“Vocês vão ter que me engolir!”, disse Zagallo a repórteres, em 29 de junho de 1997, depois de o Brasil vencer a Bolívia em La Paz e conquistar a Copa América. Ele era o treinador da seleção desde 1994 e sofria cobranças da imprensa após o time acumular participações e resultados ruins em torneios e amistosos. Apesar da agressividade, em gesto de desabafo, Zagallo foi inegavelmente um vitorioso, dentro e fora dos gramados, uma lenda do futebol brasileiro e mundial.
Mário Jorge Lobo Zagallo morreu nesta sexta-feira (5), aos 92 anos, de falência múltipla dos órgãos, resultante de progressão de várias comorbidades, segundo nota do Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde 26 de dezembro. O maior campeão da Copa do Mundo, Zagallo conquistou o Mundial de 1958, na Suécia, e de 1962, no Chile, como jogador, de 1970, no México, como treinador, e de 1994, nos Estados Unidos, como auxiliar técnico da seleção nacional.
Com a conquista do tetra, em 29 de julho de 1994, Zagallo veio a São Paulo com parte dos jogadores (16) para desfile da seleção à torcida paulista – era o principal nome da comissão técnica, com o treinador Carlos Alberto Parreira ausente. Em uma das homenagens, o grupo foi recebido no Palácio dos Bandeirantes, invadido por 3 mil torcedores. O repórter do VERBO acompanhou. Simpático e orgulhoso, Zagallo, com a Copa do Mundo em mãos, sorriu para foto feita por este jornalista.
Em 2017, Zagallo disse, em entrevista ao UOL, que a declaração de fúria foi dirigida a dois jornalistas. “Estavam fazendo uma onda muito grande para colocar o [Vanderlei] Luxemburgo no meu lugar, e partiu do [Juca] Kfouri e do Juarez Soares, e eu não podia falar nada, tinha que esperar acontecer, e aconteceu: o título veio, e aí eu dei uma explosão. Foi uma resposta indireta para eles”, contou a figura icônica do futebol, apegado ao número 13 – “Zagallo eterno” tem 13 letras.
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