Primeiro sacerdote no Pirajuçara e precursor da educação infantil, padre Antônio morre aos 85 anos

O missionário irlandês Anthony J. Conry fundou a Paróquia São João Batista, onde ficou de 1970 a 1977; 'desbravou' a região da periferia de Taboão, frisa padre Kieran

Especial para o VERBO ONLINE

Anthony John Conry, o padre Antônio, batiza filho de casal em 1975 na Paróquia São João Batista no Pirajuçara, onde implantou a pré-escola, extraordinário legado | Arquivo/Verbo

Primeiro sacerdote da Igreja Católica a se fixar no Pirajuçara (região mais populosa de Taboão da Serra), fundador da Paróquia São João Batista, o padre Anthony John Conry morreu na terça-feira (25) em São Paulo, aos 85 anos, de infecção pulmonar. Padre Antônio, como chamado pelos taboanenses, estava internado desde o mês passado. O missionário irlandês atuou na periferia de Taboão de 1970 a 1977 e foi um precursor da educação infantil na maior metrópole do Brasil.

Nascido em Roscommon (155 km de Dublin), em 31 de março de 1938, em família de oito filhos, e após fazer o ensino médio no Summerhill College, de 1951 a 1956, Anthony entrou para no seminário, aos 18 anos. Estudou filosofia e letras com especialização em línguas clássicas (grego e latim) pela Universidade Nacional da Irlanda, nos anos iniciais. De 1959 a 1963, fez teologia (com licenciatura) na Faculdade Pontifícia de Maynooth. Em 23 de junho de 1963 foi ordenado padre.

Após se formar em pedagogia na Universidade de Dublin, Anthony cursou direito canônico (leis da Igreja), de 1964 a 1966, em Roma, na Universidade do Latrão. De 1966 a 1968, foi professor de teologia e de ensino médio na Irlanda. Em agosto de 1969 – após apelos do Vaticano para que padres europeus fossem evangelizar a América Latina -, ele veio para o Brasil e foi designado para uma das “bordas” da então Arquidiocese de São Paulo com explosão populacional.

Anthony, então, em agosto de 1970, aos 32 anos, iniciou a missão no Pirajuçara, que à época não tinha nenhuma igreja católica – a mais próxima era a Santa Terezinha (centro), para onde os católicos se dirigiam para as celebrações. Antônio, como já chamado pelos fiéis, começou a celebrar as missas em uma capela no Jardim Guaciara, pela qual se tornou responsável por nomeação do vigário episcopal da então Região Sul da Arquidiocese, monsenhor Angelo Gianola.

Meses mais tarde, padre Antônio passou a realizar as missas em uma escola de madeira no Parque São Joaquim. Até a construção da igreja, hoje a matriz da Paróquia São João Batista, erguida em lote doado pelo fiel João Batista Fonseca – daí o nome do templo. Em 1971, o sacerdote começou a celebrar no Jardim Flórida, em local que se tornaria a Igreja São Pedro, e também no São Judas. Além erguer as igrejas, ele direcionou pessoas para catequese e grupos de oração.

Padre Antônio não se limitou, porém, a fazer o sermão no altar, ministrar sacramentos a fiéis e dar a bênção matrimonial a casais, em um Pirajuçara carente de tudo – nem asfalto tinha. Com o bairro sem escola pública regular, ele implantou na paróquia o “pré”, com agentes pastorais como professoras, que ajudou a alfabetizar milhares de crianças, em início da educação infantil no município e região – este repórter foi um aluno da “escolinha do padre Antônio”.

Padre Antônio sentia a preocupação dos pais por um futuro melhor aos filhos e investiu na educação. Deixou um baita legado, inclusive pelo fato de que a educação infantil só se tornou obrigatória no país muito tempo depois, em 2013. Ele deixou a São João Batista em 1977. Mas implantou também a pré-escola em outra paróquia que iniciou, a São Francisco de Assis em Cidade Ademar (zona sul de SP), em julho daquele ano. Em 1984, ele fundou o Colégio São Francisco de Assis.

Padre Antônio se dedicou à evangelização na região de Santo Amaro, até o fim da vida, por quase 50 anos, mas em menos de uma década marcou a história dos fiéis do Pirajuçara, por quem era muito amado, como autêntico missionário. “Foi o primeiro a desbravar este bairro do Pirajuçara”, ressalta o padre Kieran Ridge, atual pároco da São João Batista, conterrâneo do sacerdote e “confrade” – Antônio veio servir no Brasil pela Sociedade de São Patrício, ordem religiosa de Kieran.

“Queridos paroquianos, com pesar, comunico a vocês que o padre Antônio veio a falecer ontem [dia 25]. Meus sentimentos a todos que o conheciam”, disse padre Kieran em vídeo publicado em rede social. Ele também declarou três dias de luto na paróquia e anunciou missa de sétimo dia pela morte do sacerdote – que será neste domingo, às 10h, na igreja no Jardim Roberto. Padre Antônio foi sepultado na quinta-feira (27) no cemitério Gethsêmani Morumbi (zona sul de SP).

comentários

  • Participei na comunidade N Senhora Aparecida no jardim Maria Sampaio, comecei no ano 1971 até qdo ele saiu para Cidade Ademar…aqui fundou muitas comunidades, jd Macedônia, Maria sampaio e N. Senhora de Fátima no jd. CLEMENTINO. TRABALHOU MUITO NA EVANGELIZAÇÃO, Educação .
    Fui catequista….foi uma alegria com Ele aprendi muito.
    Saudações!!!

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