Vereadores do “Grupo dos 6”, mais alinhados ao prefeito Aprígio (Podemos), e o presidente da Câmara – e “líder” do rival “Grupo dos 7” -, André Egydio (Podemos), tiveram discussão acalorada marcada por gritaria e insultos no próprio plenário, na sessão da semana passada (11). Apesar de os 13 parlamentares serem da base, os dois lados estão brigando por conta da ata da 40ª sessão do ano passado. O “G-6” ainda não assimilou a derrota na eleição da mesa-diretora.
Egydio, em acordo com a maioria dos vereadores, pôs em votação as atas de 15 sessões que não tinham sido apreciadas, parte ainda do ano passado, entre elas a de número 40, sobre a eleição da atual mesa-diretora – Egydio, presidente; Marcos Paulo (PSDB), vice; Érica Franquini (PSDB), 1ª-secretária; e Nezito (Republicanos), 2º-secretário. Antes da votação, porém, Anderson Nóbrega (MDB), do “G-6”, pediu a palavra para discutir sobre o documento de registro da sessão.
Egydio pediu que Anderson aguardasse, para falar após a votação. De caso pensado, o enfermeiro Rodney (PSD), do “G-6”, fez o mesmo pedido, em tom de obrigar o presidente a dar a palavra. Egydio, Anderson e Rodney iniciaram bate-boca e trocaram palavrões. A Câmara – conhecida pela falta de transparência – interrompeu a transmissão da sessão online e não mostrou a briga. A única imagem exibida mostra Egydio, já de pé, esbravejando contra os oponentes.
A transmissão da sessão ficou fora do ar por 49 segundos, das 11h56 e 43 segundos às 11h57 e 32 segundos, tempo suficiente para o Legislativo esconder a briga da população. Ao voltar, a filmagem mostra os vereadores se evadindo do plenário, após o “papelão”. Carlinhos do Leme (PSDB), que estava em tribuna para discutir sobre as atas, mudou de assunto após o entrevero. “A gente precisa manter a ordem”, disse. Ele pediu a suspensão da sessão, já sem sentido.
A Câmara estava praticamente vazia, mas os poucos moradores presentes nas galerias testemunharam a briga. Um munícipe que acompanha as sessões semanalmente classificou o episódio (não registrado) de “baixaria”. Os vereadores do “G-6” teriam razão em cobrar a concessão da palavra, mas buscariam deslegitimar a eleição da mesa-diretora. “Sonham em impugnar a presidência. Por isso, não votam [a 40ª ata]”, disse um interlocutor dos dois grupos.
Nesta terça-feira (18), em nova queda-de-braço entre os dois grupos, com menos de 5 minutos de sessão, o “G-7”, em intervenção de Marcos Paulo, solicitou mais uma vez a votação das atas pendentes em bloco. Mas Anderson entrou com impugnação da ata da 40ª sessão. O presidente da Comissão de Justiça, Ronaldo Onishi (DC), pediu 10 minutos para analisar, em nova interrupção, que levou 36 minutos. Na volta, ele deu dois dias para Anderson justificar o pedido.
O “G-7” aceitou pôr em votação as atas em bloco sem a 40ª. Porém, Anderson fez “ameaça”, inclusive com ataque ao procurador da Casa. “A ata é uma discussão muito séria na sessão, faz a presunção da verdade do que aconteceu aqui. […] [Questionar decisões] É uma questão regimental, nós vereadores temos que aprender a respeitar o que a lei manda. Nós pensamos na legalidade. Quando se faz um parecer também tem que ter muita responsabilidade”, discursou.
“Jamais vou aceitar que coloquem em um papel que seis vereadores têm má-fé no que fazem aqui. E cuidado para não escrever algo que vai nos dar garantia na Justiça de buscar os nossos direitos”, disparou Anderson. Visivelmente contrariado, Egydio disse que “vai falar com mais propriedade” a respeito na próxima terça-feira e abruptamente encerrou a sessão – que durou só 1 hora, sem votação de projeto. Questionado sobre a recusa em votar a 40ª ata, Anderson silenciou.