O prefeito Hugo Prado (Republicanos), com a vice Dra. Bete (MDB), iniciou o governo em Embu das Artes com uma derrota impactante ao assistir, atônito, à não eleição da aliada que escolheu para presidente da Câmara, Vanessa da Saúde (MDB), durante a posse, na quarta-feira (1º). Hugo, com o ex-prefeito Ney Santos, sofreu “nó tático” de um grupo de governistas após “humilhar” Boblel Castilho (MDB) e impor a ex-secretária de Saúde que não atendia e ofendeu os vereadores.
Abidan Henrique (PSB), como o vereador mais votado nas eleições de 2024, presidiu a sessão e expôs já no início o desconforto do Executivo. Ele chamou Hugo e Dra. Bete a compor a mesa dos trabalhos, como parte do rito de posse, mas os dois, para não sentar ao lado do rival, recusaram e ficaram de pé, em sinal de “prepotência” e falta de civilidade democrática. Abidan seguiu e conduziu a articulação que minou o governo, a começar por desistir de disputar a presidência.
Sete governistas (Abel Arantes – Solidariedade, Juneca – MDB, Índio Silva – Republicanos, Zé do Piscinão – PP, Léo Novais – PL, Ricardo Almeida – Republicanos, e Boblel), com adesão dos quatro da oposição (Diego Paixão – Podemos, Gideon Junior – PV, Uriel Biazin – PT, e Abidan), formaram maioria (11, de 21 vereadores) contra a imposição de Hugo-Ney de eleger Vanessa. Primeiro a se manifestar (ordem alfabética), Abel votou em si e revelou ser o pivô do racha.
Abel votou ainda em Diego para vice-presidente, Aline Santos (MDB) para 1ª secretária, Gideon para 2º secretário, Abidan para 3º secretário, e Boblel para suplente, também conforme o acordo. Mas Aline votou com o governo, em Vanessa para presidente, em si para vice, Sandra Manente (Republicanos) para 1ª secretária, Gustavo do Racho (PSD) para 2º secretário, Betinho Souza (Republicanos) para 3º secretário e Rochinha (Avante), suplente – “traiu” os independentes.
Após a “roída de corda” de Aline, conforme o VERBO apurou, Abidan estranhou que Índio fez o “movimento” de pedir para usar a tribuna para votar – os oito votantes anteriores tinham se manifestado dos próprios assentos. Abidan chegou a negar o pedido, mas recuou ao ouvir de Abel que Índio ia ser fiel ao grupo. Apesar de discutir com Abidan, Índio votou em Abel para presidente, e nos opositores Diego (vice) e Gideon Junior (1º secretário). O governo ficou atordoado.
No entanto, Índio também “atrapalhou” o “G11”. Ele preteriu Abidan, além de ter votado em alguns membros para cargos “errados”, o que poderia comprometer a eleição dos aliados na soma geral. Abidan, habilidoso, paralisou a sessão para articular de novo. Os vereadores “submissos” a Hugo protestaram, mas foram contidos por Abidan com corte de microfone. Na estratégia repensada, Uriel foi orientado e se absteve para presidente para gerar empate e forçar nova votação.
Foi o que aconteceu. “Convoco segundo escrutínio. Houve empate na presidência”, anunciou Abidan. Na nova eleição, o grupo repetiu as escolhas anteriores, com exceção para 1º secretário, em que votou em Índio, em vez da “traidora” Aline. Uriel votou nos nomes acordados, e não mais se absteve. Índio, agora, escolheu Abidan para 3º secretário. Conforme apurou a reportagem, ele foi pressionado a votar no colega, senão a oposição “melaria” o acordo, em prejuízo aos dissidentes.
Abidan declarou Abel, Diego, Índio, Gideon, ele próprio e Boblel eleitos para a mesa-diretora 2025-2026 e empossados. O grupo comemorou a “virada de mesa”. Abel, eufórico, abraçou o “companheiro” Abidan. Gideon Junior berrou “vamos gritar o grito de liberdade”. Os aliados de Hugo-Ney esmoreceram. Abel procedeu a posse de Hugo e Dra. Bete, mas ambos tinham se evadido. Eles só voltaram quase duas horas depois para serem empossados, com medo de Abel virar o prefeito.
A Procuradoria da Casa foi acionada para elaborar parecer sobre a eleição da mesa. Três horas depois, a procuradora Leticia Albanesi apresentou documento pela ilegalidade do processo. Abidan solicitou prazo para examinar – a sessão já durava seis horas e entrava pela madrugada. “Gostaria de pedir vista do parecer, dado que já é meia-noite e seria importante o nosso mandato avaliar o teor”, disse. A procuradora seria alinhada politicamente ao grupo de Hugo-Ney.
O parecer aponta, fundamentalmente, “vício formal no momento [da] cassação de direito à votação dos vereadores Dedé, Betinho e omissão do vereador Alexandre Campos durante o segundo turno”. A alegação é errônea. Dedé foi chamado por Abidan para votar, mas fez “manobra”. “Não estou enxergando ninguém, pede para limpar a sessão”, disse. Betinho também foi anunciado. Abidan chegou a falar: “O senhor não quer votar?”. Alexandre também foi chamado a votar.
>Colaborou a Redação