O governo Aprígio (Podemos) anuncia oferta de serviços no Jardim Clementino neste sábado (20), mas recebe uma enxurrada de críticas de moradores sobre a saúde. Além de o bairro não ter atenção da gestão na área de segurança, hoje um “paraíso” de ladrões – com até cinco roubos por semana -, munícipes protestam contra a falta de médicos na unidade básica de saúde local. Um secretário indicou resolver problema individual, em possível prática de “clientelismo”.
Em postagens nas redes sociais de um vídeo do secretário Allan Mohamed (Gestão Estratégica), subprefeito do Pirajuçara, sobre a chamada “Prefeitura no Seu Bairro”, na UBS Clementino, moradores reagiram de forma negativa mesmo com a iniciativa – ao apontar que o prefeito impõe sofrimento aos moradores ao não colocar médicos na unidade no dia a dia e diz ofertar atendimento em ação esporádica com caráter de autopromoção apenas uma vez no ano.
Em uma publicação em que Allan põe mais nove comissionados para divulgar a ação, a moradora Alanny Leão pergunta se “vai ter médico clínico”. O secretário-executivo tenente Dacal se limita a dizer que “vai ter o pessoal da saúde no local”. Em outra postagem do mesmo vídeo, o governo é alvo de forte insatisfação. “Que vergonha, isso tinha de ser feito sempre, não quando o prefeito vem fazer uma ação promocional. O posto caindo aos pedaços”, reclama o munícipe Francisco Alves.
A moradora Danny Xavier expõe a “tática” do governo Aprígio e é cirúrgica em apontar o descaso na saúde. “A ação que deveria ser feita é contratar médicos para trabalhar. Nós mulheres procuramos por ginecologista, só tem para gestante. Vai marcar um clínico, é a cada 3 a 5 meses para passar na consulta. Vai mostrar um exame, já vai estar vencido, e aí tem que marcar de novo. Ação por um dia é fácil, agora dar uma assistência para a população é difícil”, critica.
“Consulta que é bom, não tem. Fala sério”, reforça a moradora Saryan Ferreira. Allan responde que a UBS irá agendar. “No dia teremos a regulação fazendo agendamento de consultas”, diz. Ela enfatiza que a UBS nunca tem médico e os pacientes têm que se submeter à ocasião em que a prefeitura resolve ter “ação”. “Assim espero. Uma vergonha ir até o posto e não poder marcar um clínico, coisa tão simples, e não é todo mundo que pode estar indo no dia que vocês querem”, diz.
Outros moradores engrossaram as queixas sobre a UBS local. “Nunca tem médicos, consulta para marcar, nem se fala”, conta Ana Cláudia Cintra. A paciente Mariza Silva diagnosticou a saúde no bairro na gestão Aprígio. “Nem funciona”, diz. A UBS Clementino é nova, inaugurada em abril de 2016 pelo prefeito Fernando Fernandes (PSDB). Até o ex-vereador Moreira, adversário político de Fernando, diz que antes da gestão Aprígio, “antigamente, a UBS tinha bastante médicos”.
Durante a fala de Allan e do grupo de livre-nomeados, o vídeo mostra funcionários fazendo reparos na frente da UBS. A “maquiagem” às vésperas da ação não passou impune por moradores. “Ah tá, por isso estavam pintando a UBS. Por que não aproveitam e colocam médicos também? Minha filha está na fila de espera para dentista tem uns 3 meses, nunca tem nada, senhor @aprigio_19. Tive que pagar um particular para fazer um serviço básico”, reprova Elizabete Ferreira.
O secretário deu uma resposta à moradora que chamou a atenção. Ele indicou resolver a situação particular, em vez de providenciar consulta a todos os pacientes e conforme a ordem de agendamento, para que os munícipes não precisem procurar gestor nenhum para conseguir atendimento. “Procurem por mim ou o @tenentedacal no dia da ação”, disse Allan – a reclamante não tem nada a ver com a conduta do secretário e tem direito de ser atendida sem demora.
Allan ainda teria agido com deboche ao responder a outra moradora contrariada com o péssimo atendimento da UBS Clementino na gestão Aprígio. “Criem vergonha na cara e parem de tentar enganar a população!”, protestou Daniela Campos, sobre a ação da prefeitura. “Enganar com serviços sendo prestados a [sic] população e ainda no sábado? rsrs”, escreveu o secretário, com expressão de riso. “Quer mesmo que eu responda?”, reagiu ela. Allan não disse mais nada.
VEJA A RECLAMAÇÃO GENERALIZADA DE MORADORES SOBRE A SAÚDE DIANTE DO ANÚNCIO DE AÇÃO DO GOVERNO APRÍGIO NO JD. CLEMENTINO




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