A poeta e produtora cultural Rosilene da Costa Dorea, a Rose Dorea, será velada nesta quinta-feira (23), das 8h às 11h, no Cemitério da Saudade, em Taboão da Serra. Ela morreu na terça-feira (21), aos 51 anos, após sofrer um AVC, com diagnóstico de tumor no cérebro – estava internada no Hospital do Campo Limpo (zona sul de SP). Rose morava em Taboão, tinha acabado de ser formar assistente social e era muito celebrada pela atuação na cidade e no Sarau da Cooperifa.
No movimento cultural e literário que começou em Taboão e desde 2002 acontece no Jardim Ângela (zona sul de SP), em um bar, Rose tinha papel de destaque. Durante a mostra cultural, ela participava da concepção do evento e da elaboração da programação, além de receber os grupos para se apresentarem. Ela contribuiu para difundir que a poesia está presente na periferia e combater os estigmas que desvinculam arte dos territórios marginalizados da metrópole.
Rose ajudou na mudança do perfil do espaço, que antes tinha mais homens. “O sarau deu visibilidade para nós mulheres. De mostrar que é um bar, mas você tem direito de estar onde quiser”, disse. Ela própria se transformou pela experiência. “Eu volto a estudar [2005] realmente por conta da Cooperifa, para entender o que era falado”, contou, após ter perdido o interesse pela escola na 8ª série devido às dificuldades de leitura por conta da dislexia, que só descobriu aos 44 anos.
“Eu me considero uma produtora cultural da rua, porque aprendi na raça, aprendi dentro da Cooperifa”, disse Rose. Era mais. Já em 2001, ainda em Taboão, foi intitulada “musa da Cooperifa”, na primeira edição do prêmio do movimento, após ter recepcionado os presentes e feito a entrega das medalhas. Em 2023, após 22 anos de Cooperifa, chamada “para um monte de coisas”, ela dizia viver uma fase de reconhecimento, de “ter um lugar de fala como uma mulher preta”.
Em Taboão, Rose fez vários eventos, sendo o último a apresentação da cantora Fabiana Cozza no Cemur, em novembro. Ela também trabalhou na prefeitura, na UBS Santo Onofre, na região do Panorama, bairro onde residia. “A notícia é tão devastadora que não há palavras para descrever o que estamos sentindo. É só dor e lágrimas”, disse o poeta Sérgio Vaz, um dos fundadores da Cooperifa. Rose Dorea será cremada no Cemitério Valle dos Reis. Ela deixa um filho, de 15 anos.