O prefeito Ney Santos (Republicanos) atacou nesta terça-feira (25) um repórter do VERBO com ofensas de cunho sexual com menção à mulher do profissional ao ser questionado diante de denúncia sobre não ter entregue alimentação para crianças com deficiência de Embu das Artes. Na própria data, o jornalista Adilson Oliveira noticiou que Ney não fornecia a dieta para a filha da moradora Vanessa Reis – que tem limitação severa -, na quantidade certa, havia 15 dias.
A própria mãe da criança procurou o jornalista para denunciar o ato “desumano” ao contar que a gestão devia ter entregue a alimentação no dia 10. “Venho informar a minha indignação. Minha filha é de alta complexidade, tem traqueo e se alimenta por grastrostomia, utiliza somente dieta enteral. […] Recebi […] apenas 2 litros de dieta, dia 12 agora, sendo que ela utiliza 1 litro e meio por dia”, escreveu Vanessa, no grupo de WhatsApp “SOS Saúde Embu das Artes”, no dia 14.
“Ontem [13] não me trouxeram o restante, e como mãe não iria deixar milha filha com fome. Corri em desespero em outra cidade para pegar 2 litros emprestados com uma amiga para milha filha se alimentar. Gostaria de saber por que o SR. PREFEITO não se coloca em nosso lugar, vocês sabem como é a vida de uma mãe ATÍPICA??? Nós adoecemos junto com nossos filhos. Isso é desumano. Liguei agora no almoxarifado e não tem alimentação da minha filha!”, cobrou a mãe.
Diante do protesto da moradora, para ouvir o “outro lado”, o repórter questionou o prefeito sobre não ter entregue a alimentação da criança e repetiu a pergunta da mãe, sobre falta de empatia, e – no espírito da cobrança da munícipe – indagou se Ney deixaria os próprios filhos com fome. Ele se comunicou por mensagem de texto, às 9h13. Como Ney não respondeu quase 40 minutos depois, fez um questionamento crítico, sensibilizado com o desespero da cidadã.
O prefeito, aí, respondeu, com os insultos, em dois áudios, um na sequência do outro, às 10h01. “‘Tô’ dormindo só se for com a sua mulher, seu vagabundo”, disse Ney na primeira mensagem de voz. Ele fez o segundo ataque com indicação de ameaça. “Apesar que todo castiga para corno é pouco, né? Corno é pouco para você, que cuida da vida de todo mundo. Aí você não cuida da sua mulher, alguém deve estar comendo ela, só pode. Seu vagabundo!”, completou.
Não é a primeira vez que Ney é hostil com o VERBO, principalmente com Oliveira. No primeiro ano de mandato, em outubro de 2017, ao ser indagado sobre ter sido considerado evasivo ao exemplificar economia com redução de secretarias, ele partiu para o ataque contra o jornalista durante entrevista coletiva. “Você é uma pessoa ligada nas notícias da cidade, até porque você é uma pessoa bastante tendenciosa, a querer bater no nosso governo”, falou.
Em novembro de 2019, Ney atacou o repórter após ser indagado sobre denúncias de moradores de que o feirão de emprego da prefeitura indicou para vagas que não existiam. “Ô, Adilson, seja homem, velho, isso é conversa sua, não é conversa de nenhum munícipe, não. […] O único sem caráter, vagabundo, politiqueiro, safado, é você, velho”, disse. A reportagem perguntou: “Pode publicar isso, prefeito?” Aí ele apagou o áudio – que, porém, já tinha sido copiado por este portal.
Já em janeiro 2020, Ney reagiu também com agressividade contra o jornalista após considerar que foi “atrapalhado” por reportagem deste portal que revelou que negociava o apoio do ex-prefeito Chico Brito à reeleição em troca de voto de vereadores que controlava a favor das contas do antecessor na Câmara. “Bom dia, senhor Adilson, tudo bem? Esse jornalequinho seu de fundo de quintal, cada vez mais perdendo a credibilidade hein, meu amigo”, disse o mandatário.
Em maio, Ney fez o ataque mais feroz. Após reportagem mostrar que pôs dois secretários para arrecadar alimentos para promover em vista das eleições o “afilhado político”, o então pré-candidato a vereador Renato Oliveira, ele chamou de novo o VERBO de “jornaleco” e disse que um repórter ia precisar de cesta básica, ao se referir a Oliveira. Ele fez deboche em alusão ao fato de que o profissional foi demitido de cargo público na Câmara – em “armação” que tramou.
Orientado por Ney, o vice Hugo Prado, então presidente da Câmara, perseguiu e demitiu o servidor por escrever para este portal. Em prova da “trama”, Oliveira foi notificado do processo administrativo em 26 de setembro de 2019, mas foi avisado por vereador da própria base de Ney. Ele denunciou o plano nove dias antes, de forma cifrada, em jornal de grande circulação. Agora, recorre na Justiça. “A perseguição política é notória”, afirma o advogado Marco Aurélio do Carmo.
À espera de solução para o “descaso” com a filha, a mãe quis ouvir os áudios de Ney ao repórter. “Gente, que absurdo. ‘Tô’ chocada. Esse cara é um lixo”, disse Vanessa. Ela foi informada que a fala de Ney ia ser publicada. “Isso mesmo, apoiado”, falou. O repórter não retrucou e voltou a indagar sobre a dieta da criança. Aí, Ney calou. “Sem coração. Se fosse alguém da família dele, teria prioridade, né?”, disse a mãe. O jurídico deste portal acionará a Justiça contra a ofensa do político.
VEJA TROCA DE MENSAGEM ENTRE ESTE PORTAL E NEY E ÁUDIOS DO PREFEITO COM OFENSA AO REPÓRTER
Processa este indivíduo por injúria.
Vamos acabar com esse governo em 2024!!!