A secretária de Educação de Taboão da Serra (governo Aprígio, Podemos), Dirce Takano, disse na terça-feira (7) que cerca de 2.600 crianças que estariam na fila por creche terão vaga garantida em 2024. No entanto, ela não disse como irá atender demanda reprimida tão grande e ainda “escondeu” que fechará quase 20 salas. A gestão, que não construiu nenhuma creche em três anos, faz a promessa em vista do ano eleitoral, quando Aprígio poderá concorrer à reeleição.
Dirce fez o anúncio em sessão da Câmara dos Vereadores. A secetária disse que estão na fila por vaga de creche 2.632 crianças, número que considerou como sendo a quantidade de inscrições até o dia anterior, 6 de novembro. Ela falou em “zerar” a demanda, mas admitiu que não atenderá todas as crianças, mas 98,5%, o que resulta em 2.593 (cerca de 2.600). Apesar da promessa ousada, ela foi reticente sobre a meta e usou expressões como “de forma muito otimista” e “[vamos] rezar”.
“Ontem, dia 6 de novembro, tínhamos na nossa lista de espera 2.632 crianças. Aí vocês vão falar: ‘Nossa, tudo isso?’ Tudo isso – eu acho que nasce criança todo dia neste município, em um mês acho que nasce mais de uma criança. Em um mês tivemos 320 inscrições. De outubro para novembro, tivemos 327 inscrições. A boa notícia é que, dessas 2.632, praticamente vamos atender todas as crianças. São 98,5% de crianças atendidas a partir de 2024”, discursou Dirce.
“Então, de forma muito otimista, eu diria que hoje estamos atendendo praticamente 100%. E rezar para que até 2024 a gente consiga os 100%. Mas é um desafio, se a cada mês eu tenho esse número de inscrições. E as inscrições nunca fecham [param]. Toda comunidade que precisa é só se dirigir à escola próxima da residência para fazer a inscrição”, acrescentou Dirce, que chegou a ser aplaudida pelos vereadores. Contudo, ela não esclareceu como atenderá tamanha demanda.
A secretária chegou a dizer que parte das crianças em idade de creche ficará em uma escola de ensino fundamental, no Parque São Joaquim, mas que não supriria o déficit, até porque a demanda é espalhada pela cidade, e não situada em apenas um bairro ou região. Ela nem citou quantas dessas crianças seriam atendidas no colégio escolhido. “No Ana Mafalda [Barbosa], teremos crianças de jardim 1 e jardim 2, que são as de 4 e 5 anos, em período integral”, anunciou.
Dirce revelou que o plano não atenderá bebês, somente “crianças a partir de 2 anos”. “O berçário é um segmento que exige maior número de cuidados, ainda não conseguimos fazer”, alegou. “Mas a partir do mini-maternal, hoje, dia 7, zeramos”, disse. Ou seja, a demanda é muito maior do que as 2.632 crianças anunciadas pela secretária e também não será atendida pelo governo Aprígio. O vereador Ronaldo Onishi (DC) foi o único a perguntar, mas não questionou a viabilidade.
O VERBO questionou Onishi na sessão como o governo ia zerar mesmo a anunciada demanda de 2.600 crianças. Ele deu uma resposta inusitada, mesmo após ter se reunido com a secretária antes do anúncio. “Não sei. Mas eu vou repercutir o que ela disse”, falou, em demonstração de estar preocupado em capitalizar politicamente o discurso da secretaria sem se importar em saber como o plano de reorganização para atendimento de creche será viável na prática.
Igualmente interpelado por este portal, o presidente da Comissão de Educação da Câmara, Celso Gallo (Republicanos), disse que Dirce informou que a demanda será atendida por meio da reorganização da rede, mas também não soube explicar como. Para piorar o quadro, um relatório entregue pela secretária aos vereadores mostra que o governo Aprígio vai fechar 17 salas de creche, na soma geral – 15 de jardim 1. Dirce omitiu a informação. Ela não falou com a imprensa.
VEJA DOCUMENTO ENTREGUE PELA SECRETÁRIA DIRCE AOS VEREADORES QUE MOSTRA QUE NA FASE DE CRECHE O GOVERNO FECHARÁ 17 SALAS