Na audiência pública da Comissão de Segurança da Câmara de Vereadores de Taboão da Serra, na quarta-feira da semana passada (26), o delegado seccional de Taboão divergiu do prefeito Aprígio (Podemos) e propôs como uma medida eficaz contra ataques a escolas a colocação de vigilantes nas unidades de ensino. Hélio Bressan, recém-chegado à região, disse também que o “botão de pânico” não é solução para a violência contra alunos e educadores.
A audiência foi conduzida pelo presidente da comissão, Sandro Ayres (PTB), com a participação de Anderson Nóbrega (MDB), vice, e de Joice Silva (PTB), membro. Reuniu o comandante do 36º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Mauricio Motta, a secretária de Segurança de Taboão, Michele Santana, e o comandante da Guarda Civil Municipal, Nivaldo Menocci, além de Bressan. A secretária de Educação de Taboão, Dirce Takano, também esteve presente.
A audiência teve como tema o ataque às escolas, como abordagem preventiva. Aprígio não participou. O delegado defendeu discutir ações concretas e apresentou propostas, quando divergiu do chefe do Executivo municipal. “Quero pedir um milhão de desculpas ao nosso prefeito. Eu ouvi ele dizendo que precisa contratar mais 20 GCMs [guardas municipais] por conta da história das escolas. Eu não quero transformar a escola em quartel nem em delegacia”, disse.
Bressam explicitou a discordância ao apontar que a proteção da escola requer uma medida administrativa da prefeitura. “Todas as nossas escolas deveriam ter vigilantes lá. A Guarda Civil não pode ser empenhada para fazer esse tipo de serviço. Se você põe um vigilante, ele passa a ter afinidade com as crianças, sabe o nome, conhece o pai, sabe quem é a tia. E mais: com todo respeito [à posição do prefeito], você tem alguém que vai estar lá o tempo todo”, afirmou.
O delegado reforçou a proposta ao citar dado apresentado antes na audiência pelo PM. Motta disse que no ataque à escola em São Paulo, em referência à Thomazia Montoro, na Vila Sônia – em que um aluno matou uma professora e feriu outras duas e dois estudantes -, o tempo-resposta da Polícia Militar “foi muito bom”, de 3 minutos – ele reconheceu que “em 10 segundos uma pessoa pode fazer estrago”, mas indicou não ser possível ter policiais em todas as escolas.
“No caso, em 3 minutos chegou a primeira viatura, em 6, a segunda. É fantástico, se você pensar sob o ponto de vista da cidade de São Paulo. Mas em 3 minutos quantas facadas uma criança teria tomado? Não era melhor que alguém já tivesse lá? Qualquer coisa que acontecer, a resposta é imediata”, afirmou Bressan, sobre o vigilante. “Vamos colocar na porta e dentro da escola, para que se familiarize com as crianças, e as crianças se familiarizem com ele”, propôs.
Bressan também manifestou reserva ao aplicativo de celular que aciona a GCM em caso de ataque a escolas, alardeado pelo governo municipal. “Concordo que tem que ter, mas estamos fazendo do ‘botão do pânico’ uma panaceia, parece que apertando o ‘botão do pânico’ está resolvido o nosso problema. Desculpa mais uma vez, mas não concordo. O ‘botão’ é fundamental, mas é mais um protocolo [de segurança], não pode ser o salvador da pátria”, declarou o seccional.
Michele, a maior autoridade de segurança do governo na audiência, não discordou, pelo contrário, elogiou a fala do colega – ela também é delegada. “Parabéns, dr. Hélio. O senhor é um exemplo de delegado, de homem, de ética, que nos honra como polícia, como pessoa, pela humanidade e profissionalismo”, disse. Bressan afirmou ainda que na delegacia as vítimas de crimes, “principalmente as pessoas pobres, merecem e têm que ser atendidas com todo o respeito do mundo”.
Menoci apenas apresentou dados sobre ocorrências atendidas pela Guarda. Ele relatou que em janeiro a GCM recuperou 34 veículos roubados – “graças ao sistema do COI [de câmeras]” -, efetuou 10 flagrantes de roubo, apreendeu cinco armas, e atendeu 21 casos de violência doméstica e 23 de perturbação de sossego. Em fevereiro, foram 45 veículos recuperados, 11 flagrantes, duas armas apreendidas e 41 casos de violência doméstica – não citou os de barulho excessivo.
Em março, a GCM recuperou 26 veículos, efetuou sete flagrantes, apreendeu duas armas e atendeu 24 casos de violência de gênero. Menoci também não citou perturbação de sossego no mês – quando a enfermeira Glória Liscinio foi morta por um vizinho por som alto. Em abril, até dia 25, foram 10 veículos recuperados, cinco flagrantes, uma arma apreendida e oito de violência doméstica. Solicitado a informar os dados do mesmo período do ano passado, Menoci não respondeu.
Na visão tanto do delegado quanto na do sr. prefeito é de ponto de vista apenas de segurança, quando na vdd são de políticas públicas no geral em que tem que envolver toda a sociedade nesta discussão.