Governo Aprígio corta transporte e deixa pacientes com doenças graves desamparados e aflitos

Moradores em tratamento não foram nem avisados pela Secretaria de Saúde da paralisação do serviço; muitos não foram a hemodiálise por falta de van ambulatorial

Especial para o VERBO ONLINE

A cargo da Secretaria de Saúde de Taboão, transporte ambulatorial foi interrompido a pacientes; Aprígio, que baixou decreto que corta gastos na gestão | AO-Verbo/Divulgação

O governo Aprígio (Podemos) interrompeu na sexta-feira (1º) o transporte de moradores de Taboão da Serra para tratamentos em unidades de saúde distantes e deixou os pacientes desamparados e aflitos. Muitos enfermos afetados têm dificuldade de locomoção e até deficiência, inclusive visual – a própria gravidade da doença justifica o uso de carro ambulatorial. A paralisação do serviço já fez munícipes perderem, por exemplo, procedimento contra insuficiência renal.

A dona de casa Joana Darc, que reside no Jardim Trianon (Pirajuçara), é um dos moradores prejudicados com a suspensão do transporte. Usuária do serviço três vezes por semana, ela não foi atendida na sexta-feira pela van que busca os pacientes em casa, para realizar hemodiálise em uma clínica particular conveniada no Jardim Maria Rosa (região central). Para não perder a sessão, Joana teve de ir de ônibus comum, com risco de comprometer o tratamento e de vida.

O descaso vai além. Ela não foi nem avisada pela Secretaria de Saúde sobre a interrupção do transporte ambulatorial. “Ninguém comunicou nada para ninguém”, denuncia Joana, 58. Ela só soube por outra munícipe em tratamento que também não tomou conhecimento pela prefeitura, mas por aviso de assistente social da própria clínica. “Foi uma paciente que viu. Aí ela me ligou”, conta. Joana telefonou ao motorista da van. “Ele falou que era verdade [a suspensão]”, diz.

Em tom de lamentação, o motorista explicou a situação para Joana, após ter transportado na quinta-feira (31), pela derradeira vez. “É, cortaram. Ontem à noite, eu fui retirar o último horário, aí me avisaram que tirou a van, que não ia mais fazer parte do transporte, aí cortaram. Agora, vocês têm que resolver na secretaria como vai fazer para estar transportando vocês até a clínica”, disse. Na sexta, muitos pacientes ficaram sem o transporte e nem souberam o que aconteceu.

Sem a van, muitos pacientes não foram à clínica na sexta para dar sequência ao tratamento, inclusive quem avisou sobre a paralisação do serviço. “Por exemplo, a menina que faz diálise não veio. Tem gente ainda que nem sabe disso aí”, disse Joana, durante sessão. A família procurou o VERBO para denunciar. “A gente foi pego de surpresa, não terá mais o transporte, a Secretaria de Saúde suspendeu. Com isso, afetou aqueles que precisam”, diz Patrícia Santos, filha de Joana.

“Tenho uma colega cega que necessita do serviço. E minha mãe também está nessa, depende muito do transporte que a leva até a clínica e traz de volta em segurança. Como suspendeu, a gente fica com medo de ela fazer uma sessão de hemodiálise de 4 horas, pegar ônibus, cair, passar mal, desmaiar, bater a cabeça, bater o braço e perder a fístula. Não só ela, como os demais. A gestão do Aprígio suspendeu as peruas. Complicado tudo isso, meu Deus”, diz Patrícia.

Aprígio baixou na quarta-feira (30) um decreto que corta gastos para tentar cobrir as despesas (“fechar a conta”) do governo depois de arrecadação aquém da prevista, em orçamento visto como mal elaborado ou “inflado” – mesmo com indicativo anterior de receita no “vermelho”, ele só tomou a drástica medida após perder a eleição, no 2º turno, no domingo dia 27. Apesar de falar em garantir os recursos em áreas essenciais, Aprígio estaria sacrificando serviços prioritários.

OUTRO LADO
Questionado no início da manhã desta segunda-feira (4) sobre a interrupção do transporte ambulatorial aos pacientes de Taboão da Serra, o secretário José Alberto Tarifa (Saúde) não respondeu – em caso de manifestação, esta reportagem será atualizada. Em vez da prefeitura, a clínica renal que demonstrou preocupação com a situação clínica dos moradores em tratamento, e orientou os pacientes a cobrarem a administração para restabelecer o serviço.

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