HISTÓRIA NO VERBO | A Eucatex, empresa da família de Paulo Maluf (PP) – ex-prefeito de São Paulo -, e o Banco BTG Pactual começaram a pagar no último dia 19 o valor previsto no acordo firmado entre o Ministério Público e a Procuradoria-Geral do Município de São Paulo para devolver U$ 44 milhões (cerca de R$ 220 milhões) aos cofres municipais da capital. As empresas devolveram, de início, U$ 38 milhões, o equivalente a R$ 152,8 milhões. Maluf está com 91 anos.
Maluf está tendo de realizar a devolução como resultado de uma ação civil pública de que foi alvo por desvio de verbas das obras da avenida Jornalista Roberto Marinho e do túnel Ayrton Senna, em São Paulo, entre 1993 e 1998. Ele foi acusado pelo Ministério Público Federal de usar contas bancárias no exterior, em nome de firmas offshores, para enviar dinheiro desviado e reutilizar parte da quantia para investir na Eucatex, empresa de laminados de madeira e tintas.
A construtora responsável pelas obras teria superfaturado a construção e repassado o dinheiro a Maluf. A prefeitura e o Ministério Público juntaram ao processo vários documentos como extratos bancários e cópias de cheques para percorrer o caminho do dinheiro e chegaram primeiro a Nova York (EUA) e, por fim, às Ilhas Jersey, um paraíso fiscal na costa da Inglaterra. Com o acordo ou “termo de autocomposição”, A Eucatex se livrou de uma ação na Justiça.
O BTG, que não tem relação com os desvios, comprou as ações da Eucatex que haviam sido adquiridas com recursos de corrupção e estavam bloqueadas em Jersey, desde 2013. O banco pagou R$ 53 milhões com a expectativa de que as ações da Eucatex se valorizem com o encerramento da ação judicial. Como consequência, a família Maluf segue com o controle da empresa, mas perdeu mais de 1/3 dos ativos da companhia e tem agora a instituição bancária como sócio.
Em breve, a Eucatex deve pagar outros dois valores de R$ 35 milhões. Em nota, a empresa disse que o acordo “encerra antiga controvérsia jurídica de forma definitiva e demonstra a postura colaborativa da empresa”. O caso está sob apuração desde 2001, pelo promotor Silvio Marques, que investiga Maluf há mais de duas décadas. Por conta do processo, Maluf foi condenado a 7 anos e 9 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal e atualmente cumpre prisão domiciliar.
Paulo Salim Maluf foi prefeito de São Paulo pela primeira vez de 1969 a 1971, indicado pelo governo militar, e governador do Estado, também “biônico”, de 1979 a 1982. Ele voltou a ser prefeito da capital, agora pelo voto, entre 1993 e 1996, período do caso de corrupção – em 1993, em foto feita pelo VERBO, ele vistoria obra da passagem subterrânea que construiu para a ligar as avenidas Waldemar Ferreira e Lineu de Paula Machado, eliminando o cruzamento com a avenida Francisco Morato.
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