Grupo dos 11 aprova plano de combate a enchentes; aliados de Hugo votam contra e são derrotados

Dissidentes e oposição ainda emplacaram lei de transparência na gestão, apuração contra servidor e convocação de secretário sobre falta de pagamento a funcionários

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Bobilel (de pé, ao fundo) rebate fala de Rochinha, líder de Hugo na Câmara, que esbraveja; grupo dos 11 'atropelou' aliados do prefeito e aprovou todas as matérias pautadas | Verbo

Os nove vereadores que se declaram governistas dissidentes e os dois da oposição não apenas reafirmaram a união, como aprovaram dois projetos de lei, dois requerimentos e duas indicações e impuseram nova derrota ao prefeito Hugo Prado (Republicanos), na primeira sessão ordinária da nova legislatura, na quarta-feira (5). Os demais 10 vereadores, por ordem de Hugo, a quem se mostram “submissos”, posicionaram-se em geral contra as matérias e foram voto vencido.

Sob a presidência de Abel Arantes (SDD), a sessão ficou lotada de munícipes e lideranças no desejo de saber se os dissidentes iam manter a independência frente o Executivo demonstrada na eleição da mesa-diretora. E foi marcada por embate entre os dois grupos, em que os aliados de Hugo passaram “vexame”. O primeiro projeto (PL) aprovado pelo grupo dos 11 foi logo o proposto pela oposição, por Abidan Henrique (PSB), o Plano Municipal de Combate a Enchentes.

O projeto, apresentado após Embu ter alagamentos e deslizamentos no fim de semana, passou a ser de autoria dos outros 10. Antes, porém, foi apreciado se a votação seria em regime de urgência. Houve aprovação. Os aliados de Hugo tiveram a primeira derrota. A proposta foi aprovada. “O projeto prevê que a prefeitura faça o monitoramento de área de risco, obras de drenagem, política de educação ambiental, e crie um conselho de combate a enchentes”, justificou Abidan.

Abidan lembrou que o ex-prefeito Ney Santos não destinou nenhum recurso contra enchentes nos oito anos de governo, dos quais quatro com Hugo como vice, e os chamou de “omissos”. Uriel Biazin (PT) mostrou dados de altos volumes de chuva para evidenciar que as enchentes são previsíveis. Ricardo Almeida (Republicanos), dissidente, disse que “a independência da Câmara é justamente para pautar projetos de grande relevância. Esse projeto chega ao povo”, defendeu.

Os vereadores da base do prefeito – Betinho, Gilson Oliveira, Sandra Manente, Dedé (Republicanos), Vanessa da Saúde, João Rabada (União), Rochinha (Avante) e Gustavo do Rancho (PSD) – votaram contra e foram derrotados. A exceção foi Aline Santos (MDB). Os 11 comemoraram. “Solicito que esta Casa coloque o nome da vereadora Aline Santos no projeto. A vereadora vai fazer parte do projeto nosso”, anunciou Abel, em meio a aplausos dos aliados e vibração na galeria.

Diante do constrangimento por contrariar ordem do Executivo, Aline foi à tribuna se explicar. “Desde já, eu gostaria de deixar muito claro aqui a minha parceria de sempre e o meu apoio ao governo do Hugo. O fato de eu ter votado a favor do projeto não significa que eu estou compactuando com qualquer ação que tem acontecido dentro desta Casa”, disse. Em provável desconforto em não poder votar a favor de projeto positivo, Alexandre Campos (Avante) se ausentou do plenário.

Se Aline foi festejada, Rochinha provocou a ira dos 11 e do público ao fazer defesa do Executivo considerada “cega” e fugir dos temas em discussão e principalmente questionar os dissidentes com falas “incoerentes” e zombar. Ele chegou a se referir aos discursos dos oponentes sobre independência do Legislativo como “uma grande novela”. Ricardo reagiu e desafiou o colega ao debate ao dizer que deve se qualificar primeiro. “O senhor é um grande ator”, disse.

“Não sou contra projeto algum para beneficiar o povo”, alegou Rochinha. Bobilel Castilho (MDB), dissidente, foi até o painel eletrônico e apontou o nome dele com voto contrário ao projeto antienchente. Rochinha teve a postura subserviente a Hugo caracterizada com um apelido chulo e foi chamado várias vezes na galeria de “vereador chupetinha”. Procurado pelo VERBO, ele disse não estar em condições de dar entrevista. Agendou para esta quinta-feira (6), mas refugou.

Os 11 ainda derrotaram os aliados de Hugo e aprovaram o projeto de lei de transparência no serviço público, de autoria do grupo; os requerimentos de informação sobre a ficha funcional e “financeira” do servidor Marcelo Sateles Novaes, apresentado por Léo Novais (PL), e de comparecimento do secretário José Roberto Jorge (Fazenda) para esclarecer atraso no salário dos servidores e não pagamento de rescisões a ex-funcionários, feito por Ìndio Silva (Republicanos).

As indicações foram de que a prefeitura cadastre os imóveis atingidos pelos alagamentos e deslizamentos e conceda isenção de IPTU aos afetados, ambas de Abel. A primeira matéria aprovada, porém, foi a moção de aplauso para Sérgio Cabrito (mestre Joca) e Reginaldo Santana (professor Jamanta), proposta por Zé do Piscinão (PP). Para que as idosas do projeto de Joca não precisassem aguardar até o fim da sessão, foi pedida inversão da pauta. Contra, Betinho foi vaiado.

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