Ney promete pôr um GCM em cada escola por segurança de alunos; agente diz que não tem efetivo

Em reunião com diretores, prefeito disse que 'a partir desta 5ª-feira, na primeira hora de aula, vai ter um guarda municipal na porta de cada escola'; é 'fake news', fala GCM

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Ney ao dizer que 'a partir desta 5ª vai ter um GCM na porta de cada escola municipal e estadual'; GCM diz que efetivo é insuficiente; populismo, critica Abidan | Reprodução/Verbo

O prefeito Ney Santos (Republicanos) anunciou nesta quarta-feira (12) em reunião com diretores da rede municipal e estadual de ensino em Embu das Artes, com a participação de policiais militares e civis, que vai “colocar um guarda municipal em cada uma das escolas”. Porém, Ney tomou uma decisão vista como “demagógica”, por ser inviável, e que enfrenta resistências. Um integrante da própria corporação de responsabilidade da prefeitura diz que a medida não é realista.

Em discurso na reunião, Ney disse que “são em momentos de dificuldades como esse que a gente realmente entende quem está preparado para resolver e trazer a solução para o problema”. “O gesto que nós estamos aqui hoje fazendo, em chamar aqui todos os diretores que representam 1.000 alunos – tem escolas que têm 1.500, 1.600 alunos – e representam também quase 2 mil profissionais na área de educação, eu tenho certeza, é muito importante”, disse.

“Hoje, chamamos vocês, nesta reunião, para a gente se colocar, mais do que nunca, à disposição de vocês, mas para dizer também que já tem uma determinação de que a partir de quinta-feira, na primeira hora de aula, vai ter um guarda municipal na porta de cada escola”, afirmou Ney. O delegado seccional de Taboão da Serra e região, Hélio Bressan, avaliou que “deixar alguém na porta da escola […] é uma máxima da segurança”. “Mostra força e não precisa usar”, disse.

“Neste momento, [a nossa missão é] garantir a segurança dos nossos alunos, […] entregar o aluno para o pai no final da aula da mesma forma que recebemos”, disse ainda Ney. Ao discursar, diante de uma câmera, ele puxou o vice-prefeito Hugo Prado (MDB) para ficar ao lado. Ele cogita Hugo à sua sucessão em 2024. Fora o policial, o único que aparece no vídeo de pé, em close, é o chefe-de-gabinete pastor Marco Roberto, que corre por fora pela indicação de ser o candidato.

Um GCM procurou a reportagem, porém, para advertir que a decisão anunciada por Ney não é factível por conta de que a cidade não possui número suficiente de agentes para cobrir o total de colégios das redes municipal e estadual e que a medida fere o protocolo de segurança segundo o qual o guarda deve atuar com outro agente. “Essa convocação do prefeito sobre os GCMs é tudo ‘fake news’. Não tem efetivo e os GCMs não aceitaram trabalhar sozinhos”, disse.

Em um vídeo, o vereador Abidan Henrique (PSB) fez uma conta – em uma lousa escolar – na mesma linha de raciocínio do GCM. “O prefeito está dizendo que vai colocar um GCM na porta de cada escola para combater a violência no ambiente escolar. Mas eu vou provar agora que a conta não fecha”, diz. Ele listou que Embu tem 80 escolas municipais, 44 estaduais e 26 privadas. “Somando tudo, ao todo temos 150 escolas que o município está propondo cuidar”, observa.

Abidan citou que, em contrapartida, “temos 200 guardas na nossa corporação”. “O problema é que 100 guardas trabalham em postos fixos, na Romu [grupo ostensivo] e cuidando da segurança do prefeito: já perde metade a metade do efetivo”, aponta. Ele lembrou ainda que os agentes trabalham em plantão de 12 horas e precisam atuar em duplas. “Ou seja, no final, a gente só vai ter 25 escolas que vão poder ser cuidadas pelos GCMs. Essa conta não fecha”, conclui.

“A proposta que o prefeito está fazendo é impossível. Inviável. É impraticável. A gente não tem GCMs suficientes. Aliás, essa é uma reivindicação histórica da Guarda de Embu, de mais homens e mulheres na corporação”, afirma Abidan. Como “lição de casa que o prefeito não fez”, segundo ele, o vereador recomendou criar uma instrução sobre o que a direção escolar tem que fazer em caso de ataque e “fazer uma formação para a gestão saber gerir o protocolo”.

Abidan sugeriu também que “o prefeito poderia resgatar os vigilantes nas escolas, que era uma carreira pública”. “Ele destruiu, existem pouquíssimos hoje na rede municipal, é a pessoa que vai trazer a sensação de segurança e vai cuidar do patrimônio escolar”, afirma Abidan. Na gestão Ney o guarda patrimonial serviu para disfarçar esquema de “rachadinha” – o ex-vereador Doda Pinheiro (expulso do PT), por exemplo, embolsava quase todo o salário de assessores.

O vereador disse ainda que Ney não apresentou nenhuma medida preventiva à violência nas escolas e propôs a criação de uma equipe muldisciplinar, com psicólogos, terapeutas, assistentes sociais, Conselho Tutelar, para cuidar da saúde mental e combater bullying e discriminação nas escolas, fatores desencadeadores de condutas agressivas nos colégios. “Não é com populismo, conversa fiada que vamos resolver o problema. É com política pública”, afirma Abidan.

comentários

  • Não sei o que é pior, vocês apenas meterem o pau em determinadas ações ou dar crédito para uma pessoa , que eu não consigo nem chamar de vereador chamado ABIDAN. Jornalismo deveria ser imparcial, coisa que vocês não são! ou seja, precisam rever seus conceitos de JORNALISMO.

    • Respeitamos a opinião da senhora. Agora, se gosta de ser enganada com promessas fora da realidade, de fato, não faz parte do grupo seleto de leitores que não gostam de ser tapeados – curiosamente, a senhora só teve olhos para o vereador enquanto não falou nada sobre quem fala com propriedade sobre o assunto, até porque está na rua no dia a dia a serviço da população – um GCM. A senhora precisa rever seus conceitos.

  • Não sei o que é pior, a fala do prefeito ou esse secretário despreparado. Desculpem mas colocar um “empresário” para tomar conta de uma das pastas mais importantes da cidade só poderia dar nisso. Como culpar a GCM se eles tem um leigo no assunto a frente deles.

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