GCMs que atiraram à queima-roupa em acusado de roubo são tirados da rua; governo Aprígio reprova ação

Guarda diz que agentes não precisavam atirar. '[O motociclista] Estava imobilizado. E são dois contra um, né?', aponta; para membro do Executivo, 'faltou profissionalismo'

Especial para o VERBO ONLINE

2 GCMs de Taboão imobilizam motociclista acusado de roubo; um GCM gesticula para a testemunha parar de filmar após o homem ser alvejado duas vezes, no dia 6 | Reprodução

Os dois guardas civis municipais de Taboão da Serra que atiraram duas vezes contra um homem acusado de roubo na última quinta-feira (6), às margens da rodovia Régis Bittencourt, na altura do km 275, foram afastados das ruas, diz a prefeitura. A ação foi gravada por uma pessoa que estava próxima ao local e chama a atenção por conta de que os GCMs, do patrulhamento com motos (Romucam), dispararam à queima-roupa quando o suspeito estava imobilizado.

O vídeo, de 1 minuto e 15 segundos, já mostra a abordagem dos guardas no acostamento da rodovia e um dos GCMs em cima do motociclista, quando atira. O agente cai no chão após o homem se mexer. O outro guarda passa a ficar sobre o homem e, 14 segundos depois do primeiro tiro, faz o segundo disparo. Ele imediatamente se levanta. Ao perceber que está sendo filmado, o GCM que deu o segundo tiro gesticula e fala algo para que a pessoa pare de gravar.

Flagrados, os guardas se falam, tiram o capacete e jogam no chão. Depois, um GCM se ajoelha em frente ao motociclista para impedir a filmagem do homem. Após o GCM ter dado o primeiro tiro, o autor da filmagem se assustou. “Matou o moleque! Matou o menino!”, disse. Diante do outro disparo, ele falou: “Nossa! Ele matou o menino”. Outra pessoa comentou que o tiro teria sido na perna. As testemunhas estavam em um velório no cemitério em frente, o Valle dos Reis.

O homem foi abordado pelos guardas, na Régis (BR-116), por volta de 12h30. O VERBO obteve informação de que antes o motociclista assaltou uma mulher na região central de Taboão e que a vítima anotou “a maior parte” da placa da moto e acionou a Guarda. Apurou também que um dos GCMs que participaram da abordagem “copiou” a comunicação da corporação via rádio, ficou no “aguardo pela BR” e depois avisou que “inicio o acompanhamento” ao suspeito.

À TV Globo, a Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo informou, em nota, que “um homem, de 21 anos, foi preso em flagrante por roubo, às 12h30” de quinta-feira. Relatou que “guardas municipais foram informados que um motociclista teria roubado uma mulher” e que, “após diligências, os GCMs encontraram o suspeito, que não obedeceu ao sinal de parada e, durante o acompanhamento, o veículo dele se chocou com uma das motos dos guardas”.

A secretaria informou ainda que o motociclista “foi ferido e socorrido ao Hospital Geral de Pirajuçara, onde permaceu internado sob escolta”, que “com o criminoso foram recuperados um anel, um colar e a chave de um carro”, que “foi solicitada perícia ao local e o caso foi registrado como roubo, resistência, lesão corporal e legítima defesa no 1º DP de Tabão da Serra”. Acrescentou que “os GCMs intervieram [atiraram] ao ver que o homem sacava uma arma da cintura”.

Também em nota à emissora, a prefeitura relatou que “populares presenciaram um roubo na avenida Armando Andrade, no Parque Santos Dumont, realizado por um indivíduo de moto”, que “uma testemunha avistou uma equipe” da Romucam “que patrulhava pela região e informou características do veículo, como sendo uma moto azul”, e contou ainda que “o indivíduo, após patricar o roubo, seguiu para a rodovia Régis Bittencourt (BR-116), sentido Embu das Artes”.

A prefeitura disse também que “a equipe repassou as informações por rádio”, e os GCMs conseguiram “identificar o veículo na rodovia e fizeram o acompanhamento”. “Na ação, o indivíduo caiu da moto, sacou uma arma e foi alvejado pela GCM”, alegou. Acrescentou que “com o homem foram encontrados uma arma de fogo, duas alianças, um corrente e um celular”, e “que ao realizar consulta do chassi da moto, foi constatado que a placa pertence a outro veículo”.

A administração divulgou um vídeo em que um motociclista assalta uma mulher no estacionamento de um estabalecimento no Centro e disse que o criminoso que aparece nas imagens é o homem baleado pelos GCMs. O governo Aprígio (Podemos) declarou que vai apurar a conduta dos dois GCMs do caso e que os agentes foram afastados do trabalho nas ruas e colocados em serviços administrativos. A Secretaria Municipal de Segurança está sem secretário há seis meses.

