Justiça suspende diplomação de Bressan por compra de votos e abuso do poder econômico

Com a decisão, o vereador eleito de Taboão da Serra mais votado, denunciado por dar dinheiro a bolsistas do PAP em reunião que ocultou, não deverá exercer mandato

Especial para o VERBO ONLINE

Wanderley Bressan (PDT), que teve a diplomação - que ocorre nesta terça-feira - suspensa pela Justiça Eleitoral por compra de votos e abuso do poder econômico | Divulgação

A Justiça suspendeu nesta segunda-feira (16) a entrega do diploma ao vereador eleito de Taboão da Serra Wanderley Bressan (PDT) por “indícios” de compra de voto e abuso do poder econômico, em decisão liminar, a menos de 24 horas do ato que torna apto o político vitorioso nas urnas a exercer o mandato – a diplomação acontece nesta terça, às 14h, on-line. Candidato na coligação do prefeito Aprígio (Podemos), Bressan foi o mais votado à Câmara, com 5.768 votos.

Bressan foi denunciado à Justiça após pressionar trabalhadores do PAP (Programa de Auxílio Profissional) a votar nele, do contrário seriam dispensados da (antiga) frente de trabalho, segundo a denúncia. Ainda conforme relatos, ele chegou a dar dinheiro (R$ 150) aos bolsistas em uma reunião política no dia 1º de setembro, durante a campanha eleitoral, no salão Hall, no Jardim São Judas. Bressan era secretário de Desenvolvimento Econômico, que controla o PAP.

A denúncia contra Bressan que culminou na decisão foi veiculada pelo jornalista Adilson Oliveira, do VERBO, no programa “Roda de Fogo”, no dia 27 de novembro. Uma bolsista do PAP entrevistada contou ter recebido R$ 150 de Bressan para votar nele. “A gente recebeu um comunicado para estar numa reunião do PAP, porque a gente trabalhava no PAP. Mas era reunião política. Ele chegou de terno azul, com uma bolsa preta. No final, ele pagou para a gente”, relatou.

Contatado, Bressan negou a compra de voto. “Desde abril que não me reúno com nenhum grupo de bolsistas do programa PAP, porque me afastei da secretaria e logo não tinha mais legitimidade para falar equanto secretário”, disse. Procurado no último dia 3, no escritório do político, o assessor Roney Ferreira confirmou, porém, que Bressan fez a reunião política na data com PAPs. Bressan ocultou o evento, não o divulgou nas redes sociais, diferente de outros atos de campanha.

Este portal procurou Rony após obter uma mensagem do assessor de Bressan em que chamou um PAP à reunião. Ele tentou despistar ao dizer que o evento era uma aula de dança sertaneja. O vereador Alex Bodinho – que concorreu pelo mesmo partido de Bressan e não foi reeleito – foi ao Ministério Público. Denunciou que Bressan, apesar de ter usado salão privado, não prestou conta de “nenhum pagamento para locação do espaço ou informação sobre a realização do evento”.

Bodinho também sustentou que Bressan fez a reunião “com pessoas que integram o Programa de Apoio Profissional – PAP. solicitando votos para si, sob pena de demissão dos presentes”. “O assessor Rony, por sua vez, concorreu para a prática dos atos, vez que direcionou as mensagens aos participantes da reunião. A promotora Leticia Ravacci teria ouvido quatro ex-PAPs, entre eles a mulher ouvida por este portal, com denúncia de mesmo teor, e pediu a concessão da liminar.

A juíza Carolina Conti Reed decidiu pela suspensão da diplomação de Bressan. “Verifica-se indícios de compra de votos e abuso do poder econômico, sendo a concessão da liminar necessária para evitar que o diplomado exerça o cargo de forma ilegítima até que seja concluída a investigação. Isto posto, defiro a liminar pleiteada”, julgou. Bressan não se manifestou publicamente sobre a decisão. Na sexta-feira (13), ele divulgou um vídeo em que atacou o jornalista deste portal.

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