Paixão de Taboão volta a ser encenada nesta 6ª-feira; ‘Cristo’ pela 1ª vez tem história de superação

Aguardada com ansiedade após realizada pela última vez em 2019 por conta da pandemia, encenação terá o ator Aparecido Júnior como Jesus; cenário será produzido em telão de led

Especial para o VERBO ONLINE

O ator Aparecido Júnior (Cristo) em ensaio da 64ª Paixão de Taboão, no estacionamento do Parque das Hortênsias, local da encenação, nesta sexta-feira, a partir das 19h | Ju Dias

A Paixão de Cristo de Taboão da Serra, na 64ª edição, acontece nesta Sexta-feira Santa (7) a partir das 19h, no estacionamento do Parque das Hortênsias (Centro). A tradicional e grandiosa encenação não é realizada há três anos por conta da pandemia da covid-19. A dramatização dos últimos momentos da vida pública de Jesus reunirá cerca de 80 atores e atrizes e tem previsão de duração de duas horas. A direção-geral é de Washington Gabriel – que foi o Cristo em 2017.

O assistente de direção é Joselito Gaza, que ficou conhecido na Paixão por interpretar Judas Iscariotes, por sete anos, e foi Jesus na última edição, em 2019. Uma das novidades neste ano é o texto, a cargo de Diego Avelino, também diretor de encenação. “O texto foi totalmente reformulado. Destaco Maria, a mãe de Jesus, como narradora dos fatos, das passagens da vida de Cristo, do começo ao fim”, disse Joselito ao VERBO. Maria será interpretada pela atriz Martinha Soares.

Outra atração é tecnológica – que já estava programada para 2020, mas a Paixão não pôde ser realizada. “Na parte técnica, uma grande novidade é o cenário reproduzido em um telão de led. Deixamos de lado aquele cenário nosso de todo ano, com lonas, todo pintado. Neste ano vai ser o telão central no palco, com imagens reproduzidas, fazendo o cenário do espetáculo”, disse Joselito. A encenação será ao vivo – o elenco usará microfones para fazer as falas em tempo real.

A principal novidade, porém, diz respeito ao próprio protagonista. O ator Aparecido Júnior, na Paixão em Taboão desde 2011, vai viver Cristo pela primeira vez. Ele estava escalado para interpretar a figura central em 2020. “Quero ver muito o Aparecido, que este ano faz o Cristo, subir ao palco com o personagem. Ele já teve o papel nas mãos, mas foi frustrado, o trabalho não se concluiu. Mas agora eu falei para os colegas: ‘Este ano é do Aparecido!’. Tem que ser ele”, contou Joselito.

“É o sonho dele. Ele é merecedor deste papel. Pela história de vida, uma história de superação, além de ser uma pessoa de muita fé – vou deixar para ele mesmo relatar. Ele está muito grato por levar esse trabalho adiante, está se empenhando, se esforçando bastante, para mostrar um bonito trabalho. A gente está trabalhando para isso”, ressaltou Joselito. O VERBO falou com Aparecido. Ele se “desequilibrou” após frustrações, a principal não conseguir ter carreira no futebol.

“Quando vi que não ia ser jogador, enveredei para as drogas, para a bebida, fiquei nesse caminho mais de 13 anos. Do hábito foi para o vício e depois para a dependência. Quando vi, já estava há mais de sete anos usando crack, mais de 12 usando cocaína, era alcoólatra 13 anos para lá. Já não parava em emprego nenhum. Já mendigava. Não cuidava mais dos meus filhos – nunca agredi minha esposa e meus filhos, mas não era um pai presente mais”, contou Aparecido.

Após auxílio da empresa em que trabalhava, adventista, Aparecido foi se tratar em uma comunidade terapêutica católica em Presidente Prudente (SP) onde ficou por nove meses. Com a ajuda da família, ele se recuperou e se mantém livre das drogas graças à Pastoral da Sobriedade, grupo da Igreja de apoio a dependentes químicos. “Acredito muito que tem as mãos de Jesus na minha recuperação. E hoje realizo um sonho [viver Cristo], eu era um morto vivo”, disse.

A este portal, Aparecido citou vários diretores e atores da história da Paixão de Cristo, como gratidão. Ele não deixou de reverenciar o idealizador do espetáculo, em 1956. “Quero agradecer a Manoel da Nova”, disse. “Sou muito grato a cada um. Nada mais justo eu poder recompensar [no papel de Cristo] de maneira artística, e mostrar que é possível uma pessoa que teve problemas com drogas e atrapalhou a vida de muita gente levar uma mensagem positiva”, afirmou.

A Paixão de Cristo de Taboão tem a marca da emoção. “O público pode esperar mais uma encenação com muito empenho, muito amor por parte do elenco. Sempre há muita entrega, no intuito de melhorar a cada ano, de fazer um espetáculo mais bonito visualmente, de levar a mensagem de Cristo. E o público é muito atento. Percebo que o povo quer, está ali para se emocionar. Viva a Paixão de Cristo de Taboão! Que possa continuar viva no calendário da cidade!”, declarou Joselito.

SERVIÇO
64ª Paixão de Cristo de Taboão da Serra
Na Sexta-feira Santa, 7 de abril (gratuita)
No estacionamento do Parque das Hortênsias (praça Miguel Ortega, 500, Parque Assunção/Centro)
A partir das 17h (louvor); encenação, às 19h
DIREÇÃO DA ENCENAÇÃO
Washington Gabriel – diretor-geral
Diego Avelino – Adaptação de texto e diretor de encenação
Joselito Gaza – assistente de direção

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