o voto de vocês”, discursou Índio, para furor do público. A base aliada do prefeito ficou atônita.
Os locais na cidade com ocorrências de enchente só aumentam, na região central, como na entrada da cidade, na avenida Elias Yazbek, e principalmente na periferia. O vereador listou alguns, como a avenida das Pombas (Jardim Vazame), rua Botucatu (Dom José), Vila do Sapo (Santo Eduardo), Jardim Castilho, rua Vasco da Gama, rua Santana do Parnaíba (ambas no Jardim Ângela), além da rua Centauro, no Jardim do Colégio, que teve uma tragédia há quatro anos.
“Tivemos vítimas lá, em 2020. Seis pessoas morreram lá, tudo da mesma família, sendo três crianças. E aí estamos votando um projeto aqui para combate a enchente, e vereador que é capacho do prefeito tem que votar contra”, disparou Índio. No total, no deslizamento de terra, morreram quatro crianças (de 7, 5 e 1 ano, e 8 meses) e dois adultos. Em outro caso, em 2022, no Jardim Pinheirinho, outras três pessoas morreram soterradas, entre elas uma menina de 4 anos.
A vereadora Sandra Manente (Republicanos), em vez de reconhecer a importância da lei em discussão, preferiu reclamar de Índio. “Alguns vereadores, às vezes, trazem projetos de lei para expor os vereadores do governo”, disse. Ela e mais seis vereadores da base aliada votaram a favor do veto de Hugo, ou seja, contra o plano antienchente – Betinho Souza, Gilson Oliveira, Dedé (todos Republicanos), Alexandre Campos (Avante), João Rabada e Vanessa da Saúde (ambos União).
A lei antienchente foi aprovada na primeira sessão ordinária, em 5 de fevereiro. Aline Santos (MDB), que contrariou a base e foi a favor do projeto, absteve-se de votar sobre o veto. No fim, o veto foi rejeitado por 11 votos a 7. O presidente Abel Arantes (SDD) lamentou o ato de Hugo. “É triste saber que o prefeito está contra o povo. […] O prefeito não tem um planejamento de combate a enchente, e quando a gente propõe um projeto, ele vai e veta. […] Prefeito, sai da internet”, cobrou.
VEJA DISCURSO EM QUE ÍNDIO SILVA SUGERE QUE AFETADOS POR ENCHENTE JOGUEM ‘MERDA’ NO PREFEITO E VEREADORES DA BASE