Este portal recebeu denúncias que citam os GCMs. “Ao parar o suposto homem que cometeu o crime, os GCMs Felipe e Jorge, já conhecidos por serem chamados de ‘Quadrilha’ e com enúmeras [sic] atuações duvidosas sendo todas impunes, mais uma vez cometem mais um de tantos crimes. Tiros à queima-roupa em um homem já rendido. Vejam o vídeo. Isso não pode ficar assim, denunciem pelo amor de Deus. Já chega de tanta impunidade”, diz um relato.

Um GCM procurou o VERBO e condenou a abordagem. “Você imobiliza a pessoa, não precisa atirar. E são dois contra um, né? Um rapaz de moto se aproxima, eles mandam sair fora, no começo do vídeo. Quando viram que alguém filmava, já entram em choque, fizeram assim [gesticularam] para o cara parar. Na hora do disparo, já guarda a arma na cinta”, disse. “Agora, o ‘mala’ [ladrão] vai ser a vítima da sociedade. Falta de comando. Falta de secretário na pasta”, lamentou.

Um membro do Executivo municipal também falou com a reportagem e ponderou que a filmagem não mostra a dinâmica do fato, mas apontou que os GCMs foram amadores. “O vídeo não está nítido, mas faltou profissionalismo. Primeiro, não deveriam, segundo eles, ter entrado em luta corporal. Agora, terão que provar que foi legítima defesa”, disse. Ele foi enfático ao ser indagado sobre os disparos à queima-roupa. “Então, por isso não teve profissionalismo”, afirmou.

OUTRO LADO
O VERBO contatou o Governo de São Paulo sobre a situação criminal e o estado de saúde do motociclista baleado pelos guardas e atualizará a reportagem logo que a resposta for encaminhada. Questionado sobre a abordagem dos guardas, o governo Aprígio não quis se manifestar. Procurado, o GCM Felipe se pronunciou sobre a denúncia. “Conhecido como ‘quadrilha’? Estava trabalhando. E o rapaz efetuou roubos armado! Como diz o boletim de ocorrência”, afirmou.

“Quais crimes eu cometi? Estava no estrito cumprimento do dever. Chega a ser covardia o que estão fazendo. Não roubei, não fui eu que apontei arma no rosto de uma idosa, como está relatado por ela mesma no boletim de ocorrência”, declarou o GCM Felipe. Este portal não conseguiu falar com o GCM Jorge, que tem espaço aberto para se pronunciar. Segundo GCMs ouvidos pela reportagem, eles atuavam como seguranças do então secretário Rodrigo Falcão (Segurança).

VEJA VÍDEO EM QUE 2 GCMs DE TABOÃO DA SERRA ATIRAM DUAS VEZES À QUEIMA-ROUPA CONTRA ACUSADO DE ROUBO

Vídeo – Redes sociais/Divulgação

comentários

  • Esse pronunciamento é do frustrado do Tenente Dacal, não fez nada na PM e quer interferir na Guarda. Vamos procurar sobre o trabalho do filho dele na instituição, sobre o Assédio de uma moça na Viatura durante o plantão noturno, ou quando ele dormiu no volante embriagado e derrubou uma placa em frente ao shopping.

    GCM Dacal bate o ponto e volta pra casa ficar escrevendo na sua Página do Intagram Notícia.24h. recebendo um salário de 5 mil enquanto outros da sua turma ganham 2500 pra se arriscar nas ruas.

  • Sou guarda civil municipal de Taboão da Serra, sinto confortável para destacar a postura dos meus colegas GCMs, destaco a falta de corporativismo, daí me dirijo a vc GCM; você não “vê” engenheiro criticando engenheiro, médico criticando médico, advogado criticando advogado, policial civil criticando policial civil…
    Aprendi que roupa suja se lava em casa, trabalhamos em uma instituição e que obviamente séria utopia todos serem amigos incondicionais, mas se dirigir à um veículo de comunicação e chamar um GCM farda azul de “Quadrilha”(sic)…Por mais que esse GCM tenha feito algo que tenha nos deixado irritado, não é de bom tom essas expressões, haja vista, paisanos vão ter acesso e qual a ideia que vão ter da instituição?
    Agora me refiro a ocorrência em si, a sociedade precisa se posicionar ou apoiamos os policiais ou ficamos ao lado do “menino”, assim é como o cara que gravou o vídeo se referiu, cabe lembrar que são esses “meninos” que tiram vida de pais de família, são esses “meninos” que assassinaram uma dentista em seu consultório queimada em um sofá amarrada, são esses”meninos” que tiram vida de gestantes fazendo com que bebês já nasçam órfã, são esses “meninos” que tiram vida de professores, são esses “meninos” que invadem escola infantil pra ceifar vida de crianças, são esses tipos”meninos”que arrastaram o bebê João Hélio no RJ por 8 Km…
    Então precisamos nos posicionar com os policiais, aí eu incluo a GCM, muitas vezes e discutida a natureza jurídica do órgão, então agimos em colaboração com a sociedade, haja vista, esse não é nosso dever constitucional ficar perseguindo e abordando bandidos, fazemos porque entendemos que temos instrumentos e ferramentas para isso.
    Somos usados como policiais quando é conveniente, quando não somo jogados na vala do parágrafo 8 do ART 144, ou seja somos o filho bastardo da segurança pública.
    Por fim a ação dos GCMs na abordagem e disparo no indivíduo, indivíduo este ao que tudo indica era um criminoso contumaz, vai para inquérito policial, aliás são esses capaz de legítima ou ilegitimar a conduta dos tais, não cabe a mim acusá-los tampouco inocentá-los

