O Ministério Público de São Paulo denunciou na segunda-feira (24) cinco pessoas por planejamento e execução do falso atentado contra o então prefeito Aprígio (Podemos), de Taboão da Serra. O MP pede à Justiça que três suspeitos, identificados como executores, virem réus por quatro tentativas de homicídio com dolo eventual, adulteração de sinal de veículo e incêndio, e dois, apontados como intermediários, respondam pelas tentativas de homicídio, também com intenção.
O promotor Juliano Atoji, à frente do caso junto com a Polícia Civil, relata que a cerca de dez dias do segundo turno das eleições de 2024, em outubro, os denunciados se reuniram a mando de pessoas ligadas ao grupo político de Aprígio para simular uma tentativa de homicídio em vista de criar um “fato político” para o então prefeito se vitimizar e alavancar a candidatura à reeleição, já que no primeiro turno tinha ficado 34 mil votos atrás do adversário, Engenheiro Daniel (União).
Em 18 de outubro, Aprígio foi atingido por tiros de fuzil no ombro quando retornava de suposta vistoria a uma obra, na avenida Aprígio Bezerra da Silva. Dois dias antes, segundo a investigação, os suspeitos se reuniram para planejar os detalhes do falso atentado, inclusive a divisão de R$ 500 mil a ser paga pela armação. Um intermediário, Anderson da Silva Moura, apelidado “Gordão”, comprou o fuzil por R$ 85 mil e entregou a um dos executores, Odair Junior de Santana.
Já Odair adquiriu um carro por R$ 15 mil para ser usado no ataque forjado, diz a denúncia. O MP narra que no dia e local combinados os executores usaram carro com placa, chassi e motor adulterados para alcançar o Jeep Renegade ocupado pelo então prefeito e mais três pessoas. Acrescenta que eles atiraram com o fuzil (AK-47) contra o carro e, apesar de o veículo ser blindado, “dois projéteis” perfuraram a proteção e atingiram Aprígio no braço esquerdo e perto da clavícula.
Os homens fugiram do local e incendiaram o carro. O outro executor foi Gilmar de Jesus Santos, que fez um acordo de delação premiada e confessou. Ele que expôs o ataque como forjado. “Ele [mandante] queria era um susto […] que desse mídia para […] chamar a atenção do eleitor. […] Insistiram para poder fazer do jeito que eles queriam, para poder parecer um fato real”, contou. Os planejadores só perceberam o erro após o então prefeito ter ficado gravemente ferido.
Os atiradores tiveram a ajuda de um homem considerado o terceiro executor. Jefferson Ferreira de Souza se encarregou da fuga da dupla. Para o MP, os suspeitos não se importaram que o prefeito ou as outras pessoas no carro podiam morrer. “Não só eram sabedores da arma de fogo a ser utilizada na empreitada criminosa (de alto poder lesivo), como também do local da execução e da condição do veículo que abrigava as vítimas, cuja blindagem do tipo 3A foi transfixada”, diz.
Intermediários e executores foram denunciados com 4 agravantes. Uma: motivo torpe. Para o MP, eles, ao combinarem dividir R$ 500 mil para pôr o plano em prática, agiram “como verdadeiros mercenários e matadores de aluguel”. As outras são não dar chance de defesa, utilização de arma de uso restrito e perigo comum. Sobre a última, Atoji observou que o bando ao atirar com arma de grosso calibre e em dia e local movimentados pôs em risco a vida de várias pessoas.
Portanto, os denunciados são: Anderson da Silva Moura e Cloves Reis de Oliveira, os intermediários; Gilmar de Jesus Santos, Odair Junior de Santana e Jefferson Ferreira de Souza, executores. Anderson e Gilmar estão presos. As investigações continuam para identificação dos mandantes do falso atentado. Entre 15 pessoas, estão sendo investigados três então secretários municipais: Valdemar Aprígio, irmão de Aprígio; José Vanderlei dos Santos e Ricardo Rezende.