    • Sr. Wilson, para deixar claro sobre o que diz no segundo parágrafo, sobre a menção de “quadrilha”: a reportagem não diz que o denunciante é GCM. Para não restar nenhuma dúvida: o texto jornalístico traz três depoimentos: do denunciante (ao qual acabei de me referir); de – aí sim – um GCM; e, por fim, de um integrante do governo municipal. Esse registro é necessário. Também, creio ser preciso fazer uma ponderação: o autor do vídeo não sabia que o motociclista era acusado de roubo ou assaltante de fato – apesar da abordagem dos GCMs, a pessoa não sabia do que se tratava, não sabia que o homem tinha. Quanto ao comentário, respeitamos a opinião do leitor, e agradecemos pela contribuição. – Da Redação

    • Prezado,

      É importante ressaltar que o corporativismo pode ser considerado um fenômeno relativo. Afirmar categoricamente que engenheiros jamais criticam os erros de seus colegas em projetos que resultam em desabamentos é, sem dúvida, uma generalização indevida.

      Quanto à expressão “roupa suja se lava em casa”, entendo seu ponto de vista, mas neste caso específico, referindo-se à GCM de Taboão, acredito que as “roupas sujas” estão sendo escondidas e não tratadas adequadamente.

      Em relação ao termo “quadrilha”, concordo que pode ser impreciso, já que se refere a um grupo de quatro pessoas, enquanto estamos falando de uma dupla. Contudo, o uso desta palavra pode, de fato, causar maior impacto e chamar a atenção para a situação. É relevante mencionar que muitos cidadãos podem não ter conhecimento das ações duvidosas desses indivíduos.

      A questão do apoio da população aos GCMs ou aos criminosos é, de fato, complexa. O cerne da questão é garantir o cumprimento da lei. Os criminosos, por definição, não respeitam as leis, enquanto os funcionários públicos têm essa obrigação. Embora criminosos possam cometer atos violentos e destrutivos, isso não justifica que os GCMs ajam de maneira similar. Se um criminoso comete um crime, a lei não autoriza a sua execução por parte dos agentes da segurança pública.

      Quando os GCMs se consideram acima da lei ou acreditam ter o direito de agir conforme seus desejos pessoais, a situação se torna perigosa para a sociedade. Hoje, um criminoso pode ser alvo, amanhã, um cidadão comum, e depois, talvez, a violência se torne um “esporte”. O objetivo não é proteger os criminosos, mas sim resguardar a sociedade dos GCMs que extrapolam suas funções e agem como justiceiros.

      Para o cidadão comum e até mesmo para os mais esclarecidos, independentemente do inquérito, fica evidente que houve um homicídio. Contudo, cabe ao judiciário e aos jurados, mesmo que leigos em Direito, analisar e julgar o caso com base na legislação vigente.

  • Tudo q foi relatado aqui está sendo usado como política por um GCM q nunca trabalhou na corporação, por não saber trabalhar e ter medo de trabalhar nas ruas, para tentar nomear seu pai como secretário de segurança… Lamentável hein FAMÍLIA DACAL (Pai e filho)

  • As pessoas por má influência da Imprensa condenam e acabam com a vida e a reputação de outras pessoas sem levar em conta os Princípios da Presunção de Inocência; do Contraditório; da Ampla Defesa e em sua grande maioria desconhecem o Instituto da Legítima Defesa, não sabem oque é Trânsito em Julgado e pior, com seus comentários muitas vezes comentem crimes de Injúria, Calúnia ,Difamação.Liberdade de Imprensa, bem como de opinião não podem ser confundido com liberdade para cometer crimes.”Quem te constituiu Juíz do teu irmão”Tiago4-12
    João Henrique de Oliveira
    Bacharel em Direito
    Especialista em Processo Penal

    • O senhor deveria ser mais sensato nas suas opiniões, até por ser um bacharel de advogado – ou até não. No caso,
      não há “má influência da imprensa”, o VERBO noticiou o fato como se deu e com as decorrentes consequências, também
      com opinião de pessoas relacionadas ao ocorrido e ainda com posicionamento do “outro lado” – quem, sendo profissional,
      quis se manifestar teve a palavra publicada. Portanto, este portal não usa a liberdade de imprensa para cometer crimes,
      não foge da notícia, ao contrário, aborda-a com serenidade, verdade e transparência, mesmo que desagrade os protagonistas
      e seus defensores.

